Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios.
O presidente usou uma live com uma youtuber de 10 anos, na última quinta-feira (10), para dizer que não interferirá no mercado, pois o que tem que valer é a lei da oferta e da procura. E transferiu a ideia de "investigar e perguntar aos supermercados por que o preço subiu" para o Ministro da Justiça, André Mendonça.
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Bolsonaro faz bem em não "interferir" no mercado. Antes dele, ou melhor, antes do Plano Real, todos os presidentes - começando por José Sarney - interferiram e prejudicaram os consumidores. Mas o fato de o ministro da Justiça "botar" a Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor no circuito é um sinal ruim.
Porque esse é assunto dos ministérios da Economia e Agricultura que, aliás, anunciaram a autorização para importação de 400 mil toneladas de arroz para reduzir a pressão dos preços.
A youtuber Esther Castilho ainda não era nascida quando o Brasil, com o Real, acabou com a inflação. Ela, certamente, nunca ouviu falar da ideia de que controle de preços causou desabastecimento. E nem de inflação descontrolada que fazia ministros da Fazenda sucumbirem a ilusão de controlar o mercado.
Isso é história. Mas é bom que o ministro da Justiça não "dê" ideias. Se houver a importação, talvez, o preço final, mesmo sem taxas, não seja muito diferente do nacional. Até porque ele só chegará no final de outubro e não reduzirá o preço amanhã.
Se algum importador brasileiro decidir comprar arroz tailandês é bom saber que, em Bancoc, preço da tonelada está fixado pelo governo em US$ 484 a tonelada. No Brasil, o preço em dólar da tonelada com base na cotação do dólar de ontem (5,33) foi de US$ 396. Sem o custo de transporte.
Então, hoje, não compensa importar. Tem mais: o governo Tailandês fixou em 400 mil toneladas/mês o volume máximo de exportação de arroz. Depois da Índia e Vietnã, a Tailândia é o terceiro mais exportador de arroz.
China e Índia praticamente não exportam arroz, considerado o de melhor qualidade. A China, como o Brasil, produz o que consome, embora o Brasil exporte 1 milhão de toneladas.
O Departamento de Agricultura dos EUA estimou a produção mundial de arroz beneficiado em 502,63 milhões de toneladas para 2020/21. O fato novo é um consumo maior durante a covid-19.
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