Os passageiros do transporte público coletivo da Região Metropolitana do Recife - ônibus e Metrô do Recife - devem se preparar porque os transtornos de paralisações e protestos vividos nesta semana vão continuar. Pelo menos enquanto as negociações trabalhistas entre motoristas de ônibus e empresários não for decidida e o governo federal não fizer, ao menos, um afago nos metroviários para que voltem a alimentar a esperança de que o Metrô do Recife não será o próximo sistema da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) a ser privatizado.
Os metroviários, que estão em estado de greve há mais de dois meses e realizam uma paralisação de 24h do Metrô do Recife entre a quarta-feira (12/7) e a quinta (13), não chegaram a um acordo com a CBTU Recife e seguem com a possibilidade de novas paralisações temporárias e até mesmo uma greve de fato, o que paralisaria o metrô ou, ao menos, faria a operação acontecer apenas nos horários de pico da manhã e noite.
Uma reunião prevista para acontecer nesta sexta-feira, às 9h, entre o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro) e a CBTU Recife, na sede da superintendência, em Areias, na Zona Norte do Recife, foi cancelada pela Companhia. Talvez, aconteça na segunda-feira (17).
"Em junho, a Administração Central da CBTU sentou com os sindicatos do Recife, João Pessoa, Maceió e Natal e fechou uma proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que agora diz não poder cumprir porque o governo federal não aceitou. E foram propostas que atendiam apenas algumas das nossas expectativas. Mesmo assim, a categoria validou em assembleia”, resume o presidente do Sindmetro, Luiz Soares.
“Essa minuta previa um aumento de 15% no salário base da categoria, que passaria de R$ 2 mil para R$ 2.725 e a garantia de emprego no caso da concessão pública ou da privatização do Metrô do Recife. Nós queríamos 25%, mas cedemos. Agora, a CBTU Recife quer retomar as negociações desconsiderando o que foi acertado e nós não podemos aceitar”, acrescenta.
Por nota, a CBTU Recife informou que submeteu o ACT ao governo federal e que ele não foi autorizado. “Em relação ao Acordo Coletivo 2023/2024, a CBTU submeteu, para apreciação à Secretaria de Coordenação das Estatais (SEST), a proposta que foi discutida conjuntamente com os sindicatos. No entanto, a proposta não foi aprovada e as negociações continuam em andamento”.
RODOVIÁRIOS TAMBÉM EM CLIMA TENSO
A expectativa também é de mais transtornos no transporte público por ônibus. Os rodoviários, que já realizaram três paralisações temporárias nas garagens de três empresas diferentes nesta semana - empresas Caxangá e Metropolitana e Consórcio Novo Recife -, têm batido de frente com o setor empresarial.
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O clima está bem tenso entre as duas partes, seja pela campanha salarial que não avança, seja pelo desconto das horas paradas durante a realização de greve da categoria ainda em 2020, no auge da pandemia de covid-19.
Uma primeira rodada de negociações aconteceu no dia 4/7, entre o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE), mas sem avanços.
Segundo os rodoviários, a Urbana-PE sequer apresentou uma contraproposta à pauta de reivindicações entregue há mais de um mês. Uma nova reunião está marcada para o dia 18/7 e, nas redes sociais, os rodoviários demonstram irritação e prometem paralisações, como as realizadas esta semana.
Os empresários de ônibus, por sua vez, não quiseram se pronunciar sobre as negociações salariais. E sobre as paralisações, alegaram que estão cumprindo a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que agora julgou a greve de 2020 ilegal e determinou o desconto das horas paradas.
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E, ainda, que tem em mãos decisão da 6ª Vara do Trabalho do Recife proibindo os rodoviários de realizarem protestos em frente às garagens do Consórcio Novo Recife - que reúne as empresas de ônibus Pedrosa e Transcol - e/ou impedir a saída dos coletivos e dos profissionais que querem trabalhar, como aconteceu nesta sexta-feira (14).
Decisão 6ª Vara do Trabalho do Recife by Roberta Soares on Scribd