Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios
O que para a maioria das pessoas é um amontoado de barracas desorganizadas, sem disciplina comercial, inexistência de foco no cliente e que apenas supri uma necessidade de um banhista que deseja uma cerveja gelada na beira-mar de Boa Viagem é, na verdade, um negócio muito bem estruturado com suporte de uma forte cadeia produtiva que começa a funcionar às cinco da manhã e termina às cinco da tarde.
O problema é que ele funciona sem um acompanhamento mais profissional da Prefeitura do Recife, que se limita a enviar nos fins de semana uma equipe de fiscais sem se preocupar em acompanhar com rigor a qualidade do serviço prestado ao seu principal cartão postal.
Na verdade, a Prefeitura parece não saber como atuar na orla de Boa Viagem. E isso ficou claro em relação ao quiosques e, esta semana, em relação aos barraqueiros.
Por uma desses coisas que ninguém consegue explicar a Prefeitura do Recife nunca conseguiu liderar um processo de disciplinamento do comércio da orla e não levou paro o grupo buscar parcerias como o Sebrae para ajudar na gestão.
Sem a presença do poder público o grupo foi cuidar de sua vida. Cada um como pode e com as condições que conseguiu resultando no quadro que voltou a funcionar nesta segunda-feira na orla.
Para quem nunca prestou atenção o negócio de bebida e comida na orla funciona assim: existem os que tem seu negócio completo (cadeira, guarda-sol, geladeiras suporte de bebidas e gelo e patrocínio do vestuário e utensílios.
Um segundo grupo tem parte dos equipamentos, mas depende do suporte de bebidas comprados em consignação e pago no final do domingo. E um terceiro que loca ou é subcontratado de terceiros que entregam o equipamento e suprimentos e participam dos lucros.
Na cadeia produtiva temos os fornecedores de bebidas, de gelo, de suprimentos como guardanapos e tolhas de papel, copos de talheres de plásticos e os prestadores de serviço como o cara que entrega comida pronta, o cara vende limão e o que vende abacaxi e o pessoal que faz o chamariz dos possíveis clientes. Ah tem o sujeito vão do sujeito que conserta da cadeiras.
O problema é que sem um maior disciplina além da delimitação feita pela Prefeitura dos espaços, cada um foi buscar um jeito de reduzir custos com algum tipo de patrocínio ou recebimento de equipamentos com marcas de empresas. Até hoje a prefeitura não conseguiu que as indústrias de bebidas participassem mais do negócio. Ou que outras empresas pudessem colocar suas marcas mediante parcerias.
Explicações não faltam, mas é curioso como Boa Viagem não seja bancada com uma infraestrutura privada na faixa de areia que ajudasse a dar um organização mais visível.
A pandemia deu oportunidade de ouro para que ela cuidasse disso, mas o município perdeu o período em que a faixa ficou sem ocupação para organizar a conversa.
A bem da verdade a prefeitura não cuidou disso e ate mesmo a reabertura foi feita sob pressão seja dos quiosques seja das barracas da faixa de areia.
Assim, mesmo com o discurso de fiscalização das normas da covid-19 que devem acontecer ao longo da semana o modelo é o mesmo. Volta tão descuidado ou desorganizado como era antes.
Em seis meses a prefeitura poderia ser preparado, definido parcerias mais firmes e buscado oportunidade até ali é um dos melhores espaços publicitários do Nordeste. Não fez.
Mas como esperar algo mais profissional e disciplinador de uma administração que há seis anos não conseguiu definir um parceiros para restaurar 60 quiosques na Avenida Boa Viagem? Cuidar dos 2 mil barraqueiros, nem pensar.