Carta ao leitor Noel
Um sonho de Natal: queremos ver se espalhar ao nosso redor a leitura - talvez não seja o mais comum dos pedidos, nem fácil, mesmo para o senhor

Desde que a gente é gente, sabe que Papai Noel nos lê. Se Papai Noel existe é por causa das cartas. A crença atravessa a imaginação infantil e permanece no imaginário coletivo. Quem as escreve acredita na força de realização da palavra escrita, tanto quanto na gentileza ubíqua do velhinho sorridente, alvirrubro, de barba branca e, muitas vezes, de óculos. Os óculos, aliás, ampliam o traço característico de leitor atento às solicitações de uma infinidade de presentes.
Cada presente é a materialização do desejo expresso na tinta que sai da mente ao papel, quando ganha a possibilidade do real através da carta. Mas há pedidos que misturam matéria e sonho, como o senhor deve saber tão bem. Por isso, Noel, para não abdicar do espírito natalino, gostaria de pedir uma coisa somente: que todos os pedidos nas cartas enviadas à sua leitura sejam atendidos. Porque na maioria imensa dos casos, não são meros desejos, e sim, necessidades de sonhos para lidar com a realidade de vidas deparadas com tão poucas chances de serem escritas!
Aproveito para incluir na lista essa cartinha, com um sonho que não é de um, mas de muitos. E precisa de uma combinação de fatores para se transformar em realidade – nada que Papai Noel não possa fazer. Nós que fazemos uma restrita legião de leitores e escribas de cartas condensadas no melhor dos presentes – os livros – queremos ver se espalhar ao nosso redor a leitura. Talvez não seja o mais comum dos pedidos, nem fácil, mesmo para o senhor. Talvez nem tenha como embrulhar para presente, ou transportar no trenó voador. Mas entre o sonho e a matéria, a multiplicação da leitura depende da vontade de ler dos leitores. E da vontade de quem pode decidir a favor da formação de ambientes propícios à leitura, sobretudo nas escolas e comunidades, Noel, de onde partem tantas cartas ao seu encontro.
Rogamos por seu apoio. Apelamos ao maior leitor de cartas – dizem que um poeta mineiro de Itabira teria sido sério concorrente – ao entregarmos esse sonho escrito: um Natal atrás de outro com mais leituras e menos lágrimas por detrás dos pedidos de Natal.
Miró no Muafro
O Museu de Artes Afro-Brasil Rolando Toro – Muafro – se prepara para abrigar a Sala Miró da Muribeca, em 2025. A sala terá uma exposição permanente sobre a vida e obra do poeta, onde também haverá ações formativas para e com jovens poetas periféricos. "Esse espaço de formação era um desejo de Miró que começamos a realizar", disse Wellington de Melo, curador e legatário da obra do poeta. Na foto, registro do encontro de Wellington com Lúcia Helena Ramos e Auríbio Farias, gestores do Muafro, localizado no bairro do Recife, próximo ao Marco Zero da capital pernambucana.
Desabafo de um editor
O editor Alexandre Staut, da Folhas de Relva, postou em suas redes um balanço que soa como um desabafo representativo de outras editoras de mesmo porte. Com sua autorização, reproduzimos um trecho na coluna. “Quando se fala em livro no Brasil, há os dez autores/livros escolhidos, gente com bastante prestígio - não que não sejam maravilhosos - e às editoras independentes resta esperar os editais, que muitas vezes são enfiados dentro de uma gaveta pelo poder público. A Folhas de Relva tem cinco aprovados no edital de compras públicas da Prefeitura do Recife desde o ano retrasado. Não há qualquer resposta sobre a aquisição. No edital de Fortaleza, a mesma coisa. O edital Minha Biblioteca, da Prefeitura de São Paulo, que já comprou diversos livros da FdR, não lançou sua lista de aprovados este ano, pois a minuta da lista se perdeu no gabinete do prefeito. Sem os editais, milhões de exemplares deixam de circular entre alunos das escolas municipais dessas capitais”, registra o editor.
O vácuo do PNLD
Alexandre Staut também se dirige à gestão federal, em relação ao Programa Nacional do Livro Didático, tradicional fonte de recursos para as editoras e de promoção da bibliodiversidade: “O PNLD 2022 foi assassinado. O 2023 e o 2024 estão atrasados. A política nacional do livro e da leitura virou qualquer coisa. No grupo de editores do Whatsapp, o famigerado "Unidos do PNLD", os quase quinhentos participantes estão sem saber para onde correr. Tudo isso impacta absurdamente toda a cadeia, mas principalmente as independentes, que não têm um grupo financeiro por trás. Quem está de fora acha chique ter uma editora, mas não sabe a ralação que é”, diz ele, que termina em clima natalino com um pedido. “Então, minha gente, para o presentinho de última hora, lembra da gente! Tá aqui o site: www.editorafolhasderelva.com.br. E lembra também de tantas outras editoras independentes, todas com um trabalho lindo, espalhando boa literatura por aí”.
Finalistas do Kindle
Foram anunciados os finalistas da nona edição do Prêmio Kindle de Literatura: Sonia Zaghetto, Yara Fers, Bruno Crispim, Walther Moreira Santos e Lucas França. Esses já irão ter suas obras publicadas em formato de audiolivro pela Audible. Além disso, o vencedor verá o livro físico publicado pelo Grupo Record, com edição especial para os assinantes da TAG Experiências Literárias, e ainda ganha R$ 50 mil. No júri deste ano, estão João Silvério Trevisan, Andrea Del Fuego e Cidinha da Silva. O ganhador será conhecido em fevereiro.
Me chamo milagre
Será neste domingo, 22, às 11h da manhã, a live de lançamento do novo de Augusto Cury, publicado pela Planeta. “Prepare-se para mergulhar em uma história emocionante que promete transformar sua visão sobre a vida e te inspirar a enxergar o extraordinário nas coisas mais simples”, convida o autor nas redes sociais. A live poderá ser acompanhada no Instagram @planetadelivrosbrasil.
Sarau do Poeta
O teatro Nélson Rodrigues recebe o espetáculo do ator e diretor baiano Jackson Costa, no sábado, 28, e domingo, 29, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro. Na combinação de música e poesia, “O Sarau do Poeta” oferece ao público uma imersão na cultura nordestina. As apresentações serão às 5 da tarde nos dois dias.
Sobre o que eu estava falando mesmo?
A editora IpêAmarelo traz o novo livro da jornalista Maíra Gomes, com evento de lançamento marcado para o sábado, 4 de janeiro, em Saquarema, no estado do Rio de Janeiro. Com quatro infantis publicados, este é o primeiro para o público adulto, em tom confessional bem-humorado. Os autógrafos começam às 18h no Bold Burger.
Vanessa Meriqui no Loba
O livro “Contos para saborear” de Vanessa Meriqui, publicado pela Patuá, está entre os três finalistas em sua categoria na primeira edição do Prêmio Loba, exclusivo para concorrentes mulheres, que teve mais de 600 inscrições. O anúncio das vencedoras será em 25 de janeiro, na Casa de Cultura do Parque, em São Paulo.
Milagre
A jornalista Bárbara Acácia Cristiano está lançando seu primeiro livro, que conta a história pessoal de enfrentamento da mortalidade e descoberta da fé. “Milagre – A demonstração do poder de Deus sobre a vida humana” oferece reflexões sobre aceitação, perseverança e propósito da vida, com a convicção de que “tudo coopera para o bem”, segundo a autora. A publicação é da Ipê das Letras.
Encontro na livraria
Marcelino Freire e Xico Sá fizeram bate-papo mediado por Tatiana Lazzarotto e Monyse Ravenna, na Livraria Sentimento do Mundo, em São Paulo. A conversa teve como motes os livros “Escalavra”, de Marcelino, publicado pelo selo Amarcord da Record, e “Cão mijando no caos”, de Xico, publicado pela e-galáxia.
Encontro na UBE
Dom Bruno Lira, Reitor da Igreja São José dos Manguinhos e membro da União Brasileira de Escritores (UBE-PE), comandou reunião fraternal neste mês de dezembro, na sede da entidade, no Recife, ao lado da presidente Lucia Sousa e do vice, Evandro Barbosa.
O tempo contemplado
Em artigo para o Livronews, o escritor e crítico literário Peron Rios, da Academia Pernambucana de Letras, trata da poeta Maria do Carmo Barreto Campello de Melo, falecida em 2008, que foi também integrante da APL e teria feito 100 anos em 2024. “Da poesia de Campello flagramos sua visão vital: no sofrimento, o acessório se desfaz e a essência prevalece; afinal, podemos concluir: se a vida é verde, a verdade é madura. Vários poemas de Maria do Carmo Barreto Campello delineiam um roteiro da matéria essencial, na fabricação de seu universo particular: pai e mãe, sol e semente, mar e lodo, vento e pétala. Em seus livros, concentra-se, além disso, uma iconografia sintomática: portas e janelas compõem a paisagem da escrita, onde pulsa um desejo pelas percepções abertas”, anota Peron Rios. Leia o texto completo no site www.livronews.com.br.
A intensa palavra de Drummond
A Record lança uma antologia de crônicas inéditas de Carlos Drummond de Andrade, escritas para o jornal Correio da Manhã entre 1954 e 1969, e jamais publicadas em livro. A seleção é de Luís Henrique Pellanda, e o texto da orelha, de Luiz Ruffato. Para Pellanda, Drummond consegue captar problemas e vivências universais e ainda atuais, e sua leitura mostra que “uma crônica escrita no Brasil, há setenta anos, pode ganhar novos sentidos”.