Boris Berenstein conta sua história, da empresa e ajuda outros empresários a escrever o futuro das suas

Biografia será lançada quinta-feira (17), na Livraria Jaqueira Recife Antigo, contando a vida do médico referência em medicina diagnóstica na RMR.

Publicado em 15/10/2024 às 20:00

Faltava um texto. Um documento que mostrasse a jornada. Uma história contando como ele chegou e o que aprendeu. Não falta mais.

Conduzido pelas mãos firmes de Mona Lisa Dourado, que cuidou de colocar no papel o essencial sem que perdesse a emoção e a alegria, Boris Berenstein está nos entregando um livro que mostra como a sua dedicação e disciplina se fez estrada na construção de uma empresa que tinha o nome do dono na fachada e que virou uma marca tão forte que substantivou o serviço de medicina diagnóstica no Nordeste.

O Raio X de Boris Berenstein conta a história do Boris. Do “judeu Boris do laboratório” que entregava resultados para os médicos assinados por ele mesmo e que fazia questão de conferir o que as máquinas entregavam.

E de como ele decidiu ser uma referência num mercado que, em certo momento, começou a observar o que ele entregava para tentar superá-lo quando o setor de medicina diagnóstica se espalhou pelo Nordeste.

O nome virou marca

Mas também conta a história do personagem cujo nome virou marca. Uma marca que, aliás, permanece na fachada das unidades depois que aceitou uma oferta de compra pelo Grupo Dasa e que, ao menos até agora, a companhia para quem vendeu de “porteira fechada”, não tem qualquer intenção de mudá-lo.

Até porque o nome Boris deixou de ser apenas nome de família que virou marca para ser ativo contabilizado como bem material precificado.

Entretanto, Raio X de Boris Berenstein é, essencialmente, a história de um médico radiologista, frequentador assíduo de congressos e workshops que aprendeu a ser empresário do segmento de análises clínicas quando a empresa começou a abrir unidades e ele percebeu que acabara de se tornar responsável pelo emprego e manutenção de dezenas de famílias de colaboradores.

“Não tinha mais como voltar”, resume. Ele tinha chegado aonde jamais imaginaria como médico e profissional de medicina. A empresa precisava ser cuidada com o mesmo rigor que cuidava de cada laudo e cada resultado que entregava com o seu nome e o número do CRM embaixo e que em cima no papel A4 estava impresso o nome do laboratório.

Foi quando bateu a consciência do empresário que chegava todo dia e via que agora não era mais ele, a família e o pequeno grupo de funcionários que viraram amigos e com quem partilhava suas vidas sabendo os nomes dos maridos e filhos e, não raro, da doenças graves que exigiam cuidado especial cujos exames, ironicamente, o laboratório detectava.

O Boris sempre gentil

As pessoas conhecem Boris pela sua gentileza, elegância no tratar e respeito que tem pelas suas origens judaicas e por terem se tornado clientes da rede de clínicas de diagnóstico.

Só que no mundo empresarial ela tem um enorme respeito por ter conduzido e concluído uma dos mais organizados programas de sucessão por uma média empresa combinada com a venda do negócio ou “do loja” como seus amigos brincam quando falam da rede de clínicas.

O texto preciso de Mona Lisa Dourado ajuda a entender isso de forma bem didática. Porque mostra como isso teve planejamento, execução, método e entrega de forma profissional.

Boris não se tornou um profissional de gestão e sucessão de empresas familiares como os demais especialistas que atuam no ramo. Ele virou um requisitado conselheiro porque pode contar o “case” da empresa que criou na primeira pessoa. É a voz do dono, do empreendedor.

É isso que torna o livro quase um manual para dezenas de empresas familiares que, neste momento, estão vivendo as dores da sucessão depois que ele viveu as suas dores do crescimento e ter transformado o pequeno negócio numa empresa. Ele ajuda muito a quem ocupou espaço no mercado, criou uma rede de fornecedores e clientes, criou uma cultura e que agora os filhos às vezes netos precisam prosseguir a jornada.

Além da viagem histórica sobre como era o Recife ao longo de décadas, sua sociedade, suas empresas e marcos que nos levaram ao celebrado Polo Médico, Raio X de Boris Berenstein é também uma bela história de sucesso empresarial.

Algumas lágrimas nos olhos

De como ele e sua família pode no dia 28 de dezembro de 2021, às 21 horas, “arrumar coragem” para se dirigir aos funcionários e anunciar como ele lembra “com um discreto sorrisos nos lábios e algumas lágrimas nos olhos comunico a vocês a venda do nosso Centro de Diagnostico Boris Berenstein”.

Empresas de donos, às vezes fazem isso “vazando” o fato para a Imprensa. Boris preferiu contar, primeiro, aos seus colaboradores que, na verdade, já sabiam e acompanhavam a movimentação de um grupo de gente fazendo perguntas e pedindo informações. Mas naquela noite se sentiram respeitados.

Como ele tem dito, no mundo corporativo apenas 3% das empresas familiares chama-se segunda geração e 13% a terceira. Mesmo de 3%sobrevivendo à quarta. Eles chamam isso de regra “30-13-3”.

Por isso, no texto Boris faz questão de agradecer a António Jorge e Eliane, da AJA que o ajudaram na jornada e acabaram se juntando numa empreitada que agora os une à prestigiada Cambridge Family Enterprise Group para apoiar as famílias empresárias do Nordeste.

O Projeto Rumo é um bom exemplo dessa sua inquietação. Porque ele ajuda as dezenas de famílias que, em certo momento, levam o empresário a perceber que, como empreendedor, não pode mais tomar decisões sozinho. Porque a complexidade dos negócios aumentou e a governança, sistematizada, tornou-se essencial. Não raro sem ele mesmo perceber aonde chegou.

É importante observar que o Raio X de Boris Berenstein mostra como é a intuição do empreendedor que na maioria dos casos define o sucesso e futuro da empresa não raro contra os dados da companhia apresentados pelos gestores.

Ele lembra que isso fica mais difícil quando “no Loja” está o nome do dono que, no seu caso, carrega também a trajetória de um povo.

O B na lista telefônica

Boris até tira onda dizendo que se era verdade porque a clínica tinha uma marca que era herança de sua família; também é verdade que tinha uma vantagem na época da lista telefônica (muita gente hoje na geração Z nem sabe o que é isso) de ser a primeira a ser lida na hora de competir.

Não estava escrito na lista Clínica Radiologia Boris Berenstein, estava Boris Berenstein Clínica Radiológica. O que poderia ser uma armadilha se o serviço não correspondesse às expectativas.

O modelo cronológico de Raio X de Boris Berenstein nos permite ir construindo, ou reconstruído, para quem acompanha a empresa e “virou freguês” uma jornada de muitos anos.

Porque mostra como ele passou de médico para empreendedor em sociedade e como virou dono do próprio negócio depois do aprendizado societário.

Esse, aliás, é um caminho bem conhecido quando o profissional consegue transformar seu oficial em cotas e depois em participações e insatisfeito decide empreender. Como todos os “medos e descrenças” de amigos e não raro familiares.

Boris teve muita sorte pela família que construiu, o que ajudou bastante. Até para sair do negócio que, aliás, tem seu filho Leon na gestão da empresa, mediante contrato de gestão dos novos proprietários.

Isso serve como exemplo. Até porque revela como no início da carreira é importante ter referências.

Merece atenção o ensinamento da mãe que confisca metade do salário para guardar.

“A senhora vai confiscar meu salário? Depois de tudo que estudei e trabalhei. Não tenho o direito de fazer o que quiser com o meu primeiro pagamento". relembra.

“Tem. Mas me dê metade, seu besta. Eu vou abrir uma poupança em seu nome” disse a matriarca.

Poucos filhos tiveram a sorte de Boris nesse momento. Porque ali estava no gesto uma das mais modernas (e precisas) lições de investimento em capital humano.

Se atualizar e fazer network

O Raio X de Boris Berenstein nos ensina uma coisa fundamental no mundo 5G de hoje: a importância de se atualizar, de fazer o que se chama de network e de viajar para ver “o que está acontecendo” no seu mercado. E isso se torna mais barato quando se conquista o dono do seu emprego de modo que ele pague para você ir ver o que tem de novo por aí.

No caso dele, a Clínica José Aguiar o mandou para um estágio no Rio de Janeiro. Mas isso é importante porque depois da tragédia da pandemia da Covid-19, muitas empresas entenderam que isso poderia acontecer no dos encontros virtuais.

Relacionamento presencial

Não é verdade. Na semana passada, no 25º Congresso do IBGC, evento que, aliás, Boris é figurinha carimbada, ficou claro que as empresas estão voltando a colocar seus funcionários no avião para ver e conhecer gente e incorporar culturas. O relacionamento inter empresarial voltou ao centro prioritário de custos do negócio.

O texto de Mona Lisa Dourado em Raio X de Boris Berenstein vem depois de depoimentos de Marcos Magalhães, executivo da Philips que nos legou - ao lado de Érico Dantas (Odebrecht) Mozart Siqueira (Chesf) e Mozart Neves (UFPE) as escolas de tempo integral que tanto orgulha Pernambuco. Mas também nos brinda com um depoimento de Antonio Jorge e Eliane Cabral seus parceiros e amigos na jornada de transição familiar dos Berenstein.

No fundo, Raio X de Boris Berenstein é um desses textos bem cuidados que o leitor abre começa a folhear e só pára quando ele, na última frase, confessa: Quando olho para trás, não tenho dúvidas: a realidade foi maior que sonho.

Foi mesmo.

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