ACORDO

METRÔ DO RECIFE: em assembleia, metroviários aceitam proposta da CBTU e encerram greve

A categoria se reuniu nesta sexta-feira (1º/9) e votou favorável para o término da paralisação que durou 25 dias e assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho 2023-2025

Imagem do autor
Cadastrado por

Filipe Farias

Publicado em 01/09/2023 às 21:58 | Atualizado em 01/09/2023 às 21:59
Notícia
X

Após 25 dias de paralisação por tempo indeterminado, os metroviários de Pernambuco decidiram nesta sexta-feira (1º/9), em assembleia, aceitar a proposta da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), aprovar o Acordo Coletivo de Trabalho 2023-2025 e encerrar a greve.

A proposta de reajuste salarial foi de 3,45% sobre salários e benefícios, além de um reajuste de 2,71% sobre os benefícios - auxílio-refeição/ cesta natalina e auxílio materno-infantil.

Mesmo a CBTU já tendo oferecido e firmado um reajuste de 15%, em 19 de junho de 2023, e depois demoveu do que foi pactuado e não honrou o compromisso, os metroviários votaram favoráveis a aceitar um percentual inferior. "Infelizmente, a proposta da empresa não é aquilo que solicitamos, mas acatarei a decisão de vocês e juntos continuaremos a nossa luta”, afirmou Luiz Soares, presidente do Sindmetro-PE.

Ainda de acordo com o líder sindical, a entidade não pretende levar o caso à justiça, colocando, assim, um término nas negociações.

Na última segunda-feira (28), os metroviários já tinham retornado às atividades com 100% de efetivo nas operações do Metrô do Recife, mas mantendo o estado de greve.

O encerramento das negociações salariais, porém, não representa o conformismo da categoria. Segundo Luiz Soares, a luta seguirá para que o Metrô do Recife seja requalificado. "Queremos uma valorização profissional e isso passa por um metrô de alta qualidade, sob a gestão Estadual e Federal, e com uma tarifa social de R$ 2,00.

Contra a privatização

Ao contrário do que aconteceu em outras capitais do país, tal como em Belo Horizonte, os metroviários de Pernambuco são contrários à privatização do Metrô do Recife. "A privatização que ocorreu lá resultou em um aumento de 17,78% na tarifa, passando de R$ 4,50 para R$ 5,30 em menos de 7 meses. Por isso, nós queremos evitar que isso aconteça aqui", apontou Luiz Soares.

CONFIRA ALGUNS DADOS QUE MOSTRAM A DIMENSÃO E A CRISE ENFRENTADA PELO METRÔ DO RECIFE

ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
Sistema sofre com sucateamento e está na iminência de uma paralisação técnica - ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM

*Apenas as quatro cidades atendidas diretamente pelo Metrô do Recife representam 67,8% da população da RMR.
* O Metrô do Recife vem recebendo, desde a gestão do ex-presidente Michel Temer, entre 30% e 50% do orçamento necessário apenas para custeio da operação.
* O déficit operacional do metrô é de R$ 300 milhões por ano.
* O sistema precisaria, segundo estudos da própria CBTU Recife, de pelo menos R$ 2 bilhões para se reerguer e voltar a ter a operação que tinha há dez anos.
* O sistema está operando atualmente com apenas 17 trens nos horários de pico (10 trens na Linha Centro e 7 na Linha sul) e 13 no fora pico, chamado vale (8 trens na Linha Centro e 5 na Linha Sul).
* Transporta apenas 176 mil passageiros por dia. Já foram 25 trens em operação e quase 400 mil pessoas transportadas diariamente.
* A falta de infraestrutura faz com que os intervalos do sistema cheguem a 15 minutos mesmo nos horários de pico.

O valor de quase R$ 2 bilhões seria para aquisição de 20 novos trens, recuperação das composições que ainda operam (atualmente são apenas 17 veículos), requalificação da rede férrea onde rodam os trens e da estrutura física do sistema (estações de passageiros e subestações de energia).

Somente a aquisição de novos trens custaria R$ 900 milhões. O restante do valor, que totalizam R$ 866 milhões, seria para as outras intervenções.

CONFIRA OS VALORES POR EQUIPAMENTO:

Total necessário: R$ 1,8 bilhão

Aquisição de 20 novos trens: R$ 900 milhões
Recuperação da via permanente (rede férrea onde circulam os trens): R$ 245 milhões
Recuperação do material rodante (trens e veículos de manutenção): R$ 304 milhões
Recuperação e requalificação das edificações do sistema (estações): R$ 51 milhões
Recuperação e requalificação dos sistemas físicos (subestações de energia): 260 milhões

Tags

Autor