Nesta quarta-feira (23) decisiva para a greve dos rodoviários da Região Metropolitana do Recife (RMR), o cenário observado nas ruas é diferente do que foi visto na terça-feira (22), primeiro dia de paralisação. Na Avenida Guararapes, por exemplo, um dos grandes corredores de ônibus do Recife, às 6h já era possível notar a movimentação de várias linhas de coletivos.
De acordo com o Grande Recife Consórcio, até as 7h, havia 43% da frota nas ruas, número abaixo dos 50% previstos após determinação do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT 6ª), de que os rodoviários deveriam garantir ao menos metade da frota nos horários de pico- das 5h às 9h e das 16h às 20h. Nos demais horários, pelo 30% da frota deve ser mantida em circulação.
Veja imagens:
De acordo com o Consórcio Grande Recife de Transportes, no início da manhã de terça-feira apenas 16% da frota dos ônibus circulava pelas ruas. A partir das 7h o número de coletivos nas ruas foi aumentando, chegando a 20%, mas mesmo assim a oferta era pequena e o número de pessoas nas paradas de ônibus e terminais integrados era grande. À noite, na volta para casa, a mesma dificuldade da manhã. Apenas 34% da frota estava circulando.
Já nesta quarta-feira, com a promessa de aumento no número de frotas circulando pela cidade, a expectativa é que o tempo de espera dos passageiros reduza, e os ônibus realizem viagens sem a superlotação observada na terça. Na realidade, porém, a situação parece continuar caótica em alguns pontos e terminais integrados da cidade.
Confira imagens da movimentação nos T.I. Macaxeira, Barro e Joana Bezerra na manhã desta quarta-feira (23):
Bartolomeu Santos, de 22 anos, é jovem aprendiz e utiliza o transporte público diariamente para chegar ao trabalho. Segundo ele, o tempo de espera pelo coletivo nesta quarta-feira (23) continua sendo um problema. "Estou esperando o [linha de ônibus] BR-101 há cerca de 20 minutos", relatou. Mesmo assim, para ele, que é a favor da greve dos rodoviários, esta movimentação por parte dos cobradores e motoristas do Grande Recife é válida. "São trabalhadores lutando por seu direito. Vai me prejudicar um pouco na ida pro trabalho mas é por uma causa maior".
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Reconciliação
Às 10h desta quarta, está marcada uma audiência de conciliação entre rodoviários e empresários, mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região. A expectativa é de que, diante da Justiça do Trabalho, as categorias se entendam e o movimento seja encerrado. O governo do Estado informou que estará presente.
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A audiência, no entanto, deverá ser tensa e um possível entendimento, difícil. Isso porque foi diante do mesmo Tribunal e da mesma desembargadora que agendou a mediação desta quarta - a vice-presidente do TRT da 6ª Região, Dione Nunes Furtado - que rodoviários, empresários de ônibus e o governo de Pernambuco fizeram um acordo, no dia 23/11, para evitar a primeira greve da categoria, programada para acontecer no dia seguinte. Esse acordo, segundo os rodoviários, foi descumprido e é a razão do movimento paredista iniciado na terça.
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“Aceitamos negociar sim, é claro. Mas não abrimos mão do fim da dupla função, como temos dito. O governo de Pernambuco e os empresários descumpriram todo o acordo firmado no dia 23/11 e que evitou a nossa primeira greve, aprovada pela categoria. Fomos enganados. A Justiça do Trabalho também. Não só o TRT, mas também o Ministério Público do Trabalho (MPT). Por isso, não aceitamos a dupla função. Se o governador Paulo Câmara quiser ter ônibus para o Natal, terá que fazer valer a portaria que assinou para garantir o acordo e evitar a greve naquela época. Nosso movimento mostrou força nesta terça-feira, a categoria não foi sequer para as garagens e as ruas ficaram com poucos ônibus. Mostramos nossa força”, afirmou o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima.
O setor empresarial, por sua vez, garante estar cumprindo o acordo e que apenas a lei da dupla função não foi implementada porque foi suspensa pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que a considerou inconstitucional. “A garantia de emprego por seis meses e o reajuste de 2,69% estão sendo respeitados. Não houve demissões depois do acordo, isso eu garanto. E o reajuste salarial, retroativo a julho, será pago no contracheque de dezembro. Agora, a lei que proibia a dupla função de motoristas foi suspensa e o governo de Pernambuco suspendeu a portaria que validava esses aspectos do acordo. A responsabilidade não é nossa”, argumentou o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE), Fernando Bandeira.
Confira a decisão do TRT 6ª Região na íntegra:
BLOQUEIOS NAS GARAGENS
O TRT fez recomendações ao Sindicato dos Rodoviários que, na visão do setor empresarial, é fundamental para garantir o lançamento da frota nas ruas. Determinou que a categoria se abstenha de praticar atos que causem prejuízos materiais às empresas, como depredação de ônibus e bloqueio do acesso às garagens. "Quer impedindo a entrada dos trabalhadores que queiram trabalhar, quer impedindo a saída dos veículos para circulação. De invadir esses locais e deles se apropriar, ainda que temporariamente, e a praticar todo e qualquer ato que implique, direta ou indiretamente, violação de direitos", diz no despacho.
Dione Nunes Furtado também proíbe o bloqueio de ruas, agressões a profissionais que queiram trabalhar e a diretores de empresas, além de autorizar o uso da força pública. "Autoriza-se, ainda, se for o caso, o uso da Força Pública para o fiel cumprimento da presente ordem judicial". E, finalizando, estipula multa de R$ 100 mil para cada infração cometida.
DIA DE TRANSTORNO NA RMR
As ruas e terminais integrados da Região Metropolitana do Recife passaram o dia, na terça, com pouquíssimos ônibus. Nas primeiras horas do dia, menos de 15% da frota conseguiu iniciar a operação. O Sindicato dos Rodoviários fez bloqueios em algumas garagens, mas foram poucas. O que se percebeu é que a categoria, de fato, aderiu ao movimento e não foi para as empresas como solicitado pelo sindicato.
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