O processo para venda da Refinaria Abreu e Lima, localizada no Complexo portuário e industrial de Suape, no Grande Recife, foi retomado pela Petrobras. A estatal confirmou nesta segunda-feira (27) o retorno do processo de desinvestimento - que até então não havia obtido sucesso, fazendo com que a empresa se comprometesse a investir R$ 5 bilhões para conclusão do segundo trem de refino da Rnest (até hoje não entregue).
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A Petrobras já havia informado sobre a paralisação do processo de venda, quando apresentou o seu Plano Estratégico para o quinquênio 2022-2026 - prevendo investimentos de US$ 68 bilhões, valor 24% superior ao mesmo período do plano anterior, sendo US$ 1 bilhão a ser aplicado na conclusão da Refinaria Abreu e Lima.
Agora, a Petrobras está retomando o seu plano de desinvestimento em refino, aproximadamente, 50% da capacidade de refino nacional, totalizando 1,1 milhão de barris por dia de petróleo processado, o que leva a considerar a venda integral da Refinaria Abreu e Lima (RNEST).
Além disso, estão voltando à venda a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), Refinaria Landulpho Alves (RLAM), Refinaria Gabriel Passos (REGAP), Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), Refinaria Isaac Sabbá (REMAN) e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR), bem como os ativos logísticos integrados a essas refinarias.
A Petrobras já havia tentado vender a Rnest anteriormente, mas não obteve sucesso. Com a previsão da conclusão do segundo trem de refino, a estatal estimava gerar mais 10 mil empregos com as obras - que seguem sem um cronograma apresentado.
Para a venda, a Petrobras enaltece a exposição e acesso direto à região Nordeste, "uma das maiores e que mais crescem no Brasil". Além da capacidade de 5% do total de refino de petróleo do Brasil.
A Petrobras ainda diz que com a conclusão do segundo trem de refino, o potencial da Rnest sobe para mais 130 kbpd de crescimento de capacidade, passando a representar cerca de 10% da capacidade total de refino de petróleo do Brasil, inclusive com a possibilidade de produzir gasolina, conforme a Petrobras.
A reportagem do JC entrou em contato com a Petrobras para entender qual a previsão de aplicação dos investimentos para conclusão do 2º trem de processamento da Rnest e como fica o planejamento diante da retomada do processo de venda.
A estatal reafirmou o no final do ano passado, na apresentação do PE 2022-2026, o diretor Rodrigo Araujo comentou sobre o tema, explicando que a construção do Trem 2 seria para “adicionar valor e capturar no processo de desinvestimento”.
"Com relação à Rnest, estamos prevendo o prosseguimento dos projetos de aumento de capacidade do Trem 1, e finalização da construção do Trem 2, com agregação de capacidade de cerca de 145 mil barris por dia. E, com isso, o nosso raciocínio, o nosso entendimento, é que nós damos prosseguimento a esse projeto, que adiciona valor, que nós podemos capturar no processo de desinvestimento", afirma a Petrobras.
De acordo com a estatal, a venda dessas oito refinarias está sendo conduzida de acordo com o Decreto 9.188/2017 e a Sistemática de Desinvestimentos da Petrobras, por meio de processos competitivos independentes, os quais se encontram em diferentes estágios, conforme amplamente divulgados pela companhia.
"As operações estão em consonância com a Resolução nº 9/2019 do Conselho Nacional de Política Energética, que estabeleceu diretrizes para a promoção da livre concorrência na atividade de refino no país, e integram o compromisso firmado pela Petrobras com o CADE em junho de 2019 para a abertura do setor de refino no Brasil", diz em comunicado.
Como está a Refinaria Abreu e Lima
Atualmente, a Rnest produz diesel com baixo teor de enxofre (69% da produção), nafta, óleo combustível, coque e gás liquefeito de petróleo (GLP) e a gasolina A.
A Refinaria Abreu e Lima está em operação há sete anos, e é a mais moderna do País. última unidade de refino entregue pela Petrobras, a Rnest teve custo de US$18,5 bilhões, segundo a Petrobras. O montante, no entanto, foi apontado na operação lava Jato com um sobrepreço de 566% em função do pagamento de propinas.
O custo, embora a unidade até hoje só atue com a produção de 130 mil barris por dia (1º trem), colocou o empreendimento como o mais caro do tipo no mundo, mesmo com uma performance que corresponde a 5% da capacidade total de refino de petróleo do País.
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