A importância da autonomia no desenvolvimento infantil

Saiba como estimular a autonomia das crianças, incentivando escolhas e limites, em um equilíbrio entre liberdade e responsabilidade

Publicado em 17/12/2024 às 15:10
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A autonomia é um pilar fundamental para o desenvolvimento integral da criança, permitindo que ela se torne um indivíduo confiante, capaz de tomar decisões e enfrentar os desafios da vida.

Essa habilidade não apenas impacta a autoestima da criança, mas também influencia diretamente seu desempenho escolar e suas relações sociais. No entanto, é um dos principais desafios enfrentados por pais e educadores.

De acordo com Juliana Siqueira, coordenadora e orientadora pedagógica do Colégio Saber Viver, esse processo envolve permitir que as crianças façam o que são capazes de realizar sozinhas, com o devido apoio dos adultos.

Mas afinal, como promover a autonomia infantil de forma equilibrada, considerando as diferentes fases do desenvolvimento e as demandas da sociedade contemporânea?

Autonomia na prática

"Na prática, estimular a autonomia em uma criança é possibilitar que ela realize tudo aquilo que pode fazer sozinha. Os adultos vão dar exemplos, orientar, mas aquilo que a criança consegue fazer sozinha, a ideia é que ela se lance a fazê-lo", explica Juliana.

Ela dá como exemplo o ato de amarrar o sapato: “Às vezes, passamos anos fazendo isso pelas crianças e não paramos para pensar que podemos ensinar. Por volta dos cinco anos, elas já têm motricidade fina suficiente para amarrar os cadarços. Ensinar essa habilidade e acompanhar o processo é uma maneira de ajudá-las a perceber que conseguem fazer sozinhas.”

Além de cultivar a confiança e a capacidade de tomar decisões, a autonomia estimula o desenvolvimento cognitivo da criança, permitindo que ela pense de forma crítica, resolva problemas e seja mais criativa.

Equilíbrio entre liberdade e limites

Um dos maiores desafios para os adultos é encontrar o equilíbrio entre dar liberdade e estabelecer limites. Juliana explica que, embora seja essencial permitir que a criança faça escolhas, isso deve ser feito de acordo com a faixa etária.

“Por exemplo, deixar a criança escolher sua roupa é excelente, mas ela não tem o senso crítico social para entender o que é apropriado para um casamento, por exemplo. Nesse caso, ofereça opções limitadas, como dois vestidos adequados. Assim, ela pode fazer escolhas dentro de um contexto seguro", afirma.

A rotina também desempenha um papel crucial neste equilíbrio, pois permite à criança prever o que vem depois, diminuindo a ansiedade e ajudando-a a se regular emocionalmente.

Além disso, a cultura familiar influencia diretamente o desenvolvimento da autonomia, incentivando a criança a expressar suas opiniões e a tomar decisões desde cedo.

Desafios no estímulo à autonomia 

Na tentativa de promover a autonomia, muitos adultos acabam errando ao oferecer liberdades que as crianças não estão prontas para lidar.

“Às vezes, damos uma liberdade que a criança não consegue usufruir, como deixá-la decidir se quer ou não ir à escola. Não podemos abrir mão de regras sociais, mas é possível torná-las mais confortáveis, oferecendo suporte e acolhimento, como permitir que leve um objeto de transição para a escola,” orienta Juliana Siqueira.

Ademais, a era digital trouxe novos desafios para o desenvolvimento da autonomia infantil. O excesso de telas e a busca constante por aprovação nas redes sociais podem gerar ansiedade e dificultar a concentração, prejudicando o desenvolvimento da autonomia.

As comparações constantes com os colegas nas mídias sociais podem levar a sentimentos de inferioridade e insegurança, influenciando negativamente a autoestima da criança.

Dicas para pais e educadores

Para os pais e educadores que encontram dificuldades em permitir que as crianças tomem decisões por conta própria, Juliana sugere começar aos poucos.

“Ofereça escolhas limitadas e apropriadas à idade da criança. Ensine, acompanhe e celebre cada pequena conquista. Dessa forma, a criança desenvolverá confiança e se sentirá motivada a aprender mais.”

Além disso, é fundamental também oferecer espaço para que elas façam escolhas que envolvem habilidades sociais, como convidar um amigo para brincar ou escolher com quem dividir o lanche na escola. 

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