Metroviários do Recife decidem prolongar estado de greve; entenda a decisão
Categoria esteve reunida em assembleia na noite desta quinta-feira (19)
Em assembleia realizada na noite desta quinta-feira (19), na estação central do Recife, os metroviários votaram favoráveis pela manutenção do estado de greve. A categoria volta a se reunir na próxima quinta (26), para que, em nova assembleia, decidam pela paralisação geral do Metrô do Recife ou não.
O movimento dos metroviários é uma reação contrária à concessão pública do metrô da cidade, que já foi definida pelo governo de Pernambuco e o governo federal.
“Iremos fazer um grande movimento na sede da CBTU. Temos conversas com senadores e líderes e também estamos articulando audiência pública no Congresso. Precisamos também conversar com o governador sobre essa proposta (de privatização). São muitos caminhos, e é essencial fazer uma propaganda massiva para a população entender que a privatização não resolve o problema do metrô. O governo federal precisa se comprometer com investimento e custeio do sistema, além da tarifa social. A população está necessitada de um metrô de qualidade", diz o presidente do SindMetro, Luiz Soares.
Segundo ele, até a próxima assembleia, a operação do Metrô do Recife segue normal. "A partir das 5h até as 23h. A categoria acha que precisa ser responsável com a população. O que a gente quer é que o metrô funcione com qualidade", complementou.
Uma das principais contestações dos metroviários é com relação ao sucateamento do metrô, que estaria sofrendo pela falta de verba para a manutenção e modernização dos equipamentos de transporte. E que a categoria estaria abandonada pelo poder público.
Os metroviários querem que o governo de Pernambuco desista da estadualização, etapa que precederia a transferência da gestão e operação do Metrô do Recife para a iniciativa privada. A determinação é legal. Somente o Estado pode submeter o sistema a uma concessão pública - não se define como privatização porque o metrô não seria vendido, repassado de vez para um gestor privado. Seria concedido, a princípio, por 30 anos.
Os metroviários temem ainda a exoneração semelhante ao que está acontecendo no Metrô de Belo Horizonte, que também é gerido pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e está em processo de concessão pública. No modelo proposto para o sistema mineiro, os metroviários teriam apenas um ano de estabilidade após a transferência para a gestão privada. E entre os sindicalistas se sabe que todos os metrôs concedidos, pelo menos 40% da mão de obra é dispensada - mesmo sendo uma mão de obra extremamente qualificada.
APOIO POLÍTICO
Estiveram presentes na manifestação dos metroviários o deputado estadual João Paulo (PT) e o deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB), que discursaram em apoio a causa dos trabalhadores da categoria. “O governo federal tem de garantir e financiar um metrô de qualidade para a população, que já é tão pobre. Sou solidário a vocês e respeitarem a decisão de vocês”, declarou o petista.