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Em 2022, Americanas aumentou endividamento, fez emissão de R$ 3 bilhões em debentures e prometeu crescimento

Em 2021, a Americanas S.A. tinha 1.012 lojas no formato tradicional e mais 786 no modelo Americanas Express com 51 milhões de clientes ativos e mais de 2.000 fornecedores

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Fernando Castilho

Publicado em 15/01/2023 às 19:00 | Atualizado em 16/01/2023 às 8:40
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Certamente, uma das razões pelas quais os bancos credores da Americanas S.A. decidiram ir à Justiça no final da semana passada e devem prosseguir, a partir de amanhã, quando devem recorrer da decisão do juiz Paulo Assed, da 4ª Vara Empresarial do TJ-RJ, que concedeu uma “tutela cautelar antecedente” para eles não executarem antecipadamente a dívida da empresa está no forte endividamento ocorrido no ano passado.

Deferentemente do ano de 2021, quando a companhia até fez o regate antecipado de debentures, no ano passado até outubro a Americanas S.A. fez duas emissões desses títulos no valor de R$ 3 bilhões.

Debentures é um título de dívida emitido por uma empresa que oferece direito de crédito a um investidor. Funciona como um empréstimo feito para que as companhias consigam realizar capitalização, pagar dívidas de curto prazo e desenvolver seus planos de investimentos.

Elas podem ser simples, conversíveis em ações, permutáveis e existem até as incentivadas são aquelas com isenção fiscal. Ou seja, o investidor não precisa pagar Imposto de Renda sobre a rentabilidade.

No primeiro semestre do ano passado, a Americanas S.A. foi ao mercado no dia 23 de junho emitindo R$ 2 bilhões em debentures com vencimento a partir de 15 de julho de 2033.

Ainda no ano passado, em dia 20 de outubro de 2022, portanto depois do balanço do terceiro trimestre, a empresa fez mais uma emissão no valor de R$ 1 bilhão com vencimento final previsto para 20 de outubro de 2027.

Isso foi motivo de comemoração da companhia que informou aos seus acionistas que realizaram “uma bem-sucedida emissão de debêntures no valor total de R$ 2,0 bilhões, com prazo de vencimento de 11 anos e taxa de 100% do CDI + 2,75% ao ano”. E que a emissão teve o objetivo de reforçar o caixa da companhia em um momento macro mais desafiador, além de alongar o perfil da dívida que atingiu 5,3 anos.

Essa também foi uma mudança de comportamento interessante, em relação ao 2021, quando o CEO Americanas S.A., Miguel Gutierrez festejou o ano como histórico para a trajetória de mais de 90 anos da Americanas S.A.

Segundo Gutierrez, 2021 foi o ano da combinação dos ativos e das bases acionárias de Lojas Americanas e B2W, criando uma só companhia para clientes e investidores, a Americanas S.A. e da criação da VEM Conveniência, joint venture com a Vibra (antiga BR Distribuidora), para unir BR Mania, rede de lojas de conveniência franqueadas em postos BR e rede Local, operada pela Americanas S.A.

Com isso, a Americanas atingiu mais de 3.500 lojas - o dobro de dezembro de 2020 - e com potencial para entregar um forte plano de expansão nos próximos anos, disse o executivo aos acionistas.

Naquele ano, a Americanas S.A. tinha 1.012 lojas no formato tradicional e mais 786 no modelo Americanas Express com 51 milhões de clientes ativos e mais de 2.000 fornecedores. Ela também comemorou um projeto de logística que lhe permitiu fazer 350.000 entregas em favelas.

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Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles têm 31% do capital da empresa, e que, na prática, foram seus controladores nas últimas décadas. - DIVULGAÇÃO

Então, com esses números, com acionistas de referência como Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, que hoje têm 31% do capital da empresa, mas que, na prática, foram seus controladores nas últimas décadas e até 2021, como suspeitar do problema que a empresa tinha?

O problema é que ocorreram muitas emissões de debêntures da Americanas S.A., incluisave, títulos emitidos lá fora. Caso a empresa, por exemplo, entre em Recuperação Judicial (uma das saídas possíveis), esses credores vão ter que seguir a regra de recebimento estipulada na Recuperação Judicial. Embora possam ter que dar um grande desconto e receber num parcelamento.

Se Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles fizerem o aporte de caixa necessário  - e uma verdadeira reestruturação - a empresa sai dessa crise e os credores numa situação melhor do que a dos acionistas já que receberão antes do pagamento de dividendos quando a empresa voltar a dar lucro.

O que deixou os bancos enfurecidos foi o fato de as Americanas S.A. apresentarem um dívida de R$ 40 bilhões dos quais R$ 18,5 bilhões às instituições financeiras na ação judicial. Em setembro, a Americanas S.A. informou que seu endividamento bruto que além das debentures tem os empréstimos e financiamentos de longo prazo era de R$ 17,13 bilhões.

Como a Americanas S.A. é um gigante os bancos estão dispostos a rolar as dívidas da Americanas S.A., mas querem que os acionistas de referência façam um aporte na empresa.Resta saber se Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles que já se comprometeram em colocar R$ 6 bilhões estão dispostos a salvar a empresa colocando mais dinheiro.

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