COLUNA MOBILIDADE

Serviço ruim dos aplicativos de transporte como Uber e 99 faz demanda por táxi crescer nas grandes capitais, diz pesquisa

Levantamento aponta que 60% dos clientes que estão migrando para os táxis o fazem devido à queda na qualidade dos apps

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Roberta Soares

Publicado em 09/08/2021 às 18:06 | Atualizado em 11/08/2021 às 16:49
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O levantamento é da plataforma Vá de Táxi - é importante destacar logo de cara - e mostra que a demanda de passageiros por táxis tem crescido todos os dias nos últimos seis meses de 2021. Mesmo que com moderação, a leitura desse crescimento é uma só: está havendo uma migração dos usuários dos aplicativos de transporte individual devido à queda na qualidade do serviço oferecido pelos apps como Uber e 99. As reclamações têm sido constantes, pelo menos no Recife. 

Muitos desses clientes, inclusive, já foram usuários do táxi e estão retornando à plataforma. Na visão da Vá de Táxi, aplicativo de mobilidade fundado em 2013, o aumento do número de corridas também tem influência pela retomada das atividades econômicas e, consequentemente, o aumento do trânsito nas vias. Mas o que tem pesado mesmo é a queda da qualidade dos apps, evidenciada durante a pandemia. "Nosso crescimento tem sido em torno de 18% mês a mês nos últimos seis meses", afirma o diretor de Produto da Vá de Táxi, Fernando Chavarro.

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Foto: JC Imagem
Muitos desses clientes, inclusive, já foram usuários do táxi e estão retornando à plataforma - Foto: JC Imagem

Segundo o executivo, 60% do crescimento orgânico pode ser atribuído à péssima qualidade do serviço prestado pelos aplicativos concorrentes. "Varia de cidade para cidade, mas nas grandes capitais, onde o volume de corridas é mais significativo, o percentual é este", explica. 

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PROBLEMAS

Embora as reclamações sejam variadas, a mais comum relatada por usuários que migraram para o serviço de táxi é o cancelamento de corridas. O cliente solicita um carro pelo aplicativo, o motorista confirma, mas cancela assim que aparece a possibilidade de pegar outra corrida de maior valor aumentando, desta forma, o tempo de espera do passageiro.

"Parece que esses motoristas não são punidos por causa desses cancelamentos. Ou seja, esses aplicativos estão se esquecendo da experiência do usuário final, desrespeitado com esse comportamento", comenta Chavarro.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Oque tem pesado mesmo é a queda da qualidade dos apps, evidenciada durante a pandemia - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Os motoristas de aplicativos só podem fazer corridas por meio das plataformas em que estão inscritos e que cobram em torno de 30% de taxas sobre o valor da corrida. Os taxistas, ao contrário, usam aplicativos como o Vá de Táxi de forma complementar, pois estão autorizados a pegar passageiros sem o uso do app. O custo para o taxista também é menor, pois a Vá de Táxi cobra 15% de taxa, no máximo. "É um percentual inicial que pode ser reduzido por conta de uma série de projetos de gamificação e de incentivos que visam chegarmos a taxas menores. Essas iniciativas variam de um mês para o outro".

A Vá de Táxi conta hoje com 130 mil taxistas inscritos na plataforma, mais de 1 milhão de clientes pessoas físicas e 130 clientes corporativos.

Confira os argumentos dos aplicativos

 O QUE DIZEM OS MOTORISTAS DE APLICATIVOS

O levantamento da Vá de Táxi também é questionado. Segundo o presidente da Associação dos Motoristas e Motofretistas por Aplicativos de Pernambuco (Amape), Thiago Silva, não é possível afirmar, com base em apenas uma plataforma de táxi, que houve um aumento significativo da demanda. E segue responsabilizando as plataformas como Uber e 99 pela queda na qualidade do serviço.

“Os motoristas de aplicativos continuam prestando um excelente serviço, apesar do alto preço dos combustíveis e do baixo preço das viagens. Vale dizer que nos últimos cinco anos o valor das viagens diminuiu cerca de 30% e quem paga essa conta é o motorista. Nós lutamos, durante todo esse tempo, por reajuste. Uma viagem de R$ 4.50 não se paga, considerando que o combustível em alguns lugares, já passa dos R$ 6”, alega.

“As empresas mudaram o cálculo de ganhos, puxando ainda mais o preço para baixo. E não é só isso: existia um multiplicador de tarifa dinâmica, que foi substituído recentemente por um preço fixo adicional, o que deixa a maioria das viagens pouco atrativas. Para que o usuário possa ter um tempo de espera menor, é necessário que haja reajuste de tarifas e a volta do formato de preço dinâmico anterior”, finaliza Thiago Silva.

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