Rodoviários e empresários de ônibus não chegaram a um acordo durante audiência de conciliação mediada pela Justiça do Trabalho, mas a boa notícia é que a greve pode ser suspensa ainda na tarde desta quarta-feira (23/12), segundo dia do movimento na Região Metropolitana do Recife. Isso porque os motoristas e cobradores poderão encerrar o movimento. A proposta será levada à categoria em votação na sede do sindicato da categoria, em Santo Amaro, área central do Recife.
- Um embate difícil e já anunciado entre rodoviários, governo de Pernambuco e empresários de ônibus
- Justiça determina que rodoviários em greve garantam 50% da frota nas ruas do Grande Recife
- Quarta-feira decisiva para a greve dos rodoviários na Região Metropolitana do Recife
- Segundo dia de greve de rodoviários no Grande Recife com oferta um pouco maior de ônibus
- Grande Recife tem 43% da frota de ônibus nas ruas no segundo dia da greve dos rodoviários
Os rodoviários vão propor suspender a paralisação, que teve início na terça-feira (22) e vem demonstrando força com pouco mais de 48% da frota de coletivos nas ruas (no primeiro dia não passou de 35%), até o julgamento do dissídio de greve, agendado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT 6ª) para o dia 28/12, às 10h. A informação foi dada pela equipe jurídica do Sindicato dos Rodoviários durante a fracassada audiência, apesar de o movimento estar sendo avaliado pela categoria como forte - o que de fato se constata nas ruas, com a pouca quantidade de coletivos e o sufoco enfrentado pelos passageiros.
Detalhes da decisão de colocar a suspensão do movimento em pauta não foram passados. Mas com certeza alguns fatores pesaram: a determinação do TRT 6ª Região para que fossem garantidos 50% da frota de ônibus nos horários de pico e 30% no resto do dia durante a paralisação, a multa de R$ 100 mil por cada dia de descumprimento, e a proximidade do feriado de Natal, quando o número de deslocamentos naturalmente é reduzido na RMR, o que enfraquece a força de uma greve. O fato de a Urbana-PE estar utilizando o quadro reserva de motoristas também pesou.
“Vamos levar a proposta para a categoria porque o Sindicato dos Rodoviários costuma cumprir o que a Justiça determina. Embora não tenhamos controle sobre a quantidade de ônibus que as empresas colocam nas ruas. Houve empresa que não soltou nenhum ônibus, por exemplo, porque não quis”, afirmou a advogada do Sindicato dos Rodoviários, Raquel Sousa. O TRT da 6ª Região determinou o cumprimento da frota mínimo após ser provocado pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE), que deu entrada no dissídio coletivo. Também proibiu os rodoviários de bloquearem as garagens ou impedissem os motoristas que quisessem sair para trabalhar. Os empresários, no entanto, também perderam, já que pediram a presença de 70% da frota no pico e de 50% no fora pico, e não foram atendidos pela desembargadora e vice-presidente do TRT da 6ª Região, Dione Nunes Furtado.
AUDIÊNCIA TENSA
Apesar da possibilidade de o movimento dos motoristas e cobradores ser encerrado ainda nesta quarta-feira (23), a audiência de conciliação mediada pela Justiça do Trabalho mostrou o quanto a relação entre rodoviários, empresários de ônibus e o governo de Pernambuco está difícil. O que é péssimo para a população, passageira ou não do sistema de transporte público da RMR, porque é um sinal de que novas manifestações acontecerão em breve.
A reunião foi tensa, pesada e repleta de ataques mútuos. O fim da dupla função de motoristas e a volta dos cobradores aos coletivos da RMR foram o ponto central da negociação, como já se sabia. “É muito triste estar aqui novamente, o mesmo lugar onde fizemos um acordo para evitar a greve anterior e que foi totalmente descumprido. O sentimento da categoria é de indignação, revolta e descrença. A Urbana-PE, ao assumir que tinha entrado com a ação de inconstitucionalidade contra a lei da dupla função antes mesmo da mediação do dia 23/11, demonstrou má fé, deixou claro que foi para a reunião com a clara intenção de descumprir o acordo”, atacou a advogada dos rodoviários.
A categoria exigia o cumprimento do acordo firmado diante da Justiça do Trabalho no dia 23/11 no que diz respeito ao fim da dupla função e à volta dos cobradores em toda RMR. Também alegou que outras questões do acordo foram descumpridas, como o pagamento do reajuste salarial retroativo a julho e a estabilidade de emprego por seis meses. A defesa dos empresários de ônibus rebateu todas as acusações dos rodoviários. “Temos cumprido tudo que foi acordado. O pagamento do retroativo será feito em janeiro e não foram realizadas demissões. Agora, a questão da dupla função é outra coisa. A Justiça suspendeu a lei porque a considerou inconstitucional.”, alegou o advogado Fernando Montenegro, da Urbana-PE.
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