Medo da covid-19 faz um milhão de pessoas voltarem a planos de saúde
O crescimento coincide com o recrudescimento dos casos de internação na rede privada.
Nos últimos 12 meses, exatamente quando a pandemia da covid-19 se estabeleceu no Brasil, ao menos 1 milhão de pessoas voltaram a contratar planos de saúde suplementar indicando um medo de precisarem ser atendidos na rede pública e n'ao encontrarem tratamento adequado.
Os dados são do último Boletim do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar revelando que em apenas oito meses o número de contratações voltou a marca de 47 milhões de vidas abrigadas no sistema que engloba as modalidades de autogestão, cooperativas medicas, filantropia, medicina de grupo e seguro saúde.
Na avaliação trimestral, entre novembro de 2020 e fevereiro desse ano, o crescimento foi de mais de 310 mil novos beneficiários de planos médico-hospitalares significou um avanço de 0,7% no total.
O crescimento coincide com o recrudescimento dos casos de internação onde segundo as secretarias de saúde também forma observados uma maior ocupação dos hospitais particulares.
MEDO DE COVID-19 NA SUS
O Boletim do IESS mostra que mesmo com a queda no primeiro semestre de 2020, as famílias e as empresas brasileiras permanecem com seus planos de saúde.
Do total de beneficiários da saúde suplementar, 38,6 milhões, ou 80,9%, são de planos coletivos. Em doze meses, houve aumento de 2,0% entre os coletivos empresariais, 1,6% no tipo adesão e 0,2% entre os individuais.
O maior percentual de crescimento aconteceu na faixa etária de 59 anos ou mais, com avanço de 2,8% em um ano. O que representa aproximadamente 200 mil novos brasileiros idosos com planos de saúde. Esse crescimento coincide com o aumento no número de mortes de pessoas idosas embora nos últimos quatro meses o perfil dos infectados tenha mudado radicalmente.
O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) é uma entidade sem fins lucrativos com o objetivo de promover e realizar estudos sobre saúde suplementar baseados em aspectos conceituais e técnicos bancado pelas empresas de planos de saúde.
Apesar do crescimento de 1 milhão de contratações em 12 meses o setor ainda a não se recuperou da perda de beneficiários. Em 2014 o setor chegou a 50 milhões de vidas atendidas.
Segundo os últimos números levantados pelo IESS em fevereiro de 2021, 38,6 milhões (80,9%) de beneficiários de planos médico-hospitalares possuíam um plano coletivo. Desses, 83,7% eram do tipo coletivo empresarial e 16,3% do tipo coletivo por adesão.
DISPUTA DE MERCADO
Os números do setor indicam para uma disputa cada vez mais feroz entre as cooperativas medicas, a Unimeds, que hoje tem 17,42 milhões de pessoas e as empresas de planos de saúde que atendem 19,01 milhões de usuários.
Mas o mercado está na modalidade empresarial que banca a maior parte da conta de 32,41 milhões de trabalhadores. Na pandemia hoje ainda um crescimento de planos individuais que hoje atende 9 milhões de pessoas embora este serviço seja cada vez menos atendido pelas empresas que preferem atuar no segmento empresarial que n'ao tem os reajustes regulados pela ANS.
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O superintendente executivo o IESS, José Cechin, "O que mostra que há um esforço das pessoas para não perder o plano de saúde nesse momento", reflete. "O forte crescimento nos últimos meses, em especial no segundo semestre de 2020, mostra a retomada da confiança de que o setor continuará proporcionando mais acesso aos brasileiros, a despeito da crise econômica e o aumento do desemprego".
Para Cechin, o setor terá o enorme desafio de lidar com o recente avanço da pandemia de covid-19 no país e a demanda reprimida de procedimentos eletivos.
"As operadoras têm flexibilizado sua oferta de produtos visando atrair novos beneficiários, como a venda de planos PME e outras modalidades. Conseguindo lidar adequadamente com o cenário atual de avanço dos casos de coronavírus, o setor poderá ultrapassar a marca dos 48,5 milhões até o fim do ano", projeta.
AUMENTOS E REAJUSTES
Os planos de saúde sofreram reajustes retroativos, elevando em muito o valor das mensalidades. A alta nos preços, considerando apenas os dados oficiais, chega a quase 50%, conforme aponta um levantamento divulgado nesta quarta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.
Em setembro de 2020, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), responsável por regular o setor de saúde privada no Brasil, suspendeu a cobrança do reajuste anual dos planos de saúde. A decisão vigorou até o fim do ano e aliviou o bolso de mais de 25,5 milhões de brasileiros em um ano tomado pela pandemia do novo coronavírus.
Em janeiro passado o prazo de suspensão, as seguradoras estão cobrando a fatura pendente. Grande parte das empresas quer diluir a diferença dos boletos de setembro a dezembro em doze prestações durante todo o ano de 2021. Muitas, inclusive, já fizeram a cobrança do boleto de janeiro somando a mensalidade, o reajuste em vigor e o que foi paralisado.
A Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), que representa mais de 130 operadoras de saúde, afirma que a suspensão da cobrança da correção é bastante complexa, pois, envolve questões financeiras e fiscais, inclusive dos impostos que as seguradoras tiveram de pagar com base nos valores reajustados.
“A cobrança diluída em 12 meses – entre janeiro e dezembro de 2021 – dos reajustes suspensos visou dirimir os impactos e facilitar o planejamento com segurança aos contratantes de planos de saúde, sejam estes pessoa física ou jurídica”.