Editorial JC: Arquivo Público de Pernambuco merece nova fase, após décadas de esquecimento e desvalorização
Completando 80 anos de criação em 2025, o Arquivo Público de Pernambuco merece entrar em nova fase, após décadas de esquecimento e desvalorização

Documentos oficiais e jornais impressos em séculos passados fazem parte do acervo do Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano, e correm o risco de se perder se não forem bem conservados e digitalizados, para que o importante conteúdo que transmitem não seja tragado pelo descuido.
O trabalho que vem sendo realizado nos últimos dois anos, sob a direção do escritor Sidney Rocha, tem buscado recuperar a estrutura física e resgatar o valor da instituição para a gestão pública, a história e a memória coletiva dos pernambucanos.
A digitalização de mais de 90 mil documentos encontra-se em andamento, graças a recursos de emendas parlamentares do Senado, de convênio com a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e parceria com a UFPE.
De acordo com Sidney Rocha, em relato a Emannuel Bento do JC-PE, depois da digitalização o acervo poderá ser pesquisado e acessado pelo portal do Arquivo Público na internet, bem como de outras entidades, como a Biblioteca Nacional.
Providência indispensável, tanto para a preservação quanto para a difusão de nossa história para qualquer pessoa interessada, em qualquer lugar do mundo, no horizonte de informação garantida para futuras gerações.
Ao assumir a direção, o escritor encontrou a insegurança na edificação do anexo, pondo em risco não apenas o acervo, como os funcionários e visitantes. Há mais de 15 anos a Defesa Civil já fazia autuações sobre o prédio, localizado na Rua Imperial, no bairro de São José, mas nenhum movimento havia sido realizado para restaurar ou transferir o seu funcionamento.
O anexo finalmente será transferido para novo endereço, que será anunciado este ano, segundo Sidney Rocha. Com estrutura adequada, a visitação poderá ser maior, e o Arquivo Público poderá ampliar os serviços para a população, que tem entre seus direitos conhecer e transmitir documentos que fazem parte de sua história.
“Os 80 anos marcam o início da reestruturação”, diz Rocha, para quem o governo do Estado tem condição de avançar. A segunda metade da gestão de Raquel Lyra pode, de fato, mostrar um novo Arquivo Público para Pernambuco e o Brasil, pondo em andamento uma demanda esquecida pelas gestões anteriores. Dentro dessa nova fase, a linha editorial foi retomada.
Esta semana, o lançamento da nova edição da Revista do Arquivo, dedicada a Frei Caneca, marca a proposta de fazer da instituição uma referência nacional de pesquisa sobre a história pernambucana. Além disso, obras sobre a Confederação do Equador serão publicadas, enfatizando o bicentenário de um dos acontecimentos essenciais para a compreensão do Brasil.
Entre as obras, a poesia de Natividade Saldanha, autor do manifesto da Confederação. O investimento na qualificação e contratação de servidores também está no foco da direção do Arquivo Público, cuja revalorização tem tudo para ser um dos melhores sinais da mudança que os pernambucanos aguardam.