Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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Com caixa em alta após sete anos de crise, Paulo Câmara não consegue marca de tocador de obras

Resultados das pesquisas eleitorais revelam que Paulo Câmara não conseguiu, com suas visitas e ordens de serviço, imprimir a imagem de tocador de obras com que pretende terminar seu governo

Fernando Castilho
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Publicado em 04/05/2022 às 8:40
DIVULGAÇÃO/GOV PE
HORIZONTE Governador tem muito mais recursos para investir este ano, e está livre das amarras da eleição - FOTO: DIVULGAÇÃO/GOV PE
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No segundo semestre de 2021, o governador Paulo Câmara pegou a estrada para, ao lado da secretária da Infraestrutura, Fernandha Batista, anunciar uma série de ordens de serviço de construção e reforma de estradas estaduais. Ele juntou nos eventos uma série de anúncios para as demais secretarias, nas áreas de educação, saúde, entre outras, de modo a criar uma onda de obras em todas as regiões do Estado.

A movimentação foi tão intensa que o nome da secretária Batista chegou a ser lembrado como uma possível candidata ao governo nas eleições de 2022. O governo lançou um ambicioso programa de investimentos estimado em R$ 5 bilhões, chamado de Retomada.

O tempo passou e o nome de Batista foi esquecido. Mas em 2022, as viagens continuaram, especialmente depois que começou a pré-campanha eleitoral.

 

Foto: Hélia Scheppa/Divulgação
Foto: Hélia Scheppa/Divulgação - Foto: Hélia Scheppa/Divulgação

Mas os primeiros resultados das pesquisas eleitorais revelam que Paulo Câmara não conseguiu, com suas visitas e ordens de serviço, imprimir a imagem de tocador de obras com que pretende terminar seu governo.

Isso certamente tem a ver com a imagem de dificuldades que o próprio Paulo Câmara projetou ao longo de sete anos, quando, a partir de 2015, precisou, já nos primeiros seis meses, reorganizar todo o planejamento financeiro do Estado.

Paulo Câmara precisou pagar as parcelas da dívida pública do Estado contraídas em dólar na gestão Eduardo Campos, e somente ano passado pode comemorar o pagamento no mês de competência, quando o crédito é feito no último dia útil do mês.

Ao longo dos anos, cresceram as críticas no setor de infraestrutura relacionadas com a conservação das estradas e segurança, uma vez que em 2017 o Estado bateu os recordes com queixas sobre a falta de infraestrutura dos departamentos e delegacias.

Um detalhe curioso da situação de penúria no caixa tem a ver com a sede do laboratório de genético da SDS ter começado suas obras no Governo Eduardo Campos e só este ano ter sido retomada.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação

O movimento iniciado a partir do anúncio festivo do Retomada não conseguiu criar uma imagem de obras que pudesse dar a ideia de mais investimento.

Este ano, o governador empenhou, apenas em janeiro e fevereiro, segundo dados da secretaria da Fazenda, R$ 500 milhões, mas até o final de fevereiro, só pagou pouco mais de R$ 50, o que revela que existem poucas obras sendo faturadas.

O governador, de fato, tem muito mais recursos para investir este ano, e está livre das amarras do período eleitoral, porque decidiu ficar no Governo. Ele pode terminar o ano aplicando tudo que planejou e ajudar ao candidato do seu partido, Danilo Cabral, que o tem acompanhado nos eventos.

Mas o governador não conseguiu ainda criar a imagem de que está desenvolvendo um grande programa de investimentos em todo o Estado, o que ainda pode acontecer, uma vez que existem recursos.

Mas ele também herdou problemas de projetos com o BRT, aliás, iniciado na gestão do seu candidato ao governo, Danilo Cabral, que era o secretário encarregado do projeto. O projeto nunca foi concluído e contribui para uma ação deficiente no setor de transporte da Região Metropolitana do Recife, agravando a imagem da gestão Paulo Câmara nessa área.

Paulo Câmara deve deixar o governo entregando ao sucessor não só obras - que ele poderá entregar já nos primeiros meses - mas capacidade de pagamentos. Ele pode tomar emprestado até R$ 2 bilhões, o que poderá turbinar sua gestão.

Mas dificilmente, pelo menos até agora, não pode transmitir uma imagem de obras que impactaram. E mesmo que esteja liderando as verbas para os projetos de água e construção dos projetos de recursos hídricos, e tentando concluir o projeto da Adutora do Agreste, isso não ajuda muito na construção de uma melhor imagem junto à população.

Foto: Hélia Scheppa/Governo de Pernambuco
Foto: Hélia Scheppa/Governo de Pernambuco - Foto: Hélia Scheppa/Governo de Pernambuco

 

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