Porto de Galinhas: com efetivo lançado no jogo do Sport contra o Fortaleza, Polícia Militar só chegou à praia às 21h
Prefeita pediu celeridade de transparência em relação à morte da menina Heloysa e se queixou da demora na presença do Estado durante o caos instalado na quinta-feira (31)
Não foi das mais agradáveis a conversa da prefeita do Ipojuca, Célia Sales, com o secretário de Defesa Social do Estado, Humberto Freire, na sede da Secretaria de Defesa Social (SDS), no Recife.
Sales pediu ainda celeridade de transparência em relação à morte da menina Heloysa, de 6 anos, e se queixou da demora na presença do Estado durante o caos instalado na quinta-feira (31), quando os moradores e turistas foram tomados pelo terror e perderam o direito de ir e vir.
A queixa da prefeita se referiu ao fato de que apenas por volta das 21h o Governo do Estado mandou ao município mais de 40 viaturas e três helicópteros.
O que Célia Sales não disse é que a demora da chegada do efetivo se deveu ao outro evento que precisava de proteção. O jogo do Sport contra o Fortaleza, para onde foi deslocado um efetivo de mais de 250 homens, o que impediu que o socorro chegasse a tempo de impedir os atos de vandalismo.
Esse tipo de evento esportivo sempre demanda um elevado grupo de policiais, de modo que o lançamento da tropa nas proximidades da Arena, especialmente com o pessoal do Batalhão de Radiopatrulha e de Choque, deixa a Polícia Militar sem poder operar evento semelhantes, como o que estava ocorrendo em Ipojuca. A PM precisou reunir um outro contingente.
Curiosamente, a assessoria do Governador Paulo Câmara distribuiu um texto onde afirma que ele monitorou os protestos em Porto de Galinhas durante todo o dia, ao lado do secretário Humberto Freire e do comandante da PMPE, coronel Roberto Santana.
Se o governador monitorou, de fato, parece claro que só julgou a necessidade de envio da tropa no começo da noite, quando as TVs estavam relatando as cenas de violência.
Segundo a prefeita Célia Sales, o que inicialmente começou com o protesto da comunidade e pedidos de justiça pela morte da criança, depois se tornou atos de vandalismo atribuído ao comando do tráfico de drogas da região, com tentativas de sitiar toda a Ipojuca.
Essa foi uma informação também reconhecida pelo secretário Humberto Freire na sua entrevista pela manhã.
Aliás, parece que não faltou mesmo monitoramento. Na conversa com a prefeita, Freire explicou que passou o dia de ontem monitorando, com o serviço de inteligência e em contato constante com o secretário de Defesa Social do Ipojuca, Osvaldo Morais, mas que só à noite enviou o reforço de forma ostensiva.
A prefeitura informou que os estragos causados pelos atos de vandalismo ainda estão sendo calculados pelo município e a prefeita colocou à disposição do secretário do Estado a Central de Monitoramento do Ipojuca para se necessário for montar uma base da PM no município para ajudar nas investigações da morte da menina Heloysa.
Paulo Câmara, segundo sua assessoria, expressou solidariedade à família da menina Heloysa e assegurou que o caso será apurado com o máximo rigor. "Estamos trabalhando de forma integrada com nossas forças operativas e reforçando o efetivo para restabelecer a tranquilidade no litoral sul", afirmou.