Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br
Coluna JC Negócios

VERDE HIDROGÊNIO – Portugal já testa uso de H² em residências e indústrias associado ao gás natural

Empreendimento reúne várias empresas a partir da ideia de injetar o hidrogênio verde na rede e fornecer conexão com a rede de gás natural já existente.

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Fernando Castilho

Publicado em 26/10/2023 às 8:00 | Atualizado em 27/10/2023 às 15:59
Equipamentos ja usados com a mistura de Hidrogenio e GNL em Sexial Portugal - FERNANDO CASTILHO

LISBOA* - Enquanto no Brasil o debate ainda se concentra no uso do hidrogênio verde como combustível para a geração de energia, Portugal já está testando o uso desse combustível verde como redutor da carbonização no uso prático associado ao gás natural.

Um projeto piloto no município de Seixal, na região metropolitana de Lisboa, testa a combinação de hidrogênio verde com gás natural em 70 residências e a indústria de asfalto. O projeto piloto tem financiamento do fundo ambiental de Portugal e o apoio da prefeitura inicial, que financia parte da infraestrutura.

O empreendimento reúne várias empresas a partir da ideia de injetar o hidrogênio verde na rede e fornecer conexão com a rede de gás natural já existente. Assim, num pequeno trecho da rede é feita a mistura lugar do GNL e H2 que passa a oferecer aos usuários uma mistura com percentual de 12% de hidrogênio verde sem que isso comprometa a qualidade do gás entregue na ponta.

DESCARBONIZAÇÃO

O objetivo não é substituir o GNL pelo hidrogênio verde, mas descarbonizar o gás natural. Desta forma, o produto recebido nas residências é menos poluente que apenas GNL. O conjunto de empresas envolvido no projeto deseja demonstrar que é possível usar o hidrogênio verde diretamente em funções domésticas industriais e em dezenas de atividades.

Para desenvolver o projeto a prefeitura de Seixal liderou o grupo de empresas que envolve um produtor de hidrogênio verde, uma companhia provedora de infraestrutura e a Prefeitura que entrega o produto.

Curiosamente, o projeto começou a tomar forma depois que um empresário produtor de gases procurou a prefeitura para oferecer o hidrogênio verde como parte do gás entregue nas residências.

Essa mistura só foi possível graças às condições da rede do município que, assim como em todo Portugal, foi implantada recentemente. Assim, foi separado um trecho da rede de 1.400 metros nas proximidades do Distrito Industrial e Logístico Seixal de onde acontece e parte a mistura do GNL com o hidrogênio verde que é entregue nas residências selecionadas.

Miguel Faria, da Floene, apresneta o projete da Seixial Portugal. - FERNANDO CASTILHO
O poder calorífico da mistura foi dosado para que os 2 gases sejam combinados sem que na ponta aconteça perda de poder de queima.

O empresário Carlos Mendes, cuja empresa Gestene que trabalha no mercado de gases produzindo propano e botando investiu 500 mil no novo empreendimento e fornece 8 m 3 que são injetados na rede municipal, a companhia faz a mistura e o entrega nas residências. No projeto piloto não foi alterado o preço do gás natural oferecido aos consumidores.

Apesar de ser um projeto piloto, o objetivo inicial é o empreendimento da Gestene com a Floene que faz a distribuição já motiva o empresário Carlos Mendes a desenvolver um novo empreendimento para a produção de 100 de para outros clientes o que vai exigir investimentos numa planta maior e que deve custar 3 milhões de Euros.

Empresário Carlso Mendes, que produz H2 para injeção em rede GNL em Sexial Portugal - FERNANDO CASTILHO

Segundo o CEO da Floene, o projeto ainda está sendo analisado como uma solução a ser proposta em larga escala uma vez que o objetivo é ajudar na oferta de soluções que visem o uso do hidrogênio verde no esforço de descarbonização. A companhia que tem pedidos 130 clientes interessados na injeção do H2 e biometano e está analisando o novo mercado.

Um projeto como o de Seixal, do qual trabalha a PRF que forneceu os equipamento para a conexão, entretanto, só se tornou possível de ser implantado graças à disponibilidade de fundos como os existentes na Europa e que miram na substituição de combustíveis fósseis como o GNL de petróleo e que Portugal tem acesso.

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA EM PORTUGAL

Portugal vem se destacando na busca de transição energética e já usa fortemente o gás natural em sua frota de ônibus urbanos e agora está ampliando essa descarbonização com a implantação da eletrificação de ônibus e caminhões.

O fato de Portugal ter uma rede nova de fornecimento de gás ajuda porque as adequações para uso da mistura de GNL com hidrogênio são mais simples, o que não acontece em outros países da Europol que têm redes de fornecimento de gás mais antigas.

 
Esse conceito, entretanto, é diferente do que, ao menos, até agora o Brasil trabalha em relação ao hidrogênio verde que é no sentido de produzir grandes quantidade de H2 para se comprimido e exportado para países onde a energia elétrica é muito cara que usariam o hidrogênio verde como substituto do gás natural ou de outros combustíveis fósseis.

Mas a experiência de Seixal não deixa de ser interessante por demonstrar que o uso de hidrogênio verde pode além de ser, um combustível capaz de substituir os derivados de petróleo na produção de energia também se usado ao longo da cadeia produtiva industrial que ele pode atender.

* O repórter viajou à convite da Coniben 2023

 

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