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Etanol entra na rota do carro elétrico, do e-metanol e até do hidrogênio verde

Em 2023, foram vendidps 94 mil carros, onde 42.500 eram híbridos e 32.200 eram hibridos plug-in, e apenas 19.500 inteiramente elétricos.

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Fernando Castilho

Publicado em 30/04/2024 às 0:05
Notícia

Nos últimos meses, quando o discurso do hidrogênio verde passou a encantar o mundo como combustível âncora da chamada descarbonização, ou a redução dos processos produtivos que geram CO2, um produto bem conhecido dos brasileiros voltou a chamar a atenção dos empresários e produtores rurais a partir de uma decisão surpreendente da gigante Stellantis - dona de marcas icônicas e inovadoras, como a Chrysler, Citroën, Dodge, Fiat, Jeep, Opel, Peugeot e RAM entre outras - que decidiu apostar na chamada hibridização dos seus veículos no Brasil a partir do etanol.

Como um grande número de países que - puxados pelos Estados Unidos com a Tesla e da China com a BYD – o Brasil já optou pelo modelo híbrido de carros elétricos por uma razão muito simples. O país vai levar um tempo enorme para ter tomadas elétricas disponíveis de modo que ter um híbrido plug-in virou a senha para as concessionárias entrarem no novo mercado.

Híbridos plug-in

De fato, a oferta de carros híbridos (especialmente os plug-in) virou a porta de entrada dos elétricos no Brasil. Em 2023, foram vendidps 94 mil carros, onde 42.500 eram híbridos e 32.200 eram hibridos plug-in, e apenas 19.500 inteiramente elétricos.

A novidade foi a Stellantis anunciar que dos R$ 30 bilhões que vai investir no Brasil até 2030, a maior parte vai ser para implantar a produção do Bio-Hybrid âncora de uma plataforma destinada a acelerar tecnologias de moto propulsão baseadas na hibridização, combinando eficiência térmica e eletrificação.

Etanol no elétrico

O que a Stellantis fez foi desenvolver quatro plataformas para aplicação no Brasil denominadas de Bio-Hybrid, Bio-Hybrid e-DCT, Bio-Hybrid PLUG-IN e BEV (100% Elétrica). Elas são baseadas em tecnologias diferentes, que apresentam distintos graus de combinação térmica e da eletricidade na propulsão do veículo.

Ou seja, a gigante automobilística está dizendo que vai usar o etanol na hibridização que é extremamente eficiente em emissões como diferencial de seus produtos híbridos, uma vez que a cana-de-açúcar em seu ciclo de desenvolvimento vegetal absorve dióxido de carbono e proporciona 60% de mitigação final do CO2.

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Brasil deve usar mais etanol no processo de hibridicação de seus veículos. - Divulgação

Apenas gasolina

Carro híbrido que roda na partida com eletricidade e depois começar a usar gasolina é o que o mercado tem hoje. De acordo com dados do Webmotors Autoinsights, o sedã Toyota Corolla foi o modelo híbrido mais vendido pela internet no primeiro trimestre de 2024, seguido pelo Volvo XC60 (modelo vendido atualmente como plug-in) e com o Porsche Cayenne em terceiro lugar.

Tem mais, a chinesa BYD está se preparando para produzir carros elétricos e híbridos no Brasil em seu futuro complexo em Camaçari (BA), onde ficava a fábrica da Ford. O plano é montar os carros elétricos Dolphin Mini, Dolphin, Yuan Plus e, acredite, o híbrido Song Plus, com uma atualização que o fará aceitar etanol.

Novo mercado

Isso para as destilarias de etanol do Brasil abre uma nova perspectiva de entrar com um cartão de visita diferenciado num segmento que em tese vai dominar as vendas de veículos no Brasil, antes da eletrificação completa.

Na verdade, a perspectiva é até melhor que a indústria de biodiesel que está apostando numa sobrevida do uso do óleo de soja nos ônibus e caminhões enquanto a Petrobras não começa a produzir em grande escala o seu Diesel R que só terá 5% de biodiesel na composição e que será processado nas suas próprias plantas.

O Diesel R sai do esquema atual de misturar 15% de biodiesel no diesel S-10. Ou seja: o negócio de biodiesel atual não tem futuro. No máximo, pode retardar a mudança para o Diesel R.

Já para o etanol existe um novo mercado por descobrir. Se o padrão Stellantis virar referência as demais montadoras, naturalmente, como já prevê a BYD vão adaptar seus modelos para em lugar da gasolina receber etanol.

Mais chinesas

Tem mais: há duas semanas a sua concorrente chinesa GWM confirmou a chegada do SUV Tank 400 ao mercado brasileiro de montadora para disputar o nicho da dupla SW4 e Hilux, da Toyota. A diferença estará nas motorizações pois enquanto marca japonesa são movidos a diesel, a nova concorrente vai apostar em conjuntos híbridos com opções a gasolina ou etanol.

Claro que essa conversa das montadoras é para se inserir no discurso de transição energética e que, em muitos casos, não é inteiramente verdadeiro. Mas a proposta de adotar o etanol tem a ver com o que empresas como Stellantis fortalecem seu discurso de que acredita ser possível combinar o combustível com a eletrificação se transformando numa alternativa competitiva de transição.

Especialmente quando considerado no ciclo de vida completo do automóvel, o uso do etanol é extremamente eficiente em emissões, uma vez que a cana-de-açúcar em seu ciclo de desenvolvimento vegetal absorve CO2.

Etanol e hidrigênio

Não se sabe que dessa vez o etanol vai ganhar um lugar de destaque na indústria automobilística como ganharam as fabricantes de baterias substituindo (quase todos) os modelos à combustão. Mas não há como não dizer que os fabricantes de etanol brasileiros ganharam um novo discurso.

Isso além do fato de que podem se mostrar reais antes do celebrado hidrogênio verde cujo preço hoje ainda não o torna um combustível competitivo e capaz de substituir os atuais.

E isso talvez explique porque empresas como a dinamarquesa European Energy ao procurar o governo de Pernambuco para anunciar a produção do e-metanol informou que o projeto não foca na exportação de energia a partir de hidrogênio verde, embora no ciclo de produção do novo combustível dos novos super navios, ele entre como componente estratégico.

E ela deve comprar 140 mil toneladas/ano de C02, preferencialmente adquirido em usinas de Pernambuco e demais estados do Nordeste oriental (AL, PE, PB e RN) abrindo um novo mercado para quem faz etanol.

Marcos Oliveira/Agência Senado  Agência Senado
Enquanto o STF travou o debate sobre a desoneação da folha dos omunicipios,a CNM trablha junto a senadores para aprovar uma PEC que isenta as prefeituras. - Marcos Oliveira/Agência Senado Agência Senado

Mundos paralelos

Enquanto o debate está suspenso no STF a Confederação Nacional de Municípios (CNM) segue atuando para aumentar o número de assinaturas para apresentar a emenda de Plenário à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 66/2023 no Senado.

A proposta é de uma desoneração definitiva da contribuição para o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) de todos os Municípios, mantendo a alíquota em 8% em 2024, subindo dois pontos percentuais ao ano e tornando-a permanente em 14% a partir de 2027. O texto da CNM também propõe um parcelamento especial das dívidas dos Municípios junto ao RGPS e aos respectivos RPPS; um novo modelo de quitação de precatórios pelos Municípios e a desvinculação das receitas dos Entes locais.

 

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A importação de combustívesis da Rússia terá que pagar maior tributação aos estados. - Divulgação

Importação de diesel

Acabou a festa da importação de óleo diesel russo com benefício fiscal no Norte do Brasil. O estado do Amapá revogou todos os atos de regimes especiais concedidos a seis empresas que juntas empataram 1,9 bilhões de litros do produto em apenas três meses.

Na última reunião do Confaz foram apreciados os convênios com novos procedimentos de acompanhamento e fiscalização. Agora, o imposto do combustível é destinado ao consumidor final, ou seja, ao estado onde o consumo é efetivado. Os estados ganharam competência para fiscalizar e evitar desvios.

Reforma meia entrada

O Igor Rocha, economista-chefe da Fiesp, revela a frustração da entidade com o encaminhamento da Lei Completar da Reforma Tributária. O modelo desenhado pela entidade considerava uma alíquota média de 21%, se todo mundo pagasse. Infelizmente, foi para 26,5% devido às exceções.

“Esperávamos que a indústria pudesse pagar menos a conta dos outros. O que vemos é que quem está pagando essas exceções, novamente, é a indústria.A indústria continuará pagando mais do que os outros setores, só que um pouco menos do que paga atualmente”. A indústria é o setor mais tributado porque tem de pagar, vamos colocar assim, a “meia entrada” dos demais setores.

Rota do Atlântico

A Monte Rodovia, que faz a administração das rodovias Rota do Atlântico e Rota dos Coqueiros em Pernambuco, comemora três anos à frente quando investiu R$186 milhões nas comunidades locais e na segurança viária. E implantou o Projeto de Auto-atendimento agiliza e facilita os pagamentos nas cabines de pedágio, através de débito e pagamento por aproximação.

PITÚ nacional

A cachaça Pitú participa pelo sétimo ano consecutivo da Apas Show, maior feira nacional de alimentos, bebidas e supermercadistas do País, que acontece entre os dias 13 e 16 de maio, em São Paulo. A Pitú foca na ampliação de sua presença no Sudeste e Centro-Oeste, conquistando cada vez mais as mesas dos bares

Shopping e franquia

A Associação Brasileira de Shopping Centers promove, de 26 a 28 de junho, os três principais eventos do setor: O 18º Congresso Internacional de Shopping Centers, o Exposhopping e a entrega do Prêmio Abrasce, reconhecido no Expo Center Norte, em São Paulo. O evento terá días novas parceria coma Cámara Latinoamericana de la Industria de Centro Comerciales (Clicc), e a Associação Brasileira de Franchising (ABF), que estará realizando no mesmo local a ABF Franchising Expo, maior feira de franquias do mundo, e a ABF Franchising Week, semana de eventos com uma imersão no setor.

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