SUPERSTIÇÃO

Sexta-feira 13: de onde surgiu a crença de que gatos pretos dão azar?

Por causa de preconceito que ronda os animais, eles costumam ser os primeiros na lista de maus tratos

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Katarina Moraes

Publicado em 13/08/2021 às 14:00 | Atualizado em 13/08/2021 às 22:02
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A temida "sexta-feira 13" é capaz de fazer até os menos crentes respeitarem superstições. Não quebrar espelho, evitar passar por baixo de escada e não dar tchau em uma ponte são inofensivas. O problema é que, quando se trata de evitar encontrar um gato preto, a crença, muitas vezes ultrapassa os limites da brincadeira para virar até mesmo crime.

Com a chegada da data, Elpídio Araújo, fundador da ONG Eu Amo Animais, no Recife, que abriga 80 gatos, liga o alerta para a adoção dos felinos pretos. "Não deixamos pessoas adotarem gatos pretos antes da sexta-feira 13. Na data, eles não só são violentados, como abandonados. Perto de casa, já encontrei dois mortos que haviam sido usados em rituais", contou.

Por causa de preconceito que rondam os animais, eles costumam ser os últimos a serem escolhidos nas filas de adoção, ainda que sejam carinhosos e tenham uma boa saúde, e os primeiros na lista de maus tratos. "É muito mais difícil eles serem adotados do que os outros", disse Elpídio.

O curioso é que no Egito Antigo eles já foram venerados, por causa da deusa Bastet. Só na Idade Média o estigma dos gatos pretos teve início, quando foram associados à práticas de bruxaria. O papa Inocêncio VIII, no século 15, chegou a incluir o animal em sua lista de perseguidos pela Inquisição.

"Os animais são seres sencientes, ou seja, são capazes de sentir e responder aos estímulos recebidos pelos órgãos dos sentidos, assim sendo o abalo de um animal vítima de maus tratos é muito grande, ele entra em sofrimento, com alto índice de estresse e alterações comportamentais, manifestando agressividade, prostração, apatia e quando abandonados os quadros são agravados pela exposição ao frio, fome e medo, resultando em prejuízos na saúde emocional e física", lamentou a médica veterinária Márcia Figueiredo.

A estudante Beatriz Cruz, de 22 anos, já cansou de ouvir comentários negativos sobre seus dois gatos pretos que adotou nas ruas. "Tenho uma gatinha preta já faz 15 anos, e a peguei na rua porque era muito mal tratada. Ouvia muitas pessoas falarem que eles dão azar quando era mais nova, e odiava. Hoje ganhei mais um, amo os dois. Se alguém chega para falar algo deles, dou um fora", disse.

CORTESIA/FAMÍLIA
Pilsen, 2 anos - CORTESIA/FAMÍLIA
CORTESIA/FAMÍLIA
Juju, de aproximadamente 15 anos - CORTESIA/FAMÍLIA

Sancionada no último dia 29 de setembro, a Lei 14.064/2020 aumenta a punição para quem comete maus tratos a cães e gatos. Agora, quem for condenado por esse crime pode cumprir pena de dois a cinco anos de prisão, multa e proibição da guarda. Esta Lei altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que previa detenção de três meses a um ano, e era criticada por defensores de animais por ser muito branda com os agressores.

Denúncias de maus-tratos contra animais podem ser feitas pelo número 181, que funciona 24h por dia ou pelo telefone da Demapa (3238-1225), em horário comercial. Segundo informações da Demapa, só no primeiro semestre de 2020, a Polícia Civil realizou 185 atendimentos a denúncias de maus tratos de animais, registrand 20 ocorrências a partir dessas observações, pois a maioria não foi comprovada como crime perante a lei.

Quando começou a crença da sexta-feira 13?

Muita gente já deve ter se perguntado de onde surgiu a crença da Sexta-feira 13. A história começou a ganhar capítulos, em 1907, depois de uma publicação do livro chamado Sexta-feira 13, publicado pelo corretor de ações Thomas Lawson. Essa foi a inspiração para a mitologia em torno da data.

A obra conta a história sombria de um corretor de Wall Street, que manipulava o valor de ações para se vingar de seus inimigos, deixando-os na miséria. Das duas datas marcadas para este ano, esta é a primeira Sexta-feira 13 do ano, com outra marcada para outubro.

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