COLUNA MOBILIDADE

ELEIÇÕES 2022: os desafios mais urgentes da mobilidade urbana

No cenário nacional, a missão de pavimentar o financiamento social do transporte público como política de inclusão social é a maior de todas, ainda mais depois do sucesso que tem sido a adesão ao Passe Livre nos ônibus para as Eleições 2022

Roberta Soares
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Roberta Soares
Publicado em 30/10/2022 às 8:00
FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
No cenário estadual, muitos desafios, com destaque para a melhoria do transporte público com a participação das cidades da Região Metropolitana do Recife, e o enfrentamento de projetos rodoviários que até hoje não saíram do papel - FOTO: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
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Neste domingo (30/10), o Brasil elegerá o novo presidente da República. E Pernambuco, sua nova governadora. Nas duas esferas, nacional e estadual, quem assumir terá dois meses para elencar as prioridades da nova gestão, que se inicia no dia 1º de janeiro de 2023. Por isso, a Coluna Mobilidade destaca alguns dos principais desafios na mobilidade urbana do País e do Estado. Problemas que estarão na porta dos futuros gestores.

PASSE LIVRE ELEIÇÕES: oportunismo eleitoral ou inclusão social?

No cenário nacional, a missão de pavimentar o financiamento social do transporte público como política de inclusão social é a maior de todas, ainda mais depois do sucesso que tem sido a adesão ao Passe Livre nos ônibus para as Eleições 2022. No cenário estadual, muitos desafios, com destaque para a melhoria do transporte público com a participação das cidades da Região Metropolitana do Recife, e o enfrentamento de projetos rodoviários que até hoje não saíram do papel, como a requalificação e concessão da BR-232, e a construção do lendário Arco Metropolitano.

GUGA MATOS/JC IMAGEM
No caso do transporte público por ônibus do Grande Recife, é preciso compartilhar responsabilidades, principalmente financeiras. Assim, o transporte terá uma capacidade maior de conquistar recursos e financiamentos - GUGA MATOS/JC IMAGEM

DESAFIOS EM PERNAMBUCO 

Gestão do transporte

Atrair as gestões municipais do Grande Recife, principalmente a capital, para assumirem a responsabilidade sobre o transporte público, é tarefa inadiável para a futura governadora de Pernambuco. Onze anos depois da extinção da antiga EMTU, o consórcio não conseguiu dividir a responsabilidade com as prefeituras. Esse talvez seja o maior desafio da nova gestão. Pernambuco se diferencia do resto do País quando o tema é a gestão do transporte público coletivo porque o sistema de ônibus é integrado entre as 14 cidades da RMR.

Solução para o Metrô do Recife

Um dos principais desafios da futura governadora de Pernambuco será encarar o problema em que se transformou o Metrô do Recife. Encará-lo de frente, entendendo que, embora seja um sistema gerido pelo governo federal, atende à população da Região Metropolitana do Recife e, não, do Brasil ou de Brasília, onde está sediado seu comando. Não há mais espaço para fingir que o problema não é do Estado. O metrô é fundamental, inclusive, para o sistema de ônibus, que alimenta e é alimentado pelos trens.

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O Metrô do Recife não está incluído na medida por ser gerido pelo governo federal. Assim, o passageiro que acessar o sistema de transporte da RMR pelo metrô irá pagar a tarifa normalmente - GUGA MATOS/JC IMAGEM

Licitação linhas de ônibus

A conclusão da licitação das linhas de ônibus da RMR é mais um desafio para a futura governadora de Pernambuco, algo que o PSB, nos 15 anos à frente da gestão do transporte público da RMR, não conseguiu. É uma dívida de quase uma década. A licitação das linhas de ônibus foi lançada na gestão Eduardo Campos, implantada parcialmente, mas engavetada um ano depois devido aos altos custos estimados num Brasil da Copa do Mundo de 2014. Somente agora, em 2022, a proposta está sendo refeita pelo Estado.

BR-232, pedágio e Arco Metropolitano

A restauração da BR-232 nos 120 km entre o Recife e Caruaru, no Agreste pernambucano, e a decisão se ela será ou não pedagiada são problemas que terão que ser enfrentados pela nova governadora. Mesmo diante das promessas de duplicação da rodovia até Arcoverde, no Sertão, por exemplo. Outro desafio é a implantação do Arco Metropolitano como solução para desafogar o tráfego pesado da BR-101 no contorno urbano do Grande Recife. São problemas que estarão na porta da governadora no primeiro dia de mandato, apesar de as últimas gestões do PSB terem investido quase R$ 4 bilhões na malha rodoviária estadual.


Os principais desafios da futura governadora de Pernambuco

- Trazer o Recife efetivamente para o Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), assumindo responsabilidades financeiras, administrativas e políticas
- Fazer o mesmo com as cidades da RMR
- Finalizar o Sistema BRT e recuperar a qualidade que ele deveria ter desde o início, quando foi concebido
- Finalizar a licitação das linhas de ônibus do Grande Recife, incompleta até hoje
- Manter os projetos das concessões públicas no transporte, como as feitas para os TIs e estações de BRT, e, mais recentemente, os abrigos de ônibus
- Participar do futuro do Metrô do Recife, com ou sem a estadualização
- Ampliar os projetos de concessão de rodovias e decidir o futuro da BR-232
- Resolver a polêmica que envolve a criação do Arco Metropolitano

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A Coluna Mobilidade destaca alguns dos principais desafios na mobilidade urbana do País e do Estado. Problemas que estarão na porta dos futuros gestores - GUGA MATOS/JC IMAGEM

DESAFIOS NACIONAIS

Financiamento social do transporte público

Apesar da conotação política que foi dada, a experiência que o Brasil está tendo com a forte adesão de cidades e estados à gratuidade no transporte público para as Eleições 2022 é uma onda que não pode parar. Quem vivencia o setor e todas as dificuldades financeiras e sociais que o cercam sabe e defende isso. A prática do Passe Livre é uma medida que ultrapassa a política. É uma medida de inclusão social, de justiça social. E que protagoniza a discussão de criação de um Sistema Único de Mobilidade (SUM), um fundo permanente e nacional para subsidiar o custo das passagens no País.

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No cenário estadual, muitos desafios, com destaque para a melhoria do transporte público com a participação das cidades da Região Metropolitana do Recife, e o enfrentamento de projetos rodoviários que até hoje não saíram do papel, como a requalificação e concessão da BR-232, e a construção do lendário Arco Metropolitano - FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

Ampliação do transporte sobre trilhos

A ampliação do transporte sobre trilhos no Brasil precisa ser prioridade para o futuro presidente do País. Seja nos estados que já têm uma malha ampla, como São Paulo e Rio de Janeiro, mas principalmente naqueles que operam sistemas capengas, que necessitam de investimentos urgentes - como é o caso de Pernambuco. O País tem 1.105 km de linhas e mais de 3 mil km de projetos de transporte de passageiros sobre trilhos mapeados para implantação. Juntos, esses projetos representariam três vezes mais a extensão dos sistemas hoje em operação.

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