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Celular ao volante: uso é a terceira causa de mortes no trânsito do Brasil

O ato de digitar uma mensagem de texto enquanto se dirige faz com que o motorista percorra até 100 metros absolutamente desatento, tempo e distâncias suficientes para atropelar pedestres, ciclistas e colidir com outros veículos

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Roberta Soares

Publicado em 16/05/2022 às 7:30 | Atualizado em 16/05/2022 às 11:11
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O uso de smartphone é a terceira causa de mortes no trânsito no País, ficando atrás apenas do uso de álcool e do excesso de velocidade, segundo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).

O manuseio de smartphones por motoristas ao volante virou a nova praga do trânsito brasileiro. É o novo álcool da atualidade. Segurar, manusear e até usar o smartphone enquanto se conduz carros e motocicletas têm sido um hábito incorporado à rotina do trânsito.

E um hábito perigoso porque, estudos médicos da medicina de tráfego já concluíram que dirigir usando o celular provoca reações no condutor semelhantes à condução sob influência de álcool.

Não é mais acidente de trânsito. Agora, a definição é outra nas ruas, avenidas e estradas do Brasil

Para se ter ideia do perigos, diretrizes da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) apontam que o ato de digitar uma mensagem de texto enquanto se dirige faz com que o veículo seja conduzido por diversos metros sem o olhar atento do condutor, que chega a ficar, em média, 4,5 segundos sem prestar atenção na via.

Thiago Lucas/ Artes JC
Celular e direção - Thiago Lucas/ Artes JC

CEM METROS ÀS CEGAS

Esse “lapso” pode ser catastrófico no trânsito. Dependendo da velocidade, o motorista poderá percorrer até 100 metros absolutamente desatento, tempo e distâncias suficientes para atropelar pedestres, ciclistas e colidir com outros veículos. Enviar mensagens pelo WhatsApp, conduzindo um veículo a 80 km/h, equivale a estar dirigindo com os olhos vendados por um percurso nas dimensões de um campo de futebol oficial.

Celular ao volante: 28 multas por hora no trânsito brasileiro

E tem mais: o risco segue mesmo depois que a atividade ao celular foi finalizada. “Uma conversa no telefone celular mantém atividade mental direcionada à chamada mesmo após o término da ligação, permanecendo o risco de sinistro de trânsito em média de três segundos após o envio de uma mensagem de texto. Se o veículo estiver em velocidade média de 100km/h, percorrerá mais de 90 metros sob o efeito pós chamada”, alerta a Abramet.

Segundo as diretrizes da Abramet, o cérebro tem capacidade finita de disponibilizar neurônios para atividades que exigem atenção, não somando áreas cerebrais à utilizada isoladamente quando duas ou mais tarefas são exigidas. “A audição, a compreensão do que é dito e a fala, são condições que alteram a atividade cerebral quando realizadas em conjunto com a condução de veículos automotores. Uma ou mais tarefas em execução concomitante serão parcialmente negligenciadas pelo cérebro”, segue o alerta.

PERNAMBUCO

Os números de Pernambuco confirmam o perigo que representa o celular associado à direção de veículos. Dados do Detran-PE mostram que o uso e/ou manuseio do celular oscila entre a 4ª e a 6ª infrações mais cometidas no Estado pelo menos entre 2019 e 2022.

E que o crescimento ainda predomina. É, em média, de 30% ano após ano. Entre 2016 e parte do mês de maio de 2022, foram 458.713 registros de notificações. Com destaque para o salto a partir de 2017, o primeiro ano após a alteração do CTB: de 5.589 para 65.698 notificações.

AUTUAÇÕES EM PE

Pelo uso de celular (somando as três infrações diferentes: usar, segurar ou manusear)

2016 - 5.589 atuações
2017 - 65.698 atuações
2018 - 83.890 atuações
2019 - 106.670 atuações
2020 - 105.488 atuações
2021 - 68.876 atuações
2022 - 22.502 atuações (*)

(*) Até primeiros dias de maio


NO BRASIL

Em 2021 - 246.438 infrações de trânsito por uso de celular

Equivale a 28 pessoas multadas a cada hora usando o dispositivo enquanto dirigem

Mais de um terço (37%) das multas foi registrado no Estado de São Paulo

O uso do smartphone é a terceira causa de mortes no trânsito do País, ficando atrás apenas do uso de álcool e do excesso de velocidade

 

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