TRANSPORTE PÚBLICO

Greve de motoristas e cobradores de ônibus mais perto na Região Metropolitana do Recife

Movimento é tido como certo entre a categoria, com assembleia já marcada para o dia 16. Descumprimento do acordo firmado diante da Justiça do Trabalho, evidente com o movimento de impedir a saída de ônibus sem cobradores em três empresas nesta quarta-feira (9), é a causa da revolta

Roberta Soares
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Roberta Soares
Publicado em 09/12/2020 às 19:14 | Atualizado em 11/12/2020 às 21:49
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A decisão sobre uma greve acontecerá na próxima quarta-feira (16/12), numa assembleia da categoria - FOTO: Day Santos/JC Imagem

Greve de ônibus à vista. De novo. Uma paralisação de motoristas e cobradores de ônibus está mais perto de acontecer na Região Metropolitana do Recife. A constatação de que a dupla função por motoristas não deixou de acontecer e que os cobradores não voltaram para todas as linhas como acordado diante da Justiça do Trabalho, evidente no movimento desta quarta-feira (9), é o que alimenta o futuro movimento. A decisão sobre uma greve acontecerá na próxima quarta-feira (16/12), numa assembleia da categoria.

Entre os rodoviários, devido à revolta da categoria, a paralisação é praticamente certa. E têm pressa. Querem para antes do Natal. “As empresas descumpriram tudo que foi mediado diante do Tribunal Regional do Trabalho. Ficou acordada a volta dos cobradores e o fim da dupla função. Inclusive, com a participação do governo do Estado. Tudo fez parte de uma portaria estadual. Mas mesmo assim as empresas não estão cumprindo. Além disso, descumpriram outros pontos do acordo, como estabilidade de seis meses e o pagamento de reajuste retroativo a julho. Elas continuam afrontando o Judiciário e o governo do Estado. A categoria está muito insatisfeita e isso será demonstrado na assembleia quando poderemos aprovar um indicativo de greve”, disse Aldo Lima, presidente dos rodoviários.

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Empresas Caxangá e Metropolitana pararam com todas as linhas porque são as que mais retiraram cobradores. No caso do Consórcio Recife, a linha 520 - TI Macaxeira/ Parnamirim ficou sem rodar nesta quarta (9) porque a empresa priorizou os cobradores nas linhas do SIC (Sistema Complementar do Recife), que é de fato gerido pela Prefeitura do Recife - Alex Oliveira/JC Imagem

O fato de a Procuradoria Geral do Estado (PGE) ter concluído, num parecer solicitado pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), que a Lei Municipal 18.761/2020 é inconstitucional e não tem aplicabilidade às linhas metropolitanas, é minimizado pelos rodoviários. Para eles, o acordo diante do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT), que resultou na Portaria 167/2020 do CTM, é mais importante. Entendem que a portaria é uma decisão estadual e se sobrepõe ao parecer. Na portaria, o governo amplia a implementação da lei da dupla função para todas as linhas da RMR (no caso, o Sistema de Transporte Público de Passageiros - STPP) e determina que todas circulem com um cobrador.

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A realidade dos cobradores e da dupla função na RMR - Artes JC

TRANSTORNOS
No meio dessa batalha estão os passageiros, que mais uma vez foram prejudicados com o movimento de fiscalização realizado pelo Sindicato dos Rodoviários, que terminou com três empresas (Caxangá, Metropolitana e o Consórcio Recife, formado pela Pedrosa e Transcol). Mais de cem linhas não circularam durante a manhã e o início da tarde desta quarta. A Caxangá e a Metropolitana tiveram a operação totalmente paralisada, segundo o CTM.

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Entre os rodoviários, devido à revolta da categoria, a paralisação é praticamente certa. E têm pressa. Querem para antes do Natal - Day Santos/JC Imagem

À tarde, sob pressão da Polícia Militar após decisões conquistadas pelas empresas de ônibus proibindo o bloqueio na porta das garagens, os coletivos começaram a sair. Mas até lá, a população sofreu.
Em alguns terminais integrados e nas áreas Oeste do Recife e Norte da RMR o impacto para os passageiros foi grande pela manhã. Os TIs Xambá e Macaxeira foram os mais impactados. O primeiro, por exemplo, tem toda a operação realizada pela Caxangá. A empresa ficou com as 53 linhas e 390 ônibus parados durante a manhã desta quarta. “Estou desde às 6h15 na fila esperando a linha Macaxeira-Parnamirim, uma das que não conseguiu sair da garagem. Cadê o secretário de saúde nessas horas? As festas de Réveillon foram proibidas, mas a gente pode passar por isso?", questionou a passageira Ivonete Silva, que enfrentava aglomeração enquanto esperava o ônibus no TI da Macaxeira.

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Passageiros tiveram dificuldades nesta quarta-feira (9) no Grande Recife - Day Santos/JC Imagem

POSICIONAMENTOS
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE) disse garantiu que suas associadas têm cumprido todas as cláusulas referentes ao dissídio coletivo da categoria acordadas em mediação junto ao TRT. Também confirmou que questionou o CTM quanto à aplicação e abrangência da lei da dupla função, principalmente agora, com o parecer negativo da PGE. Já o CTM disse por nota que têm procurado o diálogo com os sindicatos para alcançar um entendimento em comum e que iria informar o TRT sobre as dificuldades enfrentadas para o cumprimento do acordo, considerando o parecer da PGE.

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