Fernando Castilho: Inflação da comida assusta consumidor, atacarejo e restaurante que vê margem ficar mais apertada
Mesmo com expectativa de redução nos índices oficiais em fevereiro, mercado registra faturamento menor nos itens relacionados a alimentação no lar

Para quem não está familiarizada com alguns comportamentos do consumidor pode achar estranho saber que, em janeiro, se vendeu menos leite e derivados; que se vendeu menos itens como embutidos e produtos associados ao final do ano, E que, em janeiro, as vendas de alimentos tradicionalmente uma queda de volume porque a dona de casa normalmente faz uma compra de maior volume em dezembro de modo que, em janeiro, ao voltar ao atacarejo, por exemplo, faz uma compra menor porque a dispensa ainda está razoavelmente abastecida.
Mas esse ano, esse movimento de redução de vendas nos atacarejos tem um componente especial: uma pressão maior das indústrias de proteína animal e do setor de hortifrutis. Não foi só o preço do ovo. Os cortes de frango subiram especialmente itens como peito de frango, filet de peito de frango e o corte denominado Sassami, todos preferidos pelo público adepto de uma cozinha mais light.
Óleos e azeite
Não foi só na gôndola de frios. Na prateleira de óleos todos os itens chegaram, em janeiro, com aumentos indo do óleo de soja ao de milho já que o azeite passou a ser algo que a maioria do consumidor já nem se detém para olhar. Em um ano, o azeite literalmente dobrou de preço. Especialmente pela perda de safra na Espanha e Portugal.
Tem mais: a indústria acelerou o fenômeno da apresentação em embalagens menores (os economistas chamam de reduflação). O pacote de macarrão popular agora tem 400 gramas e não mais 500. O pacote de biscoito agora chega a ter 120 gramas e não mais 180. E as bolachas estão chegando com 340 gramas em lugar de 400 gramas. Assim como os queijos mais baratos deixaram de ser ofertados em potes de 500 gramas, passando a 400 e agora em janeiro chegando a 340.
Reduflação
O consumidor percebe essa redução de quantidades nas embalagens. Mas só fica indignado quando percebe que o preço está maior que o que tinha mais quantidade. Promotores de lojas relatam que esse tem sido um desafio, pois a marca passa a ser vista como desonesta ao tentar enganá-lo oferecendo a mesma embalagem com menos volume e não raro abandonam o produto quando verificam os preços.
A indústria sabe que perde venda quando o consumidor percebe que deixou de comprar azeite e levou um blend com óleo de milho ou canola. Que levou para casa mistura de leite no lugar de creme de leite e a, partir de janeiro, um mistura esquisita de milho com café de gosto duvidoso. Ele até aceita pagar mais pelo produto que conhece Mas se irrita com as misturas e embalagens menores, mas não explicadas claramente.

Ovos e café
Esse pacote de informações ruins é o que consolida a percepção de que o mesmo dinheiro já não leva para casa a mesma quantidade de comida. Reduzir a quantidade de produtos como café, ovos, frango e produtos de limpeza é devastador para qualquer governo.
Esse talvez seja o maior desafio do governo Lula em 2025. Porque importa pouco se oficialmente pode-se dizer que os preços subiram porque estão atrelados ao dólar. Eles estão atrelados há vários anos e nem por isso a inflação interna estava passando a imagem de fora de controle.

Boletim Focus
Quando o IBGE ou o Boletim Focus projetam inflação acima da meta fiscal é porque capturaram no atacado e no varejo não só os efeitos do dólar mais da nova realidade brasileira que deixou condição de importadora quando Lula deixou o governo em 2010, para a de exportadora em 2022 cortando seus produtos com preços internacionais.
Isso mudou o jogo. Quando Lula saiu do governo, o Brasil ainda importava milho da Argentina, portanto, poderia comprar ou não e pressionar o preço interno reduzindo a zero a taxação. Em 2024, isso não faz sentido porque virou exportador com preço internacional sob o qual não tem controle. Para completar, o milho agora faz até etanol. Assim como virou líder em soja e algodão.
Mecanismos
Essa parece ser a grande dificuldade do governo em entender os novos mecanismos de um país que virou potência exportadora de proteína vegetal e animal. Carne, frango, poço e até ovos agora tem cotação em dólar como milho, soja, algodão, arroz e feijão. Não é mais açúcar e café ou suco de laranja.
Isso já está batendo nas vendas dos supermercados e atacarejos. Então, importa pouco tentar dizer que no geral a inflação de alimentos subiu acima da inflação. Quem ganha de um a cinco salários mínimos sabe que está comprando menos comida mesmo que o IBGE diga que ela subiu 10%. Na prática, essa inflação estatística já faz um consumidor estar levando ao menos um quinto de comida para casa. Não raro, metade.

Isso é o pré-sal
O Campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Campos, a 180 quilômetros do Rio de Janeiro, atingiu nesta segunda-feira (24) o recorde de 800 mil barris de óleo produzidos diariamente. Búzios, que entrou em operação em 2018, é o segundo campo em volume de produção no país, atrás apenas do Campo de Tupi.
A marca histórica foi alcançada após a chegada da sexta FPSO (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência, da sigla em inglês) ao campo, o navio-plataforma Almirante Tamandaré, que iniciou sua operação em 15 de fevereiro. O recorde anterior era de janeiro de 2024, com a marca de 782 mil barris por dia. Em março de 2024, Búzios atingiu a marca de produção acumulada de 1 bilhão de barris de óleo.
Roubo de cargas
Relatório "Análise de Roubo de Cargas" de 2024 revela que o Sudeste foi a região recordista em prejuízos envolvendo roubo de carga com 83,6%. São Paulo teve 45,8% dos sinistros, seguido por Rio de Janeiro (25%) e Minas Gerais (12,1%). O Nordeste somou 11,7% dos sinistros. O mais surpreendente são os demais números. Região Sul (2%), Centro-oeste (1,8%) e Norte (0,9%). Segundo a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística), em 2024, foram registrados 10.478 roubos em todo o país, uma redução de 11% em relação a 2023 e de 59,6% em comparação a 2017.
Profissional
Pela primeira vez desde sua fundação, a Anfavea substituirá o modelo de um presidente representante de fabricante por um executivo de mercado contratado para liderar a associação. O atual presidente da entidade, Márcio de Lima Leite - que liderou o processo de transformação juntamente com os vice-presidentes - deixará o cargo em 21 de abril, quando assume Igor Calvet como seu novo presidente executivo.

Negócio da alegra
Pelas contas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, o Carnaval de 2025 deve gerar um impacto econômico de mais de R$12 bilhões no Brasil, um crescimento de 2,1% em relação a 2023. A CNC estima que o evento deverá criar mais de 32,6 mil empregos temporários, com destaque para o setor de alimentação, que concentra mais de 22,8 mil vagas.
Voo para o frevo
Em tempos de carnaval, o Recife se destaca, com oferta de 191.984 assentos de companhias aéreas, 10% a mais do que em 2023. A capital pernambucana terá um total de 1.201 voos no período, segundo dados da Aena. O nordeste terá ao todo 819.136 assentos entre os dias 28 de fevereiro e 5 de março.
Destinos da folia
O litoral nordestino ainda segue absoluto na preferência dos brasileiros para curtir o Carnaval. Maceió e Porto de Galinhas lideram as vendas, seguidos pela Linha Verde da Bahia, com destaque para Praia do Forte.
Mas na terceira posição estão Rio de Janeiro, Porto Seguro e Salvador. O Recife só aparece em quarto lugar, e o ranking nacional que se completa com Natal e Foz do Iguaçu. O ranking de janeiro ficou assim 1º: Maceió e Porto Galinhas; 2º Linha Verde da Bahia, com destaque para Praia do Forte; 3º: Rio de Janeiro, Porto Seguro e Salvador; 4º Recife, e Natal e Foz Iguaçu em 5º
Base de cannabis
A Humora, startup que combina produtos à base de cannabis e fitoterápicos para bem-estar, prevê superar R$3 milhões de faturamento em 2025 após registrar um aumento de 650% no ano. Isso foi impulsionado pelo lançamento de novos produtos, como a Humora Boreal, que atualmente é o produto campeão de vendas da marca com eficácia para dores, foco, sociabilidade e bem-estar em formato de gomas com sabor de limão, traz uma combinação dos canabinoides CBD e THC um avanço do mercado de cannabis medicinal no Brasil.

Sorvetes Frosty
A empresa cearense Sorvetes Frosty, marca de gelados comestíveis em expansão pelo Nordeste, investiu na aquisição de duas máquinas (uma câmara fria e um túnel de congelamento e empacotamento automático) para melhorar sua capacidade de armazenamento e produtividade da marca para atende seus clientes no Nordeste. Presente em Pernambuco com 21 unidades, a empresa planeja inaugurar mais de 60 unidades em todo o Nordeste durante o ano de 2025. Atualmente, Pernambuco e o segundo estado com mais lojas, atras apenas do Ceara, onde se localiza a matriz da companhia.

Energia barata
O mercado livre de energia registrou um crescimento expressivo, com 26.834 novos consumidores migrando para o Ambiente de Contratação Livre (ACL) em dois meses, um aumento de 262% em relação a 2023. De acordo com a ANEEL, esse crescimento foi impulsionado principalmente pela abertura do mercado para todos os consumidores de alta tensão (Grupo A) a partir de janeiro de 2024. O setor de serviços e comércio liderou as migrações, seguido pela indústria de manufaturados e o segmento alimentício.
Odontologia
Com investimento de R$10 milhões, a Faculdade de Odontologia de Pernambuco (FOP-UPE), no Recife, passa a ocupar nova sede para a realização das suas atividades teóricas e práticas em um mesmo espaço físico. Fica na Avenida Norte Miguel Arraes de Alencar, próximo às unidades de educação e saúde do campus Santo Amaro. O dinheiro veio do programa Inova PE.