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Desenrola chega ao fim como número de inadimplentes iguais ao início do programa e explosão de cartões de loja

o Desenrola teve um problema na origem: Ofereceu o mesmo que os credores já oferecem todos dos dias em instituições como a Serasa e o SPC que chegam a mais de 500 milhões de propostas.

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Fernando Castilho

Publicado em 21/05/2024 às 0:05
Notícia

No país onde cartão de crédito é oferecido como penca de banana na feira livre, o final do programa Desenrola é um bom exemplo de como boas intenções e ideias brilhantes nem sempre batem com a realidade e quase sempre acabam em soluções de pouca visibilidade social.
O governo encerrou o Desenvolvimento nesta segunda-feira (20) comemorando a negociação de R$52,93 bilhões e o fato de que 14,75 milhões de pessoas fizeram renegociação de suas dívidas.

O mesmo número

É um bom número, mas está longe de ser um sucesso porque ao lançá-lo o governo achava que ao menos 70 milhões de pessoas estariam com o nome limpo na praça. Apenas com as dívidas de até R$100 reais e renegociação de dívidas bancárias o governo esperava beneficiar mais de 30 milhões de pessoas como anunciado em julho do ano passado.

Não deu bem certo. E nem poderia. Porque, na prática, foi mais uma ação de incentivo sem que houvesse dinheiro na ponta. E mesmo a ação de suspender as restrições de que deve até R$100 não ajudou a recolocar as pessoas no mercado. Porque não eliminou a dívida, mas apenas impediu que um banco, por exemplo, emprestasse mais dinheiro.

Desconhecimento

O gesto embute uma falta de conhecimento da realidade. Uma pessoa que vai pedir um empréstimo e deve R$100, quita o débito na hora se o banco lhe informar que esse é o problema. Então, a verdade é que as pessoas que devem até R$100 ou não concordam com a cobrança, mas não desejam brigar para eliminá-la. Ou simplesmente deixam lá para não fazer compras a crédito mesmo.

A maior prova de que o Desenrola foi bom apenas para os bancos foi o número de contratos celebrados e que de certa forma acabou melhorando os balanços das instituições Elas trocaram um contrato ruim com atrasos de até 360 dias por um novo empréstimo de até 24 meses.

Bom negócio

Na contabilidade do banco isso saiu da coluna de prejuízo para a de empréstimos. No começo do Desenrola, em dois meses os bancos renegociaram R$13,2 bilhões em volume financeiro com número de contratos de dívidas negociados chegando a 1,9 milhão, beneficiando um universo de 1,460 milhão de clientes bancários.

Pode-se dizer que o Desenrola teve um problema na origem: Ofereceu o mesmo que os credores já oferecem todos dos dias em instituições como a Serasa e o SPC que chegam a mais de 500 milhões de propostas. Ora, se o cliente pode resolver a questão ele faz isso direto sem precisar de uma ajuda do governo que nesse caso não entrou com um real.

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Cartões cartões private label no Brasil - Divulgação

O private label

Entretanto existe um fato que em algum momento terá que ser abordado pelo Banco Central que é questão das emissões de cartões private label no varejo usadas para impulsionar a fidelização e as vendas e parte das listagens de consumidores no Serasa e SPC Brasil reflete a popularidade dos cartões de marcas próprias

O Brasil é um dos países que mais usa a estratégia do private label, seja por empresas criadas pelas redes varejistas seja por administradoras de cartões que estão por trás de um cartão de uma rede local de pequeno porte.

Todo mundo tem

E mesmo redes de varejo que tinham sistemas de crediários abriram mão dessa ferramenta de vendas para entregar o private label para uma gestora. O cartão private label atingiu cerca de 295,3 milhões de unidades em 2012. Em 2023 chegou a mais de 600 milhões de cartões.

O problema é que enquanto os grandes bancos fizeram uma redução drástica na emissão de seus cartões e focaram esse serviço em seus melhores clientes, o private label virou um crédito oferecido no meio da rua sem que o futuro portador comprovasse renda.

Campeões no Serasa

Isso explica que nos arquivos do Serasa 29,34% dos débitos são de cartões de crédito embora a empresa não revele o que desse percentual de milhões de cartões venham de débitos de clientes donos de cartões private label. Os números do Serasa são um bom indicador dessa realidade. Ao menos 46% dos devedores têm dívidas de R$1.000,00. Pessoas com idades entre 25 e 40 anos.

Qualquer analista mais atento sabia que o Desenrola jamais cortaria como o governo desejava 30 milhões de pessoas da lista de devedores. Exatamente porque as dívidas com os cartões se tornaram um complicador e os produtos que mais inclui devedores.

E explica porque depois do programa o número se manter nos mesmos 73 milhões de devedores revelando que teve gente que saiu, mas muita gente continua entrando na lista negra.

Crédito fácil

Isso não quer dizer que os cartões private label sejam os vilões da inadimplência. Afinal, as concessionárias de serviços (o nome técnico é Utilities) continuam carregando milhões de devedores, especialmente as de telefonia com dívidas de até R$100.

Mas apontam que ocorreu uma migração do cliente de baixo poder aquisitivo do banco para uma rede de varejo não raro tendo cinco e até 10 cartões diferentes.

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Cartões cartões private label - Divulgação

Créditos inadimplidos

E como tudo relacionado a dinheiro pode virar negócio surgiu um novo negócio de créditos inadimplentes. São empresas que cuidam exatamente de comprar créditos podres e tentar negociar com os devedores.
O chamado mercado Non Performing Loans virou um negócio de R$140 bilhões alimentando o número de mais de 70 milhões de devedores que não param de crescer. Inclusive aproveitando programas como o Desenrola Brasil.

Gosto de Chocolate

Levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas revela que o consumo per capita de chocolate aumentou de 2022 para 2023 de 3,6 quilos para 3,9 quilos. A produção também cresceu 6% e passou de 760 mil toneladas para 805 mil.

O Brasil é o segundo maior consumidor de ovos de Páscoa no mundo, com mais de 60 milhões de unidades por período. Em 2023, foram exportadas 47 mil toneladas. Os principais destinos foram Argentina (53%), Estados Unidos (19%), Chile (12%), Holanda (4%) e Canadá (3,4%). Ano passado, o país recebeu o certificado de “país com cacau 100% fino e de aroma” pelo segundo ano consecutivo.

Fecomércio 70

A Fecomércio PE se juntou à campanha para o fim da isenção do imposto de importação que reúne 69 instituições. No estado, o ICMS cobrado ao comércio local é de 20,5% do valor do produto, taxa maior que apenas os 17% pagos pelas importações inseridas no programa Remessa Conforme. Os empresários locais ainda pagam impostos municipais e federais, podendo chegar a 90% do valor.

Recall de Marcas 

Na quinta-feira (23), o Jornal do Commercio traz o especial do Recall de Marcas 2024. Esta edição apresenta uma pesquisa quantitativa que mede a lembrança e a preferência dos consumidores em relação às marcas atuantes em Pernambuco. O ranking deste ano abrange 66 categorias, que vão de alimentos e bebidas a tecnologia e serviços.

Festa em Brasília

Até a próxima quinta-feira (23), Brasília será palco da XXV Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. Este ano, a Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) está liderando uma delegação que ultrapassará os 600 participantes. Como Pernambuco tem 168 municípios, querer dizer em média cada prefeito levou dois assessores. A Marcha será realizada no Centro Internacional de Convenções do Brasil.

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Mary Elbe Queiroz - Divulgação

Sete mulheres

Hoje, às 14h, na Câmara dos Deputados em Brasília, a advogada tributarista Mary Elbe Queiroz, sócia do Queiroz Advogados e presidente do Instituto Pernambucano de Estudos Tributários (Ipet) fala sobre "O modelo operacional de administração do IBS e da CBS" no seminário sobre a reforma tributária juntamente com outras seis mulheres especialistas que integram o Instinto Unidos Brasil e grupo mulheres no tributário que debate o projeto de lei complementar da Reforma Tributária.

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Porto de Galinhas - Divulgação

Porto inseguro

O Governo do Estado precisa rever sua estratégia de segurança em Porto de Galinhas. O conjunto de empreendimentos deixou de ter uma delegacia (que deveria ter um efetivo que ao menos falasse inglês e espanhol) foi deslocada para o Cabo de Santo Agostinho. Mas o problema é o aumento de roubos de celulares. O problema é que essa sensação se espalhou pelas praias antes e depois do centro de Porto de Galinhas. Além disso, é um destino turístico que investe forte na sua divulgação especialmente na Argentina.

Datagro Show

A consultoria Datagro liderada pelo professor Plínio Nastari e a CropLife Brasil, associação que reúne empresas, especialistas e instituições na produção agrícola sustentável, será patrocinadora do Global Agribusiness Festival, maior festival de cultura agro do mundo, no Allianz Parque (SP) nos dias 27 e 28 de junho. Vai ter shows de Chitãozinho e Xororó e Jorge e Mateus e o Allianz Parque terão diferentes ambientes, com expositores e conteúdo para os participantes.

J. Borges inédito

Dia 28 deste mês, 30 de junho, no Plaza Shopping tem a mostra “J. Borges – O Mestre da Xilogravura” dentro da sua programação junina. A estrutura contempla seis paineis, duas cortinas com mais de 200 cordeis com riqueza de detalhes estéticos e com acesso gratuito.

Empreendedor

Após seis anos, a Feira do Empreendedor, realizada pelo Sebrae/PE, retorna em formato presencial ao Centro de Convenções, em Olinda, num encontro marcado, entre quarta (22) e sexta-feira(25). Ao todo, a Feira oferecerá mais de 350 atividades gratuitas, incluindo uma lista de palestrantes de peso, com nomes como Camila Coutinho, Paulo Muzy, Nath Finanças e Felipe Titto. As inscrições gratuitas no site feiradoempreendedorsp.com.br.

Conferência

Nesta quinta (23) e sexta-feira (24), a Escola Superior de Advocacia com apoio do Centro Universitário Frassinetti do Recife (Unifafire), UFPE e UPE promove a Conferência Regional da Advocacia Pública. O evento é gratuito e acontece no auditório do Tribunal Regional Federal da 5a Região, no bairro do Recife.

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