Recife terá centro de especialização médica com uso de cadáveres importados dos Estados Unidos
A proposta do ITC que já existe em vários países é melhorar esse procedimento já que não existem cadáveres disponíveis no Brasil.
Com investimentos de R$ 2 milhões reunidos por um grupo de médicos liderados pelo professor Leandro Braun ao lado dos médicos Gustavo Campos, Luiz Marcos Braga, Laureano Filho e Flávio Vinicius, o Recife vai receber a primeira unidade do Instituto de Treinamento em Cadáveres Frescos (ITC) instituição que já existe no Brasil voltada para proporcionar experiência no acesso à prática cirúrgica, estudo de anatomia e desenvolvimento de habilidades aos profissionais da área da saúde.
A atuação de instituições como o ITC no Brasil se deve a dificuldade que o país enfrenta na formação de profissionais na medicina e na odontologia em função da legislação nacional que só permite a manipulação de cadáveres não reivindicados por familiares junto aos Institutos de Medicina Legal após um prazo de 20 anos o que praticamente torna impossível o seu uso para os profissionais de saúde. O Brasil, porém, não é o único país a ter essa legislação.
Para substituir esse procedimento se desenvolveu no mundo uma indústria de biomodelos sintéticos fabricados com resina plástica que ajudam aos profissionais em formação especialmente em faculdades de medicina privada de modo que o formando só tem contato efetivo com um cadáver humano quando formado.
A proposta do ITC que já existe em vários países é melhorar esse procedimento já que não existem cadáveres disponíveis no Brasil. A proposta do ITC é de profissionais focados para as áreas da medicina, biomedicina, odontologia, enfermagem e perícia criminal, entre outras áreas da saúde.
Segundo o cirurgião Leandro Braun a grande dificuldade de manipulação de um cadáver após 20 anos é ter que atuar nos procedimentos com um corpo formalizado. Ou seja, com um cadáver que passou duas décadas congelado sob efeito do formol. Isso segundo ele prejudica o aprendizado porque a coloração dos órgãos muda uma vez que eles acabam sendo escurecidos além da própria textura dos órgãos com o descongelamento.
Na verdade, por se tratar de peças “frescas”, não formalizadas, as estruturas permanecem íntegras. A sensação tátil, mais próxima da realidade, torna o aprendizado mais abrangente e seguro, antes de realizar a técnica em pacientes vivos.
O ITC substitui esses cadáveres com a importação de corpos ou partes de corpos de países que permitem esse procedimento e que vem exportando para dezenas de centros médicos ao redor do mundo melhorando a formação de profissionais na medicina e na odontologia.
No caso do Brasil, o ITC importa o cadáver para que ele seja usado na formação e na especialização de profissionais em ambiente controlado e como material para cursos específicos que vão desde a área dermatológica como na odontologia. A vantagem desse procedimento, diz o Dr. Gustavo Motta é que é possível importar partes fracionadas de modo a que o curso a ser desenvolvido no Brasil tenha material de qualidade.
O Dr. Gustavo Campos esclarece que para uma organização como o ITC fazer a importação de cadáveres frescos é seguir todo um procedimento burocrático que começa com a autorização de importação do material humano até o descarte com sua cremação e comunicação do procedimento às autoridades.
As vantagens de usos de cadáveres frescos é que eles podem ser usados para vários treinamentos podendo ser manipulados por profissionais de várias áreas. Normalmente eles são usados pelos médicos da área de dermatologia seguindo-se a manipulação por profissionais de outras áreas de modo a otimizar o uso do cadáver como material didático.
O projeto do Recife visa formar profissionais das regiões Norte e Nordeste em todas as áreas. O ITC Recife vai funcionar na Rua (Endereço) num conjunto de salas que poderão ser usados em cursos para áreas como quadril, joelho, cabeça e para melhoria de procedimentos de rejuvenescimento facial. E para um público bem restrito na área de pós-graduação , o que exige manipulação com peças previamente definidas pelo monitor de modo a que o ITC faça a importação do material.
No caso do ITC os corpos são importados dos Estados Unidos e o processo pode levar de média quatro meses.
Uma das áreas de maior uso desse tipo de material humano é a odontologia, cujo profissionais sempre estão interessados em novas técnicas de intervenção. O ITC do Recife pretende oferecer cursos no próximo ano, já que identificou uma forte demanda.
Embora a ideia de manipulação de corpos seja focada na formação profissional com maior proximidade do mundo real, a possibilidade de oferta de cadáveres ou partes de cadáveres serve também a indústria de material médico especialmente na produção e desenvolvimento de instrumentos.
Normalmente, segundo o Dr, Gustavo Campos, as próprias indústrias se utilizam desse material humano para apresentar aos profissionais novas ferramentas de processos cirúrgicos de modo que os alunos possam testá-los em situação real.
O ITC Recife deve começar a funcionar ainda este ano, devendo abrir suas portas em dezembro próximo, quando serão oferecidos os primeiros cursos. Mas a programação de eventos em 2024 prevê a realização de ao menos 10 cursos de várias áreas. A empresa já iniciou os procedimentos de importação para que esse material esteja disponível quando da realização dos cursos de especialização.
Atualmente já existem sedes do ITC nas cidades de Balneário do Camboriú (SC), Campos Grande (MS) , Curitiba(PR) , Belo Horizonte (MG) , Brasília (DF) e Rio de Janeiro.
O Rio de Janeiro é um dos maiores ITC do Brasil um deles o ITC HOF EXPERIENCE marcado para os dias 11 e 12 dezembro visando melhoria da prática com produtos injetáveis e fios de PDO necessários à prática clínica na Harmonização Orofacial que é um dos assuntos mais comentados fora da área médica.