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Silva e Luna preferiu cuidar de sua biografia e sai da Petrobras advertindo governo

O general Silva e Luna preferiu cuidar de sua biografia, como já fizeram ao menos outros cinco generais que foram auxiliares de Bolsonaro

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Fernando Castilho

Publicado em 30/03/2022 às 8:00 | Atualizado em 30/03/2022 às 13:03
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O general Joaquim Silva e Luna não pediu para ser presidente da Petrobras. Estava na presidência da Itaipu Binacional, entregando resultados, quando Bolsonaro foi buscá-lo.

E mesmo que tenha dito na imprensa que ele estava indo para a estatal para botar ordem na casa, o presidente não disse ao general que deveria trabalhar para levantar sua popularidade. Primeiro, porque não teria espaço para isso. Segundo, porque se o fizesse, o general não aceitaria o cargo.

O general foi, e num ano em que o preço do barril do petróleo saiu dos US$ 69,89, em 1º de janeiro de 2021, para US$ 97,57, em 1º de janeiro último, e entregou um lucro de R$ 104,1 bilhões. Não era isso que o presidente queria.


E, assim como havia feito com Roberto Castelo Branco, que entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021, viu o barril do petróleo sair de US$ 41,47 para US$ 69,89, demitiu o general. A diferença de Silva e Luna para Castelo Branco é que ele não tem medo de dizer o que pensa.

E aproveitou um convite no Superior Tribunal Militar, portanto, um ambiente da caserna, para dizer que a Petrobras “por lei, não pode fazer política pública com os preços dos combustíveis” e “menos ainda” política partidária.

Ejetado da cadeira, o general advertiu sobre o que é a função do cargo: “Tem responsabilidade social? Tem. Pode fazer política pública? Não. Pode fazer política partidária? Menos ainda.”

O presidente é ingrato com o general - que, em 2021, entregou R$ 156,2 bilhões em tributos e participações governamentais, dos quais R$ 27,1 bilhões foram de dividendos. Mais do que Bolsonaro repassou ao Centrão na festa secreta das emendas de relator.

O comportamento do presidente em relação ao general Silva e Luna é recorrente. Não foi a primeira vez que ele demitiu um auxiliar depois de criticar sua atuação pela imprensa. Isso normalmente depende das repercussões do trabalho do auxiliar nas suas redes sociais.

Não há parâmetro de avaliação. Quando o trabalho começa a ser criticado pela sua base, superando ou se associando às críticas das pessoas contrárias, o auxiliar começa a correr risco.

Fora desse padrão, existe o padrão de apoio. Se, apesar das críticas gerais da sociedade, a base do presidente mantiver o apoio às falas do presidente sobre o auxiliar.

Isso explica a permanência de ministros como Paulo Guedes e Damares Alves, mesmo sendo fortemente criticados, mas que têm apoio da base do presidente, lhes assegurando um lugar no governo.

O general Silva e Luna preferiu cuidar de sua biografia, como já fizeram ao menos outros cinco generais que foram auxiliares de Bolsonaro.

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