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Brasil precisa de R$ 82,5 bilhões para recuperar as rodovias do País

Nova pesquisa da CNT aponta, como sempre, o abandono histórico das estradas brasileiras, ainda mais potencializado com a crise econômica provocada pela pandemia de covid-19

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Roberta Soares

Publicado em 02/12/2021 às 12:08 | Atualizado em 03/12/2021 às 16:35
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Tradicional no segmento rodoviário, a pesquisa que investiga as condições das estradas brasileiras, realizada desde 1995 pela Confederação Nacional de Transportes (CNT) 2021, mais uma vez constatou que a malha rodoviária do País segue péssima. As melhorias existem - é verdade -, mas são pontuais. Estrada boa no Brasil segue sendo exceção. Infelizmente. A degradação é tão grande que custaria, segundo os cálculos da CNT, R$ 82,5 bilhões para ser sanada. E mais: o abandono da malha fez o Brasil deixar de economizar R$ 956 milhões de litros de diesel em 2020, o que representa a quantia de R$ 4 bilhões. Esse é o custo por termos estradas ruins.

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Mais tecnológica, a Pesquisa Rodoviária CNT 2021 percorreu e avaliou 109 mil quilômetros de rodovias pavimentadas federais e estaduais - o equivalente a dar três voltas na terra, garante a confederação. O levantamento constatou que o estado geral de 61,8% da malha rodoviária brasileira é regular, ruim ou péssimo. E, para reforçar a imagem negativa do País, 91% desse percentual são de rodovias públicas - embora a rodovia mais bem avaliada no ranking seja uma estrada gerida pelo poder público: a SP-320, no interior de São Paulo e gerida pelo governo paulista. É a 24ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias e foi divulgada nesta quinta-feira (2/12).

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Pesquisa CNT 2021 - REPRODUÇÃO
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Na comparação com a edição anterior da pesquisa, em 2019 (em 2020 o levantamento não foi feito devido à crise sanitária) chama a atenção o percentual de trechos sob gestão pública, que tiveram um desempenho ainda pior. O percentual de trechos bons e ótimos caiu de 32,5%, em 2019, para 28,2%, em 2021. O mesmo aconteceu na classificação negativa: a extensão avaliada como regular, ruim e péssima aumentou de 67,5%, em 2019, para 71,8% em 2021. “Ou seja, são mais 2.773 km de rodovias que estão em condições insatisfatórias de circulação. Na prática, é como se o motorista percorresse seis vezes, nessas más condições, o trecho do Rio de Janeiro a São Paulo. A condição de sinalização é outro agravante. Nesse quesito, os problemas nas rodovias públicas aumentaram 12,1 pontos percentuais nos últimos dois anos e passaram de 56,4% para 68,5%”, afirmou o diretor executivo da CNT, Bruno Batista.

CONFIRA a íntegra da pesquisa AQUI e detalhes AQUI

A pesquisa CNT avalia, principalmente, as rodovias federais. As estaduais têm uma abertura pequena, que pega apenas alguns trechos importantes. E o cenário é péssimo. As rodovias federais públicas apresentaram queda de qualidade, principalmente no aspecto de sinalização. Essa queda, segundo a CNT, deve-se à descontinuidade dos investimentos da União que eram feitos pelo Programa BR-Legal. A pesquisa aponta que a sinalização das rodovias mantidas pela União em 2021 (64,7% da extensão com problemas) voltou ao mesmo nível de 2014 (63,1% com problemas), quando o programa teve início.

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Pesquisa CNT 2021 - REPRODUÇÃO
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E, mais uma vez, as rodovias concedidas (pedagiadas) foram as mais relevantes na avaliação. Não evoluíram - o que é preocupante -, mas se mantiveram numa situação relativamente estável. Enquanto em 2019 a avaliação dos trechos ótimos e bons foi de 74,7%, agora foi de 74,2%. O mesmo se deu com os percentuais de regular, ruim e péssimo. Em 2019, isso representava 25,3% da malha pesquisada e, em 2021, fechou em 25,8%.

RANKING DAS RODOVIAS

As melhores:

As 10 melhores estradas estão, como sempre, em São Paulo, onde há uma concentração de rodovias sob gestão concessionada nas posições com melhor classificação. Os trechos que apresentaram mais problemas estão sob gestão pública e distribuídos em três regiões: no Nordeste, em Pernambuco, Maranhão e Bahia; no Norte; no Amazonas e Acre; e no Sul, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

As piores:

A Pesquisa CNT de Rodovias 2021 apontou que os piores trechos rodoviários estão em quatro estados da Região Norte: Rondônia, Acre, Amazonas e Amapá, que não tiveram extensões classificadas como ótimo. Já o Distrito Federal, Espírito Santo e Alagoas surpreenderam porque não tiveram trechos avaliados como péssimos.

DADOS GERAIS

1. Estado Geral: 61,8% da malha rodoviária pavimentada avaliada do país apresentam algum tipo de problema, sendo consideradas regulares, ruins ou péssimas; e 38,2% da malha são consideradas ótimas ou boas.

2. Pavimento: 52,2% da extensão da malha rodoviária do país avaliada apresentam problemas; 47,8% estão em condição satisfatória; e 0,5% está com o pavimento totalmente destruído.

3. Sinalização: 58,9% da extensão da malha rodoviária da região são consideradas regulares, ruins ou péssimas; 41,1%, ótimas ou boas; 6,7% da extensão está sem faixa central e 12,7% não têm faixas laterais.

4. Geometria da via (traçado): 62,1% da extensão da malha rodoviária do país apresentam algum tipo de problema; 37,9% estão ótimas ou boas. As pistas simples predominam em 85,7%. Falta acostamento em 42,4% dos trechos avaliados e 57,5% dos trechos com curvas perigosas não têm sinalização.

5. Pontos críticos: a pesquisa identifica 1.739 no país (1.363 trechos com buracos maior que um pneu).

6. Custo operacional: as condições do pavimento no estado geram um aumento de custo operacional do transporte de 30,9%. Isso reflete na competitividade do Brasil e no preço dos produtos.

7.Investimentos necessários: para recuperar as rodovias no Brasil, com ações emergenciais, de manutenção e de reconstrução, são necessários R$ 48,09 bilhões.

8. Meio ambiente: em 2021, estima-se que haverá um consumo desnecessário de 956,0 milhões de litros de diesel devido à má qualidade do pavimento da malha rodoviária no país. Esse desperdício custará R$ 4,21 milhões aos transportadores.

Confira a íntegra da Pesquisa CNT AQUI

CRITÉRIOS PARA A AVALIAÇÃO

O estado geral das rodovias compreende três características estudadas: pavimento, sinalização e geometria da via. Elas levam em conta, respectivamente, variáveis como condições do pavimento, placas e alguns elementos da via, como as curvas. Tais aspectos recebem classificações que vão desde ótimo e bom a regular, ruim e péssimo. Nesta edição da Pesquisa, todas as cinco regiões do Brasil foram percorridas, durante 30 dias (28 de junho a 27 de julho), por 21 equipes de pesquisadores. O resultado passa a integrar a maior série histórica de informações rodoviárias do país coletada pela CNT desde 1995.

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