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Carlos Wizard aproveitou depoimento na CPI para fazer palestra motivacional

Empresário nunca explicou como compraria vacinas para setor privado quando os laboratórios só vendiam a governo. Ele aproveitou seu depoimento na CPI para se promover.

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Fernando Castilho

Publicado em 30/06/2021 às 13:40 | Atualizado em 30/06/2021 às 15:02
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Se os senadores procurassem na internet informações sobre Carlos Wizard poderiam estar preparados para assistir a uma palestra motivacional, mais do que arrancar dele qualquer palavra sobre envolvimento na compra de vacinas.

Mesmo se não tivesse um habeas corpus do STF, ele aproveitaria a oportunidade para dar uma de suas aulas motivacionais. Por isso, não será surpresa que a sua presença na CPI seja editada e comercializada na internet como uma maneira de resistência em defesa da vida e do amor aos homens.

Carlos Wizard, como a imprensa mostrou, só entrou no noticiário porque tentou comprar vacinas para serem repassadas a empresas e assim vacinar trabalhadores do setor privado antes da população.

O que ele nunca disse foi como conseguiria isso num momento em que apenas a AstraZeneca estava entregando e a Coronavac estava começando a ser finalizada.

 

A dúvida de muita gente sempre foi: como um empresário brasileiro poderia passar na frente de todas as gigantes internacionais e comprar vacina de um laboratório privado quando, todos os quer estavam na Fase 3 de suas pesquisas, só vendiam a governo?

No mercado, muita gente sempre achou que ele usou essa presença na mídia para divulgar suas empresas, algumas com presença nas bolsas de valores. Isso porque sempre que se falava dele, se relacionava a suas companhias.

Wisard aproveitou a onda para aparecer e mostrar sua carreira de sucesso. Um sujeito que, em 2013, se tornou bilionário ao vender por R$ 2 bilhões o seu Grupo Multi ao grupo britânico Pearson PLC.

Em pouco mais de duas décadas, suas escolas de idiomas Wizard, Yázigi, Skill Idiomas, Quatrum English Schools, Microlins, SOS Educação Profissional, People computação, Smartz School, Bit Company, Alps, Worktek e Meuingles.com.

Naquela época, antes de estourar a crise da economia brasileira, a venda foi a maior negociação da história do setor de educação já realizada no País.

Mas Wizard sabe ganhar a vida é como palestrante motivacional. É dessas palestras que saíram os livros como "Vencendo a Própria Crise", "O Desejo de Vencer", "Desperte o Milionário que há em Você" e "Do Zero ao Milhão".

Por isso, os senadores perderam tempo em chamá-lo. Wizard não disse e não dirá uma palavra que possa se comprometer.

Mas ele aproveitou o tempo livre que lhe deram para vender sua imagem. Por isso, ele foi logo dizendo:

Jamais, em tempo algum, passou pela minha mente, pensamento, no meu íntimo, na minha alma, no meu coração a indisposição de estar presente fazendo meu depoimento. Não tenho razão para isso.

O problema é que antes dos irmãos Miranda e da nova denuncia de corrupção e das articulações de Ricardo Barros, Carlos Wizard era o que tinha para hoje, como diz a música.

Para quem não conhece, ele é defensor da cloroquina como tratamento para Covid-19 e faz parte de um grupo que deseja recontar o número de mortos pelo novo coronavírus no Brasil. Mas isso não é motivo para incriminá-lo.

Ele é bom de microfone pois tornou-se missionário da igreja mórmon aos 12 anos, passando pelos EUA e Europa com trabalhos voluntários. Estudou na Universidade Brigham Young (BYU), em Utah, nos Estados Unidos, ligada à igreja que fazia parte e formou-se em Ciência da Computação e Estatística pela BYU.

De volta ao Brasil, fundou a escola de idiomas Wizard que, mais tarde, se tornaria uma rede de franquias.

Hoje, ele vive em Campinas (SP) com a família. Ele é a favor da proibição da homossexualidade, prevista no Livro de Mórmon. Foi essa sua ação como voluntário que o levou a ser convidado pelo ministro da Saúde interino, general Eduardo Pazuello, a assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, que acabou não aceitando.

Depois de conhecer Pazuello em 2018, quando ele se mudou de São Paulo para Boa Vista, em Roraima, na fronteira com a Venezuela, para cumprir mais uma missão humanitária da igreja mórmon junto aos venezuelanos refugiados.

 

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