São anos e anos em que a reportagem do JC observa as condições de trafegabilidade e segurança viária da BR-232. E, como consequência, flagra a degradação visível do eixo que virou símbolo do desenvolvimento interiorano de Pernambuco. Por muitos anos, um abandono político, com a política impedindo a conservação técnica da rodovia, já prejudicada pelas falhas de drenagem da duplicação do corredor. Ao ponto de comprometer a segurança de motoristas e apagar a imagem de estrada moderna e segura conquistada com a duplicação. Em abril de 2019, por exemplo, nem contrato de manutenção a BR-232 tinha. Estava totalmente abandonada pela gestão do PSB, que tanto criticou a execução do projeto. Até mesmo serviços básicos como a retirada da vegetação e a manutenção da sinalização não existiam. A rodovia parecia uma floresta, por exemplo.
Atualmente, está menos ruim. O Estado retomou a manutenção do pavimento e, embora siga jogando asfalto sobre as placas de concreto - o que potencializa o perigo para os veículos em velocidade e amplia a deterioração do pavimento -, pelo menos repassa a imagem de cuidado. Embora a BR em nada mais lembre a rodovia duplicada de 2004 e não tenha, sequer, mais placas verticais ao longo dos 134 quilômetros entre Recife e Caruaru, ao menos dessa vez o governo estadual fez uma operação tapa-buraco mais ampla. Alguns trechos completamente esburacados - principalmente no sentido Caruaru-Recife, o mais degradado dos dois -, receberam uma camada de asfalto por uma extensão maior. De tão recente, a recuperação do pavimento ainda não foi nem concluída e permanece ainda sem a sinalização horizontal. Segundo o Estado, têm sido gastos entre R$ 12 e R$ 15 milhões com a recuperação paliativa (tapa-buraco) do pavimento e a capinação da rodovia. A 232, no entanto, segue sendo uma verdadeira montanha-russa e exigindo muita atenção dos motoristas.
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A OPINIÃO DE QUEM VIVE A BR
“Eu confesso que não lembro de quando a BR-232 era um tapete, logo após a duplicação. Era muito novo. Meu pai é quem conta. Mas hoje ela é muito ruim. Perigosa demais. Pelo menos no trecho entre Recife e Caruaru. Está toda remendada, um perigo para trafegar. E quando chove piora demais porque fica ainda mais perigosa. Viajo pelo País e, de fato, esse é um dos piores trechos por onde passo”, opina o caminhoneiro Carlos Alberto da Silva, que reside no Recife viaja pelo País conduzindo uma carreta.
“A BR está uma porcaria e não é de hoje. Fazem anos e anos. E quem mais sofre é o caminhoneiro porque a faixa da direita é a mais destruída, o que nos força a trafegar pela esquerda. Mas quando a PRF vê, aplica uma multa porque não podemos permanecer na faixa da esquerda, apenas para ultrapassagens. Mas a questão é que há trechos em que é impossível trafegar. Parece uma montanha-russa. E poderia ser diferente. Bastava o poder público querer porque pagamos um IPVA altíssimo”, critica o caminhoneiro Osvaldo Cabral, que reside em Garanhuns (Agreste pernambucano) e viaja com frequência para o Recife.
“A 232 segue abandonada. Os problemas vão além do pavimento destruído. A drenagem e a iluminação, por exemplo, são alguns deles. Trabalho há três anos em um posto de gasolina às margens da rodovia e foi preciso que o proprietário instalasse, por conta própria, refletores no entorno para conseguir operar e afastar os assaltos. É muito abandono”, lamenta o frentista Paulo Pereira, funcionário do Posto Petrovia, localizado em Encruzilhada São João, distrito da cidade de Bezerros, no Agreste, e cortado pela BR.
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