A morte do BRT: cenário nacional ainda é positivo, apesar dos desafios
A situação de sistemas pelo País demonstra que o problema não está no BRT, mas no modelo e, principalmente, no compromisso e responsabilidade dedicados pelas gestões públicas
É o fato ou acontecimento de interesse jornalístico. Pode ser uma informação nova ou recente. Também
diz respeito a uma novidade de uma situação já conhecida.
Artigo
Texto predominantemente opinativo. Expressa a visão do autor, mas não necessariamente a opinião do
jornal. Pode ser escrito por jornalistas ou especialistas de áreas diversas.
Investigativa
Reportagem que traz à tona fatos ou episódios desconhecidos, com forte teor de denúncia. Exige
técnicas e recursos específicos.
Content Commerce
Conteúdo editorial que oferece ao leitor ambiente de compras.
Análise
É a interpretação da notícia, levando em consideração informações que vão além dos fatos narrados.
Faz uso de dados, traz desdobramentos e projeções de cenário, assim como contextos passados.
Editorial
Texto analítico que traduz a posição oficial do veículo em relação aos fatos abordados.
Patrocinada
É a matéria institucional, que aborda assunto de interesse da empresa que patrocina a reportagem.
Checagem de fatos
Conteúdo que faz a verificação da veracidade e da autencidade de uma informação ou fato divulgado.
Contexto
É a matéria que traz subsídios, dados históricos e informações relevantes para ajudar a entender um
fato ou notícia.
Especial
Reportagem de fôlego, que aborda, de forma aprofundada, vários aspectos e desdobramentos de um
determinado assunto. Traz dados, estatísticas, contexto histórico, além de histórias de personagens
que são afetados ou têm relação direta com o tema abordado.
Entrevista
Abordagem sobre determinado assunto, em que o tema é apresentado em formato de perguntas e
respostas. Outra forma de publicar a entrevista é por meio de tópicos, com a resposta do
entrevistado reproduzida entre aspas.
Crítica
Texto com análise detalhada e de caráter opinativo a respeito de produtos, serviços e produções
artísticas, nas mais diversas áreas, como literatura, música, cinema e artes visuais.
"O que vamos fazer é acabar com a famosa caixa preta no sistema de transporte do Rio de Janeiro. O novo sistema é terceirizado, mas o controle é total da prefeitura. Todos os dados são disponibilizados para o município e atualizados em tempo real", explicou Eduardo Paes
- DIVULGAÇÃO
Com exceção de Pernambuco e do Rio de Janeiro, nacionalmente o BRT não ficou tão destruído no pós-pandemia de covid-19. O cenário nacional não é tão desanimador quanto o da Região Metropolitana do Recife e do Rio. Em algumas situações, foi ao contrário. É o caso de Curitiba (PR), onde o BRT é a base do sistema de transporte público da cidade e da área metropolitana - sendo o berço mundial do BRT há quase cinco décadas. E também do Move de Belo Horizonte, em Minas Gerais, que é tão novo quanto o de Pernambuco e segue firme, sem grandes destruições. Há, ainda, exemplos bons e até de renovação, mesmo em meio à crise sanitária e à perda anual de passageiros, como é o caso do BRT Sorocaba, no interior de São Paulo, a primeira Parceria Público-Privada (PPP) de BRT do País em que a concessionária responde pela construção e operação do corredor. Situações que mostram que o problema não está no Sistema BRT, mas no modelo e, principalmente, no compromisso e responsabilidade dedicados pelas gestões públicas.
A morte do BRT - Artes JC
Confira outras reportagens da série A MORTE DO BRT
Série A morte do BRT - Sistema Move de Belo Horizonte (MG) - Artes JC
2 / 3
BRT Move de Belo Horizonte enfrentou pouca degradação. Nada comparado a Pernambuco e ao Rio de Janeiro - DIVULGAÇÃO
3 / 3
BRT Move de Belo Horizonte enfrentou pouca degradação. Nada comparado a Pernambuco e ao Rio de Janeiro - DIVULGAÇÃO
Move - O BRT de Belo Horizonte
Apesar das mudanças que têm sido promovidas no sistema de transporte público da Região Metropolitana de Belo Horizonte - inclusive com a extinção da BHTrans e a criação da Superintendência de Mobilidade de Belo Horizonte (Sumob) -, o Move, o BRT mineiro, chega ao sétimo ano de operação sem grandes traumas. Bem diferente, inclusive, da situação de Pernambuco e do Rio de Janeiro. Os dois corredores que fazem conexão com o Centro de BH (pelas Avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado) começaram com uma grande qualidade de operação, chegando a atrair o passageiro do carro - em pesquisa realizada em 2015, 15% dos passageiros do corredor da Cristiano Machado tinham migrado do transporte individual. O Move reduziu o tempo médio dos deslocamentos. A velocidade dos 20 corredores subiu para 26 km/h, ou 29,4% mais rápido do que o sistema anterior, de 15,24 km/h, em 2013. Mas os desafios seguem sendo muitos porque a expansão do sistema não aconteceu desde 2014 e há falhas na manutenção das estações e corredores, sobretudo dos equipamentos de segurança.
Com a pandemia, a demanda do sistema (incluindo o transporte coletivo de BH como um todo) caiu para 25% do que era transportado antes da crise sanitária e, em novembro de 2021, subiu para 75%. Segundo a BHTrans, houve vandalismos nas estações - mesmo antes da pandemia -, mas rapidamente reparados. Atualmente, o Move corresponde a 14,2% das viagens totais de ônibus de BH, um pouco mais do que representava em 2019, quando era 12,97%. Novas estações não foram abertas, nem corredores implantados. Há estudos para instalação de mais um corredor do Move, na Avenida Amazonas, mas só a partir de 2024. Segundo informações da gestão municipal, os investimentos no setor aumentaram: passaram de R$ 384 milhões em 2017 para R$ 446 milhões em 2020. Não há subsídios no sistema de ônibus de Belo Horizonte. Ou seja, todo o transporte público do município é financiado pelo pagamento das tarifas pagas pelo usuário.
1 / 3
Série A morte do BRT - Sistema de Curitiba (PR) - Artes JC
2 / 3
BRT Curitiba, berço mundial do sistema, segue firme e forte. Gestão agiu para evitar degradação - DIVULGAÇÃO
3 / 3
BRT Curitiba, berço mundial do sistema, segue firme e forte. Gestão agiu para evitar degradação - DIVULGAÇÃO
Curitiba - O BRT sem abalos
Berço mundial do BRT, Curitiba, no Paraná, segue com seu sistema operando sem abalos. Enfrentou e enfrenta dificuldades, como todos os sistemas de transporte público coletivo nacionais e mundiais, mas a pandemia não promoveu uma destruição como a vista em algumas cidades. Não é para menos. São muitos e muitos anos de prática, iniciada ainda na década de 1970. Os curitibanos - apontam especialistas no setor - não começaram com esse conceito agora e seguem fazendo modernizações e requalificações nos corredores, inclusive, relacionadas à eletrificação do transporte público. Com a chegada da covid-19, houve uma queda expressiva no número de passageiros - redução de até 80%. E ainda segue, mesmo com a retomada de várias atividades, 30% abaixo de antes da pandemia. Eram 756 mil passageiros/dia, e atualmente, são 500 mil/dia. Mesmo assim, a frota está operando em 100%. Para evitar o colapso do sistema, explica a Prefeitura de Curitiba, foi implantado o regime emergencial de operação e custeio do transporte coletivo, vigorou entre março de 2020 e junho de 2021, sendo renovado em setembro. Durante o regime, a remuneração do sistema passou a ser feita com base no custo do quilômetro rodado e não mais em passageiros pagantes.
“Foram pagos exclusivamente os custos administrativos (como combustíveis e lubrificantes, conforme a quilometragem rodada), tributos (ISS, taxa de gerenciamento e outros) e despesas com a folha de pagamento dos trabalhadores do sistema, incluídos plano de saúde, seguro de vida e cesta básica. São suprimidas dessa conta a amortização e a rentabilidade das empresas”, explicou a prefeitura por nota. Com a renovação, em setembro, passaram a ser pagos, ainda, os valores de financiamentos para renovação da frota. Ao reduzir os repasses às empresas, o regime garantiu continuidade do serviço em Curitiba durante a pandemia, diferentemente do que aconteceu em muitas cidades brasileiras, que enfrentaram greves, quebra de contratos e intervenção municipal no sistema. O subsídio em 2020 foi de 190 milhões e em 2021 já chega a 160 milhões. E a tarifa social, de R$ 4,50, permaneceu a mesma de 2019.
1 / 3
Série A morte do BRT - Sistema de Sorocaba (SP) - Artes JC
2 / 3
Sorocaba, no interior de São Paulo, tem a primeira PPP de BRT em que o operador constrói o corredor e faz a operação
- DIVULGAÇÃO
3 / 3
Sorocaba, no interior de São Paulo, tem a primeira PPP de BRT em que o operador constrói o corredor e faz a operação - Alexandre Maciel
Sorocaba - A primeira PPP do BRT
O BRT Sorocaba, no interior de São Paulo, é a prova real de que o sistema BRT deve ser visto como uma solução eficiente de transporte público e que a degradação de modelos semelhantes pelo País acontece por equívocos de gestão e operação. O BRT Sorocaba foi inaugurado em setembro de 2020 e opera dois dos três corredores previstos - o Itavuvu e o Ipanema, na Zona Norte de Sorocaba. O terceiro, o Corredor Oeste, tem previsão de entrar em obras em janeiro de 2022. É a primeira Parceria Público Privada (PPP) do Brasil voltada para o Sistema BRT, com um modelo de contrato único, no qual a concessionária é responsável pelas obras de construção dos corredores e pela operação do sistema. No caso da cidade paulista, a missão é do Consórcio BRT Sorocaba, o ente privado da PPP, formado pela Mobibrasil (empresa pernambucana e que opera o Corredor de BRT Leste-Oeste, no Grande Recife) e pela CS Brasil (Grupo JSL – Júlio Simões), que desde 2011 opera o lote 01 de linhas comuns de ônibus por meio do Consor (Consórcio Sorocaba).
A concessão é de 20 anos e prevê a construção de 68 quilômetros de vias, três terminais de ônibus integrados, quatro estações de integração, 28 estações de BRT, 96 abrigos, uma garagem, um CCO (Centro de Controle Operacional) e uma frota composta de 125 ônibus de modelos articulados e padron com ar-condicionado. Os recursos totalizam R$ 384 milhões para implantação de todo o sistema. Desse total, R$ 251 milhões são investimentos da iniciativa privada e R$ 133 milhões são subsídios públicos da Prefeitura de Sorocaba e - a maior parte - do governo federal (R$ 127 milhões).
1 / 6
Série A morte do BRT - Sistema do Rio de Janeiro (RJ) - Artes JC
2 / 6
BRT Rio de Janeiro teve 46 estações fechadas devido à degradação e violência - DIVULGAÇÃO
3 / 6
BRT Rio de Janeiro teve 46 estações fechadas devido à degradação e violência - DIVULGAÇÃO
4 / 6
BRT Rio de Janeiro está tentando se reerguer após fechamento, degradação e até intervenção pública - DIVULGAÇÃO
5 / 6
BRT do Rio de Janeiro retomou a operação com a reabertura das 46 estações fechadas e vandalizadas - DIVULGAÇÃO
6 / 6
BRT Rio de Janeiro está tentando se reerguer após fechamento, degradação e até intervenção pública - Arquivo NTU
Rio de Janeiro (Rio de Janeiro)
O BRT do Rio de Janeiro, como já mostrado na segunda reportagem da série A morte do BRT, chegou ao fundo do poço. Teve 46 das 126 estações fechadas, está sob intervenção pública e tenta se reerguer. A nova modelagem dos contratos de operação é a grande aposta para os três corredores da cidade - que totalizam 130 km e quase 500 mil passageiros diários. Além das mudanças administrativas e jurídicas, o BRT carioca teve as obras do Corredor TransBrasil - o de maior demanda porque é estruturado na Avenida Brasil, que liga a zona portuária à Zona Oeste do Rio - retomadas este ano (2021). É o quarto corredor de BRT da cidade, projetado ainda na época das preparações para a Copa do Mundo de 2014. Começou a ser construído em 2015 e deveria ser finalizado em 2017.
O projeto conta com 18 estações e quatro terminais, devendo ser entregue em dezembro de 2023 — seis anos depois do previsto. A previsão é que transporte de 150 mil a 250 mil pessoas por dia quando estiver pronto. O orçamento previsto é de R$ 361 milhões. A prefeitura já liberou R$ 9 milhões e o restante virá do governo federal. Mas, considerando o período desde sua concepção, o BRT TransBrasil vai custar R$ 1,89 bilhão.
Jornalista setorizada em mobilidade urbana há 18 anos. Com 26 anos de redação, cobriu por quase dez anos o setor de segurança pública, atuando também nas editorias de Política, Brasil e Internacional.
Localidade:RecifeTelefone:8199537000Cargo:repórter sênior e colunistaCursoCurso de Fiscalização do Dinheiro Público Ministrado pelo Knight Center, 2020
Curso de Desenvolvimento Urbano para Jornalistas Ministrado pela Abraji e Instituto Linconl – São Paulo, 2014
Curso de Webvídeos em dispositivos móveis Ministrado pelo Jornal do Commercio, 2015
Curso de Webjornalismo Ministrado pelo professor Fábio Guerra, da VídeoRepórte, Recife, 2013
Curso de WebJornalismo Ministrado pelo Grupo Garapa, São Paulo, em 2012