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Barril do petróleo no pré-sal custa US$ 2,7 para Petrobras, que paga US$ 13 ao Governo e ainda tem muito lucro

No ano passado, valor conseguiu chegar a US$ 2,7, embora em 2020 tenha chegado a apenas US$ 2,5 por cada barril de 200 litros

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Fernando Castilho

Publicado em 30/03/2022 às 12:00 | Atualizado em 30/03/2022 às 14:45
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Maior campo de exploração de petróleo da América do Sul, o pré-sal virou um negócio tão grande que fez a Petrobras praticamente virar uma empresa a serviço de sua exploração, cuja produção não para de crescer.

Para se ter uma ideia do que ele representa, basta dizer que em alguns campos, a coluna de petróleo acumulado chega a 300 metros, equivalentes à altura do morro onde está a estátua do Cristo Redentor (RJ).

Mas depois de 10 anos, a Petrobras conseguiu baixar muito o preço de cada barril que extrai do pré-sal.

No ano passado, ela conseguiu chegar a US$ 2,7, embora em 2020 tenha chegado a apenas US$ 2,5 por cada barril. Um barril de petróleo tem exatamente 42 galões americanos e isso equivale a 158,98722 litros.

O pré-sal é responsável por 71% de tudo que a empresa extrai e ajuda a compor o preço médio da companhia, fixado em US$ 5 em 2021.

 

PETROBRAS
PLATAFORMAS DO PRE-SAL DA PETROBRAS - PETROBRAS

Mas isso não quer dizer que ele chega por esse preço na refinaria.

A União, por exemplo, fica com US$ 13 a título de participação governamental, enquanto as demais despesas (depreciação, depleção e amortização), que somam mais US$ 17, fazem que cada barril de petróleo que a Petrobras entrega para a refinaria ou exporta custe US$ 35.

Como ela está negociando a US$ 70, quer dizer que, grosso modo, ela ganho o dobro do que gasta para vender o produto.

Tarso Ghelli / Agência Petrobras
Navio-plataforma FPSO Carioca no Estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ) - Tarso Ghelli / Agência Petrobras

Entretanto, aos US$ 2,7 de 2021, que somam 71% da produção, não é a única forma de produção da estatal brasileira. Cada barril retirado de Terra e Águas Rasas custa US$ 13,7.

Cada barril extraído de aguas profundas custa US$ 9,8. Assim, na média, a empresa gasta US$ 5 para retirar sua produção de óleo e gás.

Mas apesar de todo discurso de energia limpa, o negócio petróleo ainda vai durar muito tempo.

O Brasil terminou 2021 com a Petrobras informando que tem 9,88 bilhões de barris de óleo equivalente (boe), num ano em que o que retirou somou 0,90 bilhões de boe. Como em 2020 o Brasil tinha 8,82 bilhões de boe provadas, isso quer dizer que o Brasil terminou o ano com mais petróleo descoberto e registrado que em 2020, menos o que extraiu.

Isso se deve ao resultado da aquisição do excedente da cessão onerosa e aumento de recuperação em campos das bacias de Santos e Campos, ganhos pelo bom desempenho de reservatórios e, é claro, o aumento do preço do petróleo.

A empresa fez ainda a aquisição dos volumes excedentes da Cessão Onerosa em Sépia e Atapu, que serão os maiores campos do pré-sal. Em Sépia, a Petrobras (30%), divide o negócios com a TotalEnergies (28%), Petronas (21%) e a QP Brasil (21%). No campo de Atapu, a Petrobras (52,5%) divide a exploração com a Shell (25%) e a TotalEnergies (22,5%).

Uma das críticas mais fortes contra a Petrobras é por não processar todo o petróleo que extrai, especialmente o do pré-sal.

Segundo o último balanço da estatal, entre outubro e dezembro de 2021, a empresa chegou aos 88% do FUT (FATOR DE UTILIZAÇÃO) em suas 10 refinarias. Para isso, ela fez investimentos: R$ 2,3 bilhões no setor.

E concentrou suas atenções em produtos de maior valor agregado, entre eles o Diesel S-10. E teve no ano recorde de produção de diesel s10.

No ano passado, a Petrobras destinou 59% do que retirou do pré-sal para o refino no Brasil. Mas sua meta é elevar a capacidade de processamento de óleo do pré-sal para 100% em 2025. Se conseguir, isso pode fazer o Brasil ficar mais próximo da chamada autossuficiência, embora continue exportando muito.

Aliás, a ampliação dos clientes na exportação é outra meta da empresa. A China, que já chegou a comprar 62% de todo o petróleo que a Petrobras vendia ao mercado externo ano passado, ficou em 45%.

Novo presidente

A troca na Presidência da Petrobras e no Conselho de Administração da empresa não deve afetar a política de preços no governo de Jair Bolsonaro. O novo presidente da estatal, porém, chega com novas ideias para dois combustíveis estratégicos que atraíram: o gás de cozinha e o diesel.

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