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Abreu e Lima tem placa de vende-se. Petrobras tenta, de novo, vender metade de suas refinarias ao setor privado

O plano de desinvestimento em refino da Petrobras representa, aproximadamente, 50% da capacidade de refino nacional, totalizando 1,1 milhão de barris por dia de petróleo processado.

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Fernando Castilho

Publicado em 27/06/2022 às 20:25 | Atualizado em 27/06/2022 às 21:32
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A Petrobras reiniciou nesta segunda-feira(27) os processos de venda da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), no Paraná, e Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), no Rio Grande do Sul, bem como os ativos logísticos integrados a essas refinarias.

>>> Refinaria Abreu e Lima à venda: Petrobras retoma plano de venda em Pernambuco mesmo com promessa de investir R$ 5 bilhões

Desde 2019 que ela tenta se desfazer dessas três plantas, mas nunca conseguiu. Ano passado, quando encerrou o processo, anunciou que estava investindo R$ 5 bilhões para concluir a Refinaria Abreu e Lima em Suape, para depois tentar vendê-la.

Nesta segunda-feira, horas depois que o novo presidente da empresa, Caio Paes de Andrade, tomou posse. Não se sabe se a volta da tentativa de venda desses ativos foi a primeiro ato do novo presidente dentro da ideia do Governo Bolsonaro em incluir a empresa no Plano de Privatização do governo que inclui a estatal pela primeira vez.

FOTO ANDRE VALENTIM / AGÊNCIA PETROBRAS
Vista da Refinaria Landulpho Alves-Mataripe em São Francisco do Conde - FOTO ANDRE VALENTIM / AGÊNCIA PETROBRAS

O plano de desinvestimento em refino da Petrobras representa, aproximadamente, 50% da capacidade de refino nacional, totalizando 1,1 milhão de barris por dia de petróleo processado.

Em 2021, a venda de ativos resultou na entrada no caixa da companhia de aproximadamente US$ 4,8 bilhões. A Acelen, empresa criada pelo Mubadala Capital para a operação, assumirá a partir de 1º de dezembro a gestão da RLAM, que passa a se chamar Refinaria de Mataripe.

Esse plano que contempla a venda de oito refinarias está sendo conduzida de acordo com o Decreto 9.188/2017. Ele considera a venda integral da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), Refinaria Landulpho Alves (RLAM), Refinaria Gabriel Passos (REGAP), Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), Refinaria Isaac Sabbá (REMAN) e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR), bem como os ativos logísticos integrados a essas refinarias.

O problema é que até agora, ela só conseguiu vender a Refinaria Landulpho Alves (RLAM) e a Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR) e a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX).

Em 2020, ela chegou receber proposta da Ultrapar Participações S.A., do consórcio liderado pela Raízen S.A. e da China Petroleum & Chemical Corporation (Sinopec), mas não conseguiu avançar. Ano passado, ela suspendeu o processo das três refinarias e agora está retomando.

É uma mudança de rumo.

No último balanço a empresa informou que alcançou 91% de fator de utilização total (FUT) do parque de refino na última semana de março de 2022. Mas a produção de derivados teve queda de 9,6% no período devido, principalmente, à venda da RLAM para um grupo estrangeiro.

O FUT do refino considera o volume de carga de petróleo efetivamente processado e a carga de referência das refinarias, ou seja, a capacidade máxima. Ou seja, A Petrobras está produzindo o máximo possível dentro de condições seguras, sustentáveis e econômicas.

Detalhe importante: em fevereiro a Petrobras chegou 66% do volume processado apenas com o óleo do pré-Sal.

A capacidade de processamento de óleos do pré-sal vem se expandido com investimentos no parque de refino, garantindo maior flexibilidade operacional e logística. Isso quer dizer que a empresa praticamente adaptou todas as suas refinarias para processar o que retira do pré-Sal.

NOVO DONO COBRA MAIS CARO

Em março, antes do aumento do óleo diesel, a gasolina na Refinaria de Mataripe, antiga Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, vendida pela Petrobras para a Acelen, empresa criada pela Mubadala Capital, dos Emirados Árabes, custa 6,4% a mais do que a vendida pela estatal. A diferença em relação ao valor do diesel S-10 é menor, 2,66%.

Na oportunidade, a Acelen, atual operadora da Refinaria Mataripe, informou que os preços dos produtos produzidos pela refinaria de Mataripe seguem critérios de mercado que levam em consideração variáveis como custo do petróleo, que é adquirido a preços internacionais, dólar e frete.

A empresa alega que a crise com a guerra entre Rússia e Ucrânia também impactou no preço do produto, porque o preço internacional do barril de petróleo disparou, superando os US$ 115 por barril.

Neste mês de março, o preço da gasolina na Refinaria de Mataripe passou de R$ 3,46 para R$ 4,12 o litro. Já o preço do litro do diesel S-10 subiu de R$ 3,75 para R$ 4,63.

Em maio (portanto bem antes do último reajuste deste mês). O diesel S-10 vendido na Refinaria de Mataripe, antiga Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, está custando R$ 1,10 mais caro do que o das refinarias da Petrobrás, uma diferença de 24,3%.

Já a gasolina é 28 centavos a mais, o equivalente a 7%. Os dados são do Observatório Social da Petrobrás (OSP), organização ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), e mostram que a refinaria baiana, privatizada em dezembro de 2021, comercializa hoje os combustíveis com preços mais elevados do Brasil em relação às refinarias da estatal.

No comparativo com a refinaria da Petrobrás que cobra os preços mais altos, a Gabriel Passos (Regap), em Betim (MG), o diesel de Mataripe custa 98 centavos (17%) a mais e a gasolina é 20 centavos (5%) mais cara.

O levantamento aponta ainda que, desde o início do ano até agora, os preços do diesel e da gasolina de Mataripe mantiveram-se, em média, 26 centavos (6,6%) e 18 centavos (5%), respectivamente, acima dos praticados pela estatal.


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