O novo diretor-presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM) na gestão da governadora Raquel Lyra, enfim, foi escolhido. O órgão que gerencia a operação do transporte público por ônibus na Região Metropolitana será comandado pelo engenheiro Matheus Silva de Freitas, mais uma escolha pessoal da governadora e mais um profissional trazido da gestão municipal em Caruaru, no Agreste pernambucano.
O novo diretor-presidente do CTM teve o nome aprovado por unanimidade durante assembleia Geral do Consórcio, na manhã desta terça-feira (11/4), na sede do órgão, no Cais de Santa Rita, Centro do Recife. Matheus Silva vai substituir Flávio Sotero, que está no cargo desde 2021.
Engenheiro civil com atuação nas áreas de resíduos sólidos, gerenciamento e planejamento de infraestrutura e desenvolvimento urbano, Matheus Silva atuava desde 2018 na gestão municipal de Caruaru. Presidiu a Autarquia de Mobilidade, Trânsito e Transporte de Caruaru (Destra) entre abril e outubro de 2022.
Anteriormente, foi secretário-executivo da mesma organização, por um ano e quatro meses. E, por dois anos e quatro meses (entre outubro de 2018 e janeiro de 2021), foi secretário-executivo de Serviços Públicos. Estava atuando como consultor técnico no governo de Pernambuco desde janeiro.
NOVO PRESIDENTE VAI GERENCIAR R$ 1 BILHÃO POR ANO
O novo diretor-presidente irá comandar a operação de um sistema que movimenta mais de R$ 1 bilhão por ano e que tem na tarifa paga pelo passageiro a principal fonte de renda. Uma realidade que fragiliza ainda mais o sistema e que gera ainda mais injustiça social.
Em 2022, o Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP/RMR) movimentou R$ 1,25 bilhão, sendo R$ 1 bilhão de receita tarifária e R$ 250 milhões de aporte do governo.
HABILIDADE TÉCNICA É FUNDAMENTAL
A expectativa é de que, não sendo político, o futuro gestor tenha habilidade - que os últimos diretores do CTM não tiveram, vale ressaltar - para gerir uma crise ainda maior no setor, que acumula perda de demanda histórica, potencializada e ainda sentida pela pandemia de covid-19.
A crise sanitária levou 40% dos passageiros, sem perspectiva de retorno, fazendo o Estado colocar mais de R$ 250 milhões de subsídios públicos para cobrir despesas da operação. E com a previsão de que, em 2023, esse valor varie entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões.
O CTM substituiu a antiga Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), num processo realizado na segunda gestão do então governador Jarbas Vasconcelos (MDB).
Segundo o secretário de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco, Evandro Avelar, a quem o CTM está subordinado, a principal missão do novo diretor-presidente do CTM é fortalecer a gestão do transporte público da RMR.
“Em primeiro lugar, ele irá fazer um diagnóstico do funcionamento do órgão para, em seguida, apresentar propostas para fortalecer a gestão técnica e politicamente do transporte público. Mas precisamos que ele conheça a estrutura do CTM”, afirma Avelar.
MUDANÇA NECESSÁRIA E URGENTE
A atual capacidade técnica do CTM é algo criticado há muitos anos no setor de transporte e, por isso, a mudança de comando se faz necessária, assim como uma ampliação dos quadros do órgão.
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Os dois últimos diretores presidentes do CTM, o engenheiro mecânico e advogado Flávio Sotero e o advogado Erivaldo Coutinho, escolhidos na gestão Paulo Câmara (PSB), não conseguiram avançar no transporte público do Grande Recife. Foram duas gestões fracas e que sofreram, é claro, com os impactos da pandemia de covid-19.
CONSÓRCIO DE TRANSPORTE DE MENTIRINHA
Devolver a capacidade técnica do CTM é um dos principais desafios da nova governadora. Na série Eleições 2022: Desafios da Mobilidade Urbana, publicada em 2022, a Coluna Mobilidade mostrou que o órgão até hoje não cumpriu sua principal missão: atrair os 14 municípios da Região Metropolitana do Recife, fazendo-os entender que o sistema de transporte é um problema de todos os gestores públicos.
E, principalmente, do Recife, por onde passam 80% das linhas de ônibus do Grande Recife. Mas, apesar dessa realidade e de ter aderido ao consórcio, a capital nunca compartilhou, efetivamente, das dificuldades do setor, principalmente as financeiras.
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