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Mais da metade dos estudantes não tem noções básicas de matemática, aponta estudo
Isso significa que a maior parte dos estudantes do Brasil do 4º ano do ensino fundamental não foi capaz de resolver questões de soma de números
Com informações da Agência Brasil
Mais da metade dos estudantes brasileiros do ensino fundamental não domina conhecimentos básicos de matemática. De acordo com os resultados do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss), divulgado na última quarta-feira (4), esses estudantes estão aquém do nível considerado baixo.
Isso significa, por exemplo, que a maior parte dos estudantes do Brasil do 4º ano do ensino fundamental não foi capaz de resolver questões de soma em matemática ou, em ciências, identificar que plantas precisam de luz para sobreviver.
Esta é a primeira vez que o Brasil participa do estudo. O país aderiu ao Timss em 2022 e a primeira aplicação foi realizada em agosto e setembro de 2023. Ao todo, participaram 72 países.
Para o ex-secretário de educação de Pernambuco, Mozart Neves Ramos, o resultado da pesquisa é preocupante para o futuro da educação brasileira. "A gente está formando uma geração de analfabetos matemáticos na escola, que estão na escola e não estão sendo alfabetizados adequadamente", disse. A declaração foi dada durante entrevista no programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal.
"Se realmente a gente não tiver nem professores em quantidade e qualidade, a gente não resolve essa equação", completou Mozart.
Sobre o estudo
O Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências avalia o desempenho de estudantes do 4º e 8º anos do ensino fundamental em ciências e matemática e é aplicado a cada quatro anos em todo o mundo.
As provas são eletrônicas e com tempo determinado: os participantes do 4º ano tiveram duas sessões de 36 minutos para resolver as questões e os do 8º ano, duas sessões de 45 minutos.
Pontuações
As pontuações são divididas em quatro níveis: baixo (a partir de 400 pontos), intermediário (475), alto (550) e avançado (625). No 4º ano, o Brasil obteve uma média de 400 pontos em matemática e 425 pontos em ciências. A média internacional foi, respetivamente, 503 e 494 pontos.
Já no 8º ano, o Brasil obteve média de 378 em matemática e 420 pontos em ciências. A média internacional foi de 478 pontos em ambas as avaliações.
As pontuações colocam o Brasil no nível baixo ou até aquém do baixo. No 4º ano, pelos critérios do exame, os alunos demonstram uma compreensão básica de matemática: conseguem adicionar e subtrair números inteiros com até três dígitos, multiplicar e dividir números inteiros de um dígito e resolver problemas com palavras simples.
Em ciências, os estudantes do mesmo ano demonstram conhecimento básico sobre plantas, animais e meio ambiente. Apresentam, ainda, algum repertório sobre as caraterísticas da Terra, suas mudanças ao longo do tempo e seu clima.
Forma de ensino
Para Mozart, os professores ainda atuam de maneira conteudista e não inovam na metodologia de ensino. "A gente ainda está olhando muito para o retrovisor e esquece de preparar o aluno para o futuro", afirmou.
"O professor precisa se reinventar, ter a capacidade de criar coisas novas, problemas novas que não sejam, simplesmente, baseado no conteudismo. Hoje, as mudanças são exponenciais, a gente está vivendo um cenário disruptivo", frisou Neves.
Comparações
Em relação aos demais países participantes, o Brasil ficou próximo da base dos rankings. Entre os estudantes do 4º ano, dos 58 países participantes, o Brasil ficou na 51ª posição em ciências e em 55º em matemática. No 8º ano, dos 42 países participantes, o Brasil ficou em 33º em ciências e em 41º em matemática.
O país ficou atrás de países como Chile, Espanha, Portugal, Canadá, Coreia e Finlândia, e à frente do Marrocos, em todos os rankings.
O Timss é organizado pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA) e avalia o desempenho dos estudantes desde 1995.
No Brasil participaram 44.900 estudantes, sendo 22.130 matriculados no 4º do ensino fundamental de 796 escolas públicas e privadas e 22.770 do 8º ano de 849 instituições de ensino. Também responderam aos questionários 904 professores de matemática e 916 de ciências.