POR ROBERTA SOARES, DA COLUNA MOBILIDADE
A frota de ônibus da Região Metropolitana do Recife será reduzida ainda mais devido à pandemia do coronavírus. O sistema irá operar, a partir desta sexta-feira (3/4), com um pouco mais da metade da frota (53%) regular, ou seja, 1.431 coletivos. Os empresários de ônibus também estão autorizados a realizar apenas 45% das viagens programadas diariamente e operar com 47% dos veículos. As determinações são do governo de Pernambuco, gestor do Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR (STPP/RMR). E, apesar de estar reduzindo ainda mais a opção de transporte para as pessoas que precisam sair de casa, o Estado diz que continua exigindo da operação a disponibilização de veículos extras nos terminais integrados de maior movimentação para evitar o acúmulo de passageiros nas filas e, assim, atender o que preconiza as autoridades de saúde.
A frota de ônibus da Região Metropolitana do Recife será reduzida ainda mais devido à pandemia do coronavírus. O sistema irá operar, a partir desta sexta-feira (3/4) com menos da metade (47%) da quantidade regular, ou seja, 1.350 coletivos. Os empresários de ônibus também estão autorizados a realizar apenas 45% das viagens programadas diariamente. As determinações são do governo de Pernambuco, gestor do Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR (STPP/RMR). E, apesar de estar reduzindo ainda mais a opção de transporte para as pessoas que precisam sair de casa, o Estado diz que continua exigindo da operação a disponibilização de veículos extras nos terminais integrados de maior movimentação para evitar o acúmulo de passageiros nas filas e, assim, atender o que preconiza as autoridades de saúde.
Na nota oficial em que infroma a nova reorganização da operação do STPP durante a pandemia, o governo de Pernambuco argumenta que as reduções do número de veículos têm sido gradativas e sempre se mantêm inferior à queda na demanda de passageiros, que já ultrapassou os 75%. A decisão acontece dois dias depois de os empresários de ônibus promoverem uma demissão em massa de três mil motoristas, cobradores, fiscais e mecânicos - segundo denúncia do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco. Mas, segundo o governo, a revisão da programação já estava prevista diante da queda de demanda das últimas semanas da pandemia. Não seria uma decisão para agradar o setor empresarial e, assim, tentar reverter as demissões. O Estado pede, ainda, que a população siga priorizando o isolamento social e só utilize o transporte público quando for realmente necessário. E que, ao fazê-lo, evite os horaios de maior movimento, quando há uma maior concentração de pessoas nos ônibus e nos terminais integrados: das 5h às 8h e das 17h às 20h.
O Estado segue sem se pronunciar sobre a demissão em massa dos rodoviários. Provocado pelo sindicato da categoria, decidiu participar das negociações para tentar reverter a situação, algo que historicamente nunca fez. Nos últimos dois dias teve reuniões com o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco e com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE) na busca de soluções. Mas nenhum posicionamento formal foi anunciado. Enquanto isso, a postura do setor empresarial gera indignação na sociedade. Uma carta de indignação foi assinada pelo Movimento Ética e Democracia, constituído de profissionais liberais, professores universitários, profissionais de TI e empresários, e encaminhada ao governador Paulo Câmara cobrando uma forte e imediata reação do governo de Pernambuco. O grupo acusa o setor empresarial de ser oportunista, desumano e de estar, com a atitude, sabotando o plano de combate à pandemia do coronavírus no Estado, que tem exigido total empenho não só do poder público, mas de diversos setores da sociedade. E exige, inclusive, que o governador Paulo Câmara, caso o setor empresarial não retroceda, suspenda as permissões das operadoras do serviço de transporte diante da excepcionalidade do momento.
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Das onze empresas que operam o transporte por ônibus, pelo menos dez teriam promovido demissões. E a expectativa é de que pelo menos 60% do quadro de profissionais percam os empregos por causa da queda de demanda, agora superior a 75%. As informações ainda não são oficiais, mas a quantidade de demissões impressiona. Duzentos profissionais foram dispensados somente na empresa Transcol, que opera na Zona Norte da capital. A empresa Vera Cruz - que atende o Sul do Recife e da RMR - teria demitido 230 profissionais. A Caxangá, que roda na Zona Norte da capital e em Olinda, no Grande Recife, teria afastado outros 270 motoristas, cobradores, fiscais e mecânicos. A Empresa Metropolitana, do mesmo grupo da Caxangá, teria promovido outras 250 demissões. Além delas, a Globo, Itamaracá, Borborema, Rodotur, Cidade Alta e Pedrosa - esta última do mesmo grupo da Transcol - também fizeram demissões. Ou seja, praticamente todo o sistema promoveu e está promovendo afastamentos. A RMR tem hoje cerca de 15 mil rodoviários, dos quais 13 mil, aproximadamente, são funções diretas da operação de transporte: motoristas, cobradores e fiscais. O setor empresarial não quis informar o total de demissões e o Estado disse não ter conhecimento.
A Urbana-PE só se posicionou uma vez sobre as demissões e a crise no setor provocada pela pandemia do coronavírus. Em resumo, disse que está demitindo agora para tentar demitir menos no futuro, enquanto durar a pandemia. Que as dificuldades enfrentadas não têm precedentes na história do setor, com perda de passageiros superior a 75% da demanda. Que, como o transporte é mantido prioritariamente pela tarifa paga pelo passageiro, a situação ficou insustentável. E que tentou um acordo com os rodoviários, sem sucesso. Os empresários pernambucanos têm silenciado sobre a crise desde o começo, posicionando-se apenas nesta terça-feira (31/3), após a repercussão das demissões em massa.
Em compensação, os representantes nacionais do setor vêm fazendo alertas sobre as consequências da crise desde a primeira semana do isolamento social determinado no País. Em conjunto com o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana e a ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), o programa propõem que o Governo Federal destine R$ 2,5 bilhões por mês para aquisição de créditos eletrônicos de passagens, enquanto perdurar a crise da pandemia. As entidades, apoiadas pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP), defendem o valor como sendo necessário para equilibrar custos e receitas no setor e manter funcionando o mínimo do transporte público por ônibus.
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