O representante farmacêutico Guilherme José Lira dos Santos foi condenado, na noite desta sexta-feira (14), a 21 anos e 4 meses de reclusão, pela morte da ex-esposa, Patrícia Cristina Araújo dos Santos, em uma colisão de carro na Rua Fernandes Vieira, no bairro da Boa Vista, no dia 4 de novembro de 2018. O réu teria jogado o veículo contra uma árvore para matar a ex-esposa e foi condenado pelo homicídio qualificado, cometido por motivo fútil, mediante dissimulação ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima.
O julgamento, que aconteceu na 1ª Vara do Tribunal do Júri Popular da Capital, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra, no Recife, teve início na manhã da segunda-feira (10) e foi concluído na noite desta sexta-feira (14).
"Analiso no aspecto do cumprimento integral do procedimento do júri, com a garantia da plenitude de defesa e também da prerrogativa da acusação. Tudo transcorreu, nesses dias cinco dias, dentro dos princípios e as normas legais e constitucionais, e culminando no veredicto condenatório", disse a juíza Fernanda Moura de Carvalho, que presidiu o júri.
Guilherme José Lira dos Santos cumprirá a pena, inicialmente, em regime fechado, no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), localizado em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Da sentença, cabe recurso.
"Ainda cabe recurso. Toda decisão judicial é recorrível e essa não é diferente. Cabe recurso de apelação tanto para o Ministério Público, sobre os aspectos da pena e outros aspectos da própria condenação, como também pela defesa quanto ao mérito da decisão da sentença", explicou a juíza Fernanda Moura de Carvalho.
A defesa do réu negou que houve intenção de matar a vítima, alegando que tratava-se de um sinistro de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se diz. Entenda), o que faria o homicídio ser culposo.
PERÍCIA CONFIRMOU QUE NÃO HOUVE FRENAGEM
O depoimento dos peritos criminais reforçou a tese de que o réu e marido da vítima, jogou propositalmente o carro onde o casal estava contra uma árvore para matar a ex-esposa.
Pelo menos dois dos quatro peritos criminais confirmaram que não havia qualquer marca de frenagem no local do sinistro de trânsito, o que evidencia que não houve a tentativa de frear o veículo, algo comum quando o condutor quer evitar uma colisão, por exemplo.
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Os peritos criminais Severino José Arruda, que esteve no local do sinistro minutos depois da colisão, e Diego Henrique Leonel de Oliveira Costa, que analisou imagens que flagraram a colisão, prestaram depoimento na quinta, no quarto dia do julgamento.
No depoimento, o perito Diego Costa afirmou, ainda, que as imagens mostram que o carro conduzido por Guilherme José Lira dos Santos não teve a luz de freio acionada antes do choque contra a árvore. Todo o impacto da colisão foi do lado do passageiro, onde estava Patricia Cristina, que morreu na hora devido à violência da batida.
FILHOS DA VÍTIMA SAÍRAM EM DEFESA DO PAI
Durante o julgamento, os dois filhos do casal Guilherme José Lira dos Santos e Patrícia Cristina Araújo Santos, jovens de 16 e 19 anos, saíram em defesa do pai, alegando que ele não teve intenção de matar a mãe.
Em entrevista à imprensa antes de prestar depoimento, Pedro Wanderley reforçou que o caso foi um sinistro de trânsito e, não, um feminicídio. Ou seja, que o pai não teria tido a intenção de matar a esposa e que não jogou o veículo em que o casal estava contra uma árvore.
“Eu acredito que meu pai é uma boa pessoa e que foi um acidente. Ele é a melhor pessoa que eu conheci na minha vida. Se eu sou uma pessoa do bem, 100% é por causa dele. Eu já perdi minha mãe e não quero perder meu pai novamente. Por isso estou aqui. Vim para buscá-lo”, afirmou o jovem, vestido com uma camisa na qual estava escrito: “Pela verdadeira verdade”.
No dia seguinte, a filha do casal também defendeu o pai. Como era de se esperar, o depoimento foi muito emocionante, com a garota chorando bastante, principalmente em dois momentos em que tanto a defesa, quanto o Ministério Público, a questionaram sobre a sua convivência com a mãe.
Em toda sua fala, que durou aproximadamente duas horas, a filha do casal disse acreditar na inocência do pai, que optou por não ficar presente na sessão.
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