Preocupados com imagem, bancos privados resolvem atuar por Amazônia mais protegida

População não atribui à iniciativa privada a responsabilidade pela preservação da Amazônia,
Fernando Castilho
Publicado em 27/08/2020 às 22:40
reserva, criada em 1970, está localizada no nordeste do Equador e se estende pelas províncias andinas de Pichincha (cuja capital é Quito) e Imbabura. Foto: ASCOM/IDEFLOR-BIO


Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios

Os três maiores bancos brasileiros decidiram atuar em defesa da questão da Amazônia. Bradesco, Itaú Unibanco e Santander criam conselho consultivo da Amazônia. Segundo um comunicado três instituições financeiras já formaram um grupo de trabalho, que tem se reunido regularmente com o objetivo de propor iniciativas e ações concretas para a região.

O grupo de especialistas do Conselho Consultivo Amazônia se reunirá a cada três meses com o objetivo de trazer reflexões sobre as dinâmicas da região e desafiar os bancos quanto à efetividade do impacto das ações propostas.

A iniciativa tem significado porque junta numa ação estratégica internacional  presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, Sérgio Rial, do Santander Brasil e Cândido Bracher do Itaú Unibanco, Esse três personagens não se expoem por coisas pequenas. O fato desse conselho é porque o bicho está pegando.

Tanto que eles chamaram para o conselho Adalberto Luís Val, biólogo e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA); Adalberto Veríssimo, pesquisador associado e cofundador do Imazon além do professor Carlos Nobre, cientista destacado principalmente na área dos estudos sobre Mudanças Climáticas e Amazônia e atual responsável pelo projeto Amazônia 4.0.

O motivo dessa iniciativa não trata apenas dos desafios ambientais, mas também sociais e econômicos", como afirmou, em nota, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior. 

Não tem mesmo. Os banqueiros sabem que para a sociedade as empesas privadas estão fora desse debates como agentes capazes de atuar mais que o Governo Boisonaro com sua visão antiga tem atuado.


 

A preocupação dos bancos não acontece por acaso. Um levantamento Observatório Febraban – pesquisa Febraban-Ipespe, feita entre os dias 11 e 19 de agosto com 1,2 mil entrevistados de todas as regiões do país revela que os brasileiros dão muita importância à preservação do meio ambiente: 74% dos entrevistados afirmam ter muito ou algum interesse por ecologia e meio ambiente.

E a maior parte deles expressa a insatisfação com os esforços de preservação do meio ambiente no país: 78% se dizem pouco ou nada satisfeitos.

Ao abordar a questão sobre a responsabilidade sobre "Quem melhor preserva a floresta" a pesquisa revelou que as Lideranças Indígenas, com 73% de aprovação, e o Exército brasileiro, com 69% lideram a avaliação Seguem-se em terceiro lugar as Igrejas, com 62%.

A aprovação ao desempenho do Governo Federal é de 50%, superior à aprovação do Judiciário (47%) e, principalmente, dos governos estaduais (44%).

Mas uma coisa parece ter preocupados os bancos nessa questão. A atribuição de responsabilidade quase nada recai sobre as empresas privadas e empresários (1%).

E se a população não atribui à iniciativa privada a responsabilidade pela preservação da Amazônia, tampouco avalia que as empresas vêm se portando de maneira adequada nesse quesito.

Isso parece ter incomodado os bancos que tomaram a iniciativa de atuar publicamente sobre o tema. Porque metade (51%) dos pesquisados desaprova a atuação das empresas privadas no cuidado com a região. E porque esse é o mais elevado índice de desaprovação dentre os agentes avaliados. 

A necessidade de atuar parece que ficou mais evidente quando se observa que o do papel do agronegócio na questão é equilibrada, com placar de 48% (aprovação) versus 41% (desaprovação).

Ou seja o Agronegócios que está num centro de debate tem mais aprovação na questão da responsabilidade a que as empresas privadas. E essa questão fica mais grave quando se sabe que  os jovens são os que mais atribuem responsabilidade à sociedade.


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