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Brasil gasta R$ 12 bilhões com sinistros de trânsito nas BRs. Regiões menos desenvolvidas tiveram leve redução

Quantia representa quase o dobro do valor total investido efetivamente em transporte pelo governo federal, no valor de R$ 7,7 bilhões. Em Pernambuco foram gastos R$ 555.725,622 com os sinistros em geral, incluindo mortes e vítimas, no ano passado

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Roberta Soares

Publicado em 13/02/2022 às 9:00
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Os números de sinistros de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se diz. Entenda) seguem altos nas estradas federais do Brasil, assim como as mortes provocadas por eles. Nem mesmo a crise sanitária de covid-19 conseguiu mudar a realidade trágica e histórica. Dados do Painel CNT de Consultas Dinâmicas dos Acidentes Rodoviários, divulgado esta semana pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), comprovam que as estradas brasileiras continuam matando, ferindo e mutilando. E que a sociedade brasileira, inclusive as pessoas que não são imprudentes ao volante ou as que não têm sequer automóvel, também pagam por esse alto custo: foram R$ 12,19 bilhões de despesas com os sinistros, feridos e mortos.

Não é mais acidente de trânsito. Agora, a definição é outra nas ruas, avenidas e estradas do Brasil

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Brasil precisa de R$ 82,5 bilhões para recuperar as rodovias do País

O índice de sinistros nas rodovias federais brasileiras aumentou 1,6% em 2021 em relação a 2020 – as ocorrências passaram de 63.447 para 64.452 casos. O mesmo foi verificado com as mortes, que cresceram 2,0%, passando de 5.287 vidas perdidas na malha federal, em 2020, para 5.391, no ano passado. O custo anual de tanta violência representa quase o dobro do valor total investido efetivamente em transporte pelo governo federal, que foi de R$ 7,7 bilhões, segundo a CNT.

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PERNAMBUCO DESTOA UM POUCO

Pernambuco, assim como o Nordeste em geral, no entanto, teve uma leve queda no número de registros - o que era de se esperar, afinal, o mundo vive os efeitos da pandemia de covid-19 há praticamente dois anos. A leve redução, aponta o painel CNT, também foi verificada nas outras regiões economicamente menos desenvolvidas do País: Norte e Centro-Oeste. Apenas no Sudeste e no Sul do Brasil, as regiões mais ricas, houve aumento dos sinistros mesmo com a crise sanitária.

Em Pernambuco, os sinistros de trânsito nas BRs deram uma sutil recuada de 0,2%, passando de 2.557 registros em 2020 para 2.552 em 2021 - quase nada. Talvez o fato de que, das rodovias mais perigosas apontadas pela CNT, apenas duas (BR-101 e BR-116) cortam o Estado. E, mesmo assim, foram gastos R$ 555.725,622 com os sinistros em geral, incluindo mortes e vítimas, no ano passado. 

No Nordeste, essa queda foi um pouco mais perceptível: 2,4%, o que representou, mesmo assim, um custo de quase R$ 3 bilhões. Mas de todas as regiões do Brasil, a que teve o maior recuo foi a região Norte: 8,7%.

RADIOGRAFIA DO NORDESTE

Custo total com sinistros: R$ 2.961.401,433
Custo com mortes: R$ 1.466.523,441
Custo sinistro com vítimas: R$ 1.405.129,374
Custo sinistro sem vítimas: R$ 89.748,618


RADIOGRAFIA DE PERNAMBUCO

Custo total com sinistros: R$ 555.725,622
Custo com mortes: R$ 275.730,647
Custo sinistro com vítimas: R$ 262.359,407
Custo sinistro sem vítimas: R$ 17.635,568

Guga Matos/JC Imagem
Alargamento da BR 232 - Guga Matos/JC Imagem

Os números do Painel CNT mostram que houve avanços, mesmo que pequenos. Mas evidencia também que o caminho na busca pela segurança viária e por um trânsito seguro segue sendo longo. O Painel CNT reúne dados de sinistros entre 2007 a 2021 e, nesse período, foram acumulados nada menos do que 1,9 bilhão de sinistros de trânsito, dos quais 1 milhão deixou vítimas. Isso significa que, em 2021, houve uma média de 80 sinistros com vítimas a cada 100 km de rodovia.

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CUSTO ALTO PARA TODO TIPO DE SINISTRO

O custo dessa violência nas estradas, quando destrinchado pelo tipo de sinistro, também impressiona porque fica evidente que toda e qualquer ocorrência no trânsito é cara, até mesmo aquelas que não deixam vítimas, apenas danos materiais. Dos R$ 12,19 bilhões gastos em 2021, R$ 4,7 bilhões foram com mortes, R$ 7 bilhões com os sinistros com vítimas e R$ 417 milhões com aqueles sem vítimas.

O Painel CNT também indica que a grande maioria dos sinistros eram evitáveis quando aponta que 62% foram colisões (o que destaca a imprudência do condutor ao volante) e que as sextas-feiras, sábados e domingos responderam, juntos, por mais da metade dos registros (53%) - um sinal de que a mistura álcool e direção pode estar presente. E é preciso ponderar, ainda, que o mesmo painel computa e detalha apenas os registros na malha rodoviária federal. As vias urbanas estão de fora.

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