Coluna JC Negócios

Pernambucanas volta ao Nordeste, região onde nasceu em 1908 e dominou varejo nacional de tecidos de algodão

A rede de lojas e magazines inaugurou sábado passado, no Shopping Bela Vista, em Salvador (BA), sua unidade com 1 mil m²

Imagem do autor
Cadastrado por

Fernando Castilho

Publicado em 06/07/2021 às 8:00 | Atualizado em 07/07/2021 às 12:39
Notícia
X

A rede de lojas e magazines Pernambucanas está de volta ao Nordeste. A empresa inaugurou sábado passado, no Shopping Bela Vista, em Salvador (BA), sua unidade com 1 mil m². Na terça-feira da semana passada (29), a rede abriu uma outra loja na cidade de Gurupi (TO). São as primeiras unidades nas regiões Norte e Nordeste.

A loja de Salvador é a volta da marca ao Nordeste, região onde foi fundada, em 1908, no Recife. Mas para a atual dona da companhia, a Arthur Lundgren Tecidos S/A – Casas Pernambucanas – SP, é a chegada da empresa na Região.

É que as lojas que existiram nos estados nordestinos eram comandadas pela Lundgren Irmãos Tecidos Indústria e Comércio S/A, resultado de uma cisão devido à disputa entre os herdeiros do comendador Herman Lundgren, dono da Fábrica de Tecidos Paulista, em Pernambuco, e que fundou a rede de varejo como canal de distribuição de sua produção de tecidos de algodão.

A marca Pernambucanas está na memória dos consumidores como empresa de varejo de tecidos e, a seguir, com produtos de cama, mesa e banho e, depois, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, assim como por sua origem e pelo pioneirismo no varejo.

Apesar de se chamar "Pernambucanas", remetendo Pernambuco, onde o imigrante sueco Herman Lundgren se estabeleceu ao chegar ao País e onde ainda moraram seus descendentes, a rede não possui mais lojas em Pernambuco desde a década de 1980.

Em 1970, a empresa chegou a ter mais de 700 lojas, quando se iniciou uma disputa entre os herdeiros que durou até 1990, quando as operações do Nordeste desapareceram e os negócios no Rio de Janeiro quando a Lundgren Irmãos Tecidos Indústria e Comércio S/A, permanecendo a atual companhia.

ARQUIVO
Fachada da sede em São Paulo na década de 90 - ARQUIVO

 

Pioneirismo no varejo

A Pernambucanas foi uma das primeiras empresas a apresentar o conceito de loja completa para a família brasileira ancorado em quatro categorias diferentes: Lar têxtil (cama, mesa, banho, tapetes e cortinas); vestuário (feminino, masculino, infanto-juvenil, lingerie, calçados e acessórios); eletro (eletroeletrônicos, eletroportátil, eletrodoméstico, telefonia e informática); produtos e serviços financeiros (empréstimos, seguros e garantias estendidas.

A Casas Pernambucanas é uma das instituições pioneiras no comércio e pelo que contribuiu para o desenvolvimento do varejo brasileiro. Isso se deve à própria personalidade de seu fundador, que chegou ao Brasil como imigrante aos 55 anos, sem dinheiro, sem relações e sem saber uma palavra de português.

Tão logo chegou ao Brasil desembarcando no Rio de Janeiro, Herman Theodor Lundgren percebeu que a economia do País parecia estar adotando um ritmo de crescimento razoável, em especial no tocante ao comércio exterior.

No Rio de Janeiro, a capital do Império, esses tipos de serviço já estavam dominados por gerações de profissionais que operavam em torno do porto. Herman foi pesquisar o terreno no porto de Salvador, mas também não se convenceu.

Decidiu trabalhar nessa área até que reunisse capital suficiente para ele próprio produzir, vender e exportar. Ele decidiu busca outras praças; chegou a pesquisar Salvador, mas seguiu então mais para o Nordeste, até Recife, onde logo viu que a concorrência era pouca e as necessidades, prementes.

Decidiu estabelecer escritório no Cais da Lingueta e juntou a força de vontade a seus conhecimentos dos idiomas inglês e alemão para prestar serviços a comerciantes estrangeiros com negócios naquele porto.

Dez anos depois, Herman Lundgren instalou seu primeiro empreendimento industrial no País, a Sociedade Anônima Pernambuco Powder Factory, fabricante da renomada pólvora Elephante, no município do Cabo.

Quatro anos depois, Herman conheceu Ana Elisabeth Stozenwald, então preceptora dos filhos de um comerciante recifense, e com ela casou-se em 1876. Tiveram cinco filhos: Herman, Frederico João, Guilherme Alberto, Arthur e Ana Louise. Nos primeiros anos do século XX, com os filhos já participando dos negócios paternos, resolveu entrar no ramo têxtil.

Ele comprou a pequena fábrica de tecidos localizada no então distrito de Paulista, município de Olinda, próximo ao Recife. Modernizou e ampliou a fábrica, comprou maquinário de ponta, cuidou de qualificar a sua mão de obra.

DIVULGAÇÃO
Loja da Pernambucanas no Shopping Recife na década de 90 - DIVULGAÇÃO

Foi o início da Companhia de Tecidos Paulista, destinada a marcar época na produção e na distribuição de tecidos de qualidade para todo o País. Foi quando decidiu criar a rede de varejo.

Ironicamente, Herman Theodor Lundgren faleceu em fevereiro de 1907, poucos meses antes da primeira loja funcionar. Com o propósito de dar vazão à produção crescente de tecidos da Companhia de Tecidos Paulista, foram os filhos de Herman Lundgren que decidiram também ingressar no setor varejista. A primeira loja foi inaugurada no dia 25 de setembro de 1908 na cidade do Recife.

DIVULGAÇÃO
Herman Lundgren Fundador das Pernambucanas - DIVULGAÇÃO

 

Loja em São Paulo

Em 1910, foi inaugurada a loja na Praça da Sé, São Paulo. Em 1962, ficou famoso o filme de propaganda: "Quem bate? É o frio! Não adianta bater, eu não deixo você entrar", marcando a publicidade de uma empresa num filme publicitário.

Em 1908, foi aberta a primeira loja, sob o nome de Lojas Paulista, denominação esta que foi dada às lojas inauguradas em Pernambuco e, posteriormente, em outras partes da Região Nordeste, em referência à localidade onde estava situada a fábrica de tecidos.

“Seriedade absoluta”, “Onde todos compram”, “Filiais em todo o Brasil” foram slogans reconhecidos do empreendimento nas décadas de 1940-50, quando se tornou a maior rede varejista brasileira.

DIVULGAÇÃO
Pernambucanas Loja de Piracicaba 1940 - DIVULGAÇÃO

Empresa 100% nacional

Com o êxito do negócio no varejo, Arthur Lundgren e a mãe, Ana Elisabeth, constituíram uma sociedade específica para a rede de lojas que vendiam os produtos produzidos pela indústria tocada pelos Lundgren.

A nova empresa ganhou o nome de Arthur Herman Lundgren & Cia. Já na década de 1910, com a expansão para o Sul-Sudeste, a rede de lojas passou a ser identificada pelo nome que se popularizou por todo o Brasil: Casas Pernambucanas.

Foi a primeira das reorganizações societárias de um negócio que então já se revelava um sucesso absoluto de vendas e de inserção no imaginário popular. Casas Pernambucanas converteu-se em uma marca poderosa e com presença marcante na vida das famílias brasileiras.

Empresa 100% nacional, a companhia tem contribuído ao longo das décadas para o desenvolvimento do Brasil, com antecipação de tendências e melhores práticas de mercado.

Uma das contribuições para o reposicionamento da Pernambucanas foi dada pelo executivo Marcelo Silva, que respondeu pelo comando da Casas Pernambucanas por seis anos. Desenvolveu uma original abordagem de gestão, resumida no chamado “carinho pelas pessoas”. Ao investir em um ousado programa de valorização e educação dos colaboradores, qualificou o atendimento, aumentou a massa de clientes e elevou substancialmente as receitas da empresa, que chegou a faturar pela primeira vez, R$ 1 bilhão.

A rede é controlada atualmente por cinco holdings: Alphalund Companhia de Participações e Investimentos S.A; Nosapa – Nova Pirajuí Administração S.A; Zodiac Empreendimentos e Participações Ltda.; Rumisa S.A; e Bucanas – Participações e Investimentos S.A.

A companhia conta com um time de estilistas que identifica as principais tendências mundiais da moda e oferece uma ampla variedade de produtos em vestuário, lar, eletroportáteis, telefonia e informática. Sua estrutura também inclui um moderno Centro de Distribuição em Araçariguama (SP), de forma a garantir uma eficiência logística e produtos sempre novos nas lojas.

Seguindo um sólido plano de expansão pelo país, a Pernambucanas, marca varejista nacional pioneira em inovações, anuncia a chegada na região Nordeste do país. A inauguração da sua primeira loja no estado da Bahia será no dia 26 de junho, em Salvador, no Shopping Bela Vista.

Da lojinha na Rua das Calçadas a maior rede de materiais de construção, Armazém Coral faz 60 anos e abre nova filial

Nascida de um hobby de pescador, Noronha Pescados fará nova planta para virar empresa de alimentos

 

DIVULGAÇÃO
Pernambucanas Loja de Piracicaba 1940 - DIVULGAÇÃO

Aposta no Nordeste

A loja também conta com as novas categorias de produto da marca, com itens de lar e vestuário para bebês, linha pet, bijuterias e brinquedos. Os clientes também podem conferir as novidades do Espaço Beleza, área dedicada a produtos das marcas Jequiti e Multi B (Vult, Eudora e Australian Gold).

Agora, a marca está presente em todas as regiões do Brasil, totalizando 426 unidades, intensificando a capilaridade de produtos e serviços da Pernambucanas por todo o País. Ela está presente em cerca de 300 cidades, em dez estados e no Distrito Federal, com mais de 420 lojas e cerca de 14 mil colaboradores.

“É uma alegria para nós chegarmos à região Nordeste, especialmente no estado da Bahia, entrando pela capital Salvador. Esse era um pedido frequente que recebíamos e estamos bastante realizados em poder estar próximo dos baianos. Ainda este ano iremos inaugurar mais unidades, intensificando nossa presença no estado”, afirma Sergio Borriello, CEO da Pernambucanas.

DIVULGAÇÃO
Pernambucanas Loja de Pernambuco década de 80 - DIVULGAÇÃO

Tags

Autor