Muita gente se surpreendeu quando as autoridades alemãs em Hamburgo apreenderam o super iate do bilionário russo Alisher Usmanov. Chamado de Dilbar, o barco de 512 pés é considerado o maior do mundo.
Mas o que pouca gente sabe é que os chamados oligarcas russos são apaixonados por iates. E nos últimos 10 anos, estabeleceram uma competição para ver quem tem o maior e mais luxuoso como forma de ostentação.
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O magnata do aço Victor Rashnikov é dono do Ocean Victory, de 459 pés (140 metros). Alexei Mordashov, outro bilionário do aço, é dono do Nord, de 465 pés. O Superyacht Group, observador da indústria naval, estima que de 7% a 10% da frota global de super iates sejam de russos.
Os russos adoram ostentar. Avião, apartamento em Manhattan, castelo na Inglaterra, quintas em Portugal e obras de arte. Mas a preferência mesmo são os iates. Coisa de quem ficou muito rico há muito pouco tempo.
Foi assim: a União Soviética entrou em colapso no final dos anos 90 e elegeu Boris Yeltsin como presidente, que governou o país entre 1991 e 1999, sucedido por Vladimir Putin.
Ex-comunista que se dizia liberal, Yeltsin pode ser considerado o pai de todos os oligarcas que a Rússia tem hoje por que, na verdade, foi ele quem literalmente dividiu o espetacular mercado que a URSS controlava, abrindo espaço para que ao menos 60 a 80 também ex-comunistas próximos ao poder dividissem os negócios que eram controlados pelo Estado.
A expressão "oligarca", portanto, se refere ao grupo de pessoas ficou bilionária há menos de 30 anos sem concorrência e com todas as benesses do “Novo” Estado russo.
A Rússia é um país bem particular. Lá existem os oligarcas e o povo. E uma distância abissal de renda. E essas pessoas ou são amigas de Putin (que os viu ficarem ricos), ou são seus inimigos por terem contrariado algum interesse.
Influência na indústria e na política
O Instituto Ucraniano Para o Futuro (UIF), instituição independente com sede (não por coincidência) em Kiev, culpa os oligarcas pela falta de desenvolvimento no país, principalmente pela influência deles na indústria e na política. Isso explica a surpresa quando nomes como Petr Aven e Mikhail Fridman pedem à Rússia que encerre a guerra.
Existem outros. Como Vladimir Potanin - considerado o homem mais rico da Rússia -, Roman Abramovich, Oleg Deripaska e Boris Berezovsky, este obrigado a se exilar depois de ter brigado com Putin. A lista de oligarcas é tão concentrada que caberia num grupo de WhatApp que só suporta 256 participantes.
Mas eles estão mesmo no comando da economia russa. Uma das coisas mais peculiares da forma de atuar dos oligarcas é a capacidade de alavancagem de recursos para projetos de interesse do governo.
E um traço curioso é que todos eles estavam em postos importantes quando a URSS acabou. Por exemplo: o homem mais rico da Rússia na atualidade tem sua fortuna estimada em US$ 25,2 bilhões pela Bloomberg.
Formado pelo Instituto de Relações Internacionais de Moscou, Potanin trabalhou para o Ministério de Comércio Exterior da extinta União Soviética. Quando a Cortina de Ferro caiu, ele virou banqueiro.
Leonid Mikhelson e Alexei Mordashov, que dividem o segundo lugar entre os bilionários russos, ambos com fortuna pessoal estimada em US$ 22 bilhões, também estavam bem-posicionados na hierarquia russa.
Mikhelson era diretor-geral da NOVA à época de sua privatização, em 1994. A empresa de produção de gás natural transformou-se em Novatek. Em 1992, Mordashov era diretor financeiro de uma metalúrgica que atendia ao Estado russo.
Fundo Russo de Investimentos Diretos
Quando Putin decidiu transformar Rússia no maior fornecedor de remédios dos países em sua volta, criou o Fundo Russo de Investimentos Diretos, que tem US$ 40 bilhões e ramificações com 18 países e que domina praticamente toda a nova indústria farmacêutica russa de onde saiu, entre outras coisas, a vacina Sputnik V.
No caso da atuação do Fundo Russo de Investimentos Diretos (RDIF), que convida pesquisadores internacionais, a grande vantagem é a capacidade de colocar dinheiro nas mãos de cientistas para focarem em linhas que visem entregar resultados rápidos.
O caso da Sputnik V é emblemático. O Instituto Gamaleya, que já recebeu grandes recursos para sua pesquisa, conseguiu criar a vacina russa em agosto de 2020, que apesar de não ter sido vendida no Brasil, imunizou quase 600 milhões de pessoas.
Entre outras ações, o Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF) bancou a construção de todas as novas plantas farmoquímicas construída na Russa próximas a Moscou.
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