A perspectiva é a pior possível. Metroviários e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) não chegaram a nenhum acordo e o clima entre as partes só piora. Assim, a greve do Metrô do Recife segue sem previsão de acabar. Já são quatro dias sem operação, após a retomada do movimento a 0h da sexta-feira (11/8), após uma paralisação na tentativa de negociação. O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região decidiu liminarmente pela retomada da operação com 100% da frota nos horários de pico (das 5h às 8h30 e das 17h às 20h).
O presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE), Luiz Soares, voltou a afirmar nesta segunda-feira (14) que a categoria não voltará ao trabalho enquanto não for feita uma proposta “no mínimo decente”. De acordo com o líder sindical, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) não enviou nenhuma nova notificação e, com isso, o metrô do Recife seguirá 100% parado.
O movimento prejudica diretamente quase 200 mil passageiros que usam o metrô todos os dias nas 29 estações e nos quatro municípios atendidos por ele: Recife, Camaragibe, Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho.
"Atendemos à solicitação do TRT-6 (Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região) e colocamos 100% da frota de trens para operar nos horários de pico e, depois, suspendemos o movimento para tentar negociar, a pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT). Mas não recebemos nenhuma nova notificação desde então. Agora retomamos a greve por tempo indeterminado e total", afirmou Luiz Soares.
Em nota, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) informou que ingressou com ação cautelar junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, na manhã desta segunda (14). "À noite foi deferida liminar, determinando 100% da operação nos horários de pico (das 05h30 às 08h30 e das 17h às 20h)".
ADESÃO DA CATEGORIA
O presidente do Sindmetro deixou claro que não vai obrigar nenhum trabalhador a retornar aos seus postos sem uma melhor proposta de acordo coletivo. "Não tem ninguém trabalhando e está tudo parado porque a categoria sente o desrespeito no acordo coletivo. Mas é uma adesão espontânea. O sindicato não está fazendo piquete para impedir as pessoas de trabalharem. É uma motivação individual e coletiva ao mesmo tempo”, disse.
Luiz Soares afirmou ainda que, caso chegue a notificação do TRT para retomada da operação, mesmo parcial, uma nova assembleia será realizada, como a que acontece nesta segunda, às 18h, na Estação Recife, no bairro de São José, Centro do Recife.
CARAVANA RUMO À BRASÍLIA PARA PRESSIONAR GOVERNO LULA CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DO METRÔ DO RECIFE
Os metroviários seguirão numa caravana rumo à Brasília para reivindicar do Governo Federal o cumprimento da promessa de campanha e retirar a CBTU do Programa Nacional de Desestatização (PND) e também ajudar a categoria na negociação para fechar o acordo coletivo 2023/2025.
"A caravana sairá com dois ônibus com os metroviários de Pernambuco. Nos encontraremos na quinta-feira (17), às 10h, na frente do Palácio do Planalto, com outra caravana que estará saindo do Rio Grande do Sul, que também está sem o acordo coletivo, sem discutir e sem avançar. Também irão metroviários de São Paulo e Belo Horizonte. Vamos todos nos encontrar com os metroviários de Brasília para fazermos um grande movimento no Palácio. Queremos que o presidente Lula nos receba e comece a atuar nessa questão do acordo coletivo, porque até então não tem nenhum avanço. E também a retire a CBTU do PND, algo que ele prometeu em campanha e até agora não fez a retirada", afirmou Luiz Soares.
NOVA RODADA DE NEGOCIAÇÃO
Antes da manifestação programada para a quinta-feira, os metroviários de Pernambuco se reunirão, na quarta-feira (16), às 14h30, com Elisa Leonel, da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST).
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"Já temos essa reunião marcada com a secretária da SEST, mas estamos articulando uma conversa com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho. Esperamos, também, que o presidente Lula nos receba na quinta-feira, até porque é necessário conversar com ele, pois está muito difícil negociar com a CBTU e com alguns órgãos que representam o governo, mas que não têm a capacidade de avançar na perspectiva do fechamento do acordo coletivo", disse.
FRACASSO NAS NEGOCIAÇÕES
Depois de três rodadas de negociações, a CBTU chegou a propor aos metroviários um reajuste de apenas 3,45% no salário, o que foi rejeitado pela categoria ainda na quinta (10). Os metroviários queriam, inicialmente, 15% de aumento, mas baixaram para 7% e pediram a elevação do piso salarial para R$ 2.500 (atualmente é de R$ 1.900 a R$ 2.100). Mas a CBTU manteve a proposta de 3,45% sem reajuste do piso.