O Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), a aposta do governo federal para se colocar efetivamente no movimento mundial e urgente da descarbonização dos transportes, segue avançando. Foi aprovado na Câmara Federal na terça-feira (28/5) e agora aguarda avaliação do Senado Federal, que deve acontecer nesta semana. O Projeto de Lei 914/2024 aumenta as exigências de descarbonização da frota automotiva brasileira.
A matéria foi enviada ao Congresso pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março deste ano, tendo sido criada originalmente por Medida Provisória no final de 2023. A MP expirou neste domingo, 1º de junho. Por isso, a expectativa é de que a votação no Senado aconteça em breve.
ENTENDA O PROGRAMA MOVER
O Mover prevê créditos financeiros para que as empresas invistam em descarbonização. Será um investimento de quase R$ 20 bilhões para esse objetivo no País. Os incentivos serão de R$ 3,5 bilhões em 2024, R$ 3,8 bilhões em 2025, R$ 3,9 bilhões em 2026, R$ 4 bilhões em 2027 e R$ 4,1 bilhões em 2028 – totalizando R$ 19,3 bilhões.
O programa, construído no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) em parceria com os ministérios da Fazenda e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), vai promover a expansão de investimentos em eficiência energética, incluir limites mínimos de reciclagem na fabricação dos veículos e cobrar menos imposto de quem polui menos, com o IPI Verde.
A criação do programa tem sido apontada pelo setor como um dos principais motivos para a série de anúncios de investimentos feitos pela indústria automotiva neste ano, em torno de R$ 130 bilhões.
NOVA CARA DO ROTA 2030
Em alguns aspectos, o Mover representa a continuidade dota 2030, criado em 2018, e a seu antecessor, o Inovar Auto, de 2012. Todos têm como meta reduzir em 50% as emissões de carbono até 2030.
O novo programa aumenta os requisitos obrigatórios de sustentabilidade para os veículos novos comercializados no País. Entre as novidades está a medição das emissões de carbono "do poço à roda", ou seja, considerando todo o ciclo da fonte de energia utilizada.
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Posteriormente, o Mover prevê uma medição ainda mais ampla, conhecida como “do berço ao túmulo” e abrangendo a pegada de carbono de todos os componentes e de todas as etapas de produção, uso e descarte do veículo.
INOVAÇÕES PREVISTAS
Confira abaixo todas as inovações do Mover, em relação ao programa anterior:
MOBILIDADE – Deixa de ser uma política limitada a veículos de passeio para alcançar também ônibus e caminhões.
REQUISITOS OBRIGATÓRIOS – O Rota 2030 estabeleceu que todos os veículos comercializados no País deveriam participar do programa de Rotulagem Veicular, com requisitos de segurança e de eficiência energética que levam em consideração as emissões “do tanque à roda”.
Agora, a eficiência energética será medida também pelo sistema “do poço à roda” e haverá exigência de material reciclado na fabricação dos veículos, com índice mínimo ainda não definido, mas que deverá ficar acima de 50%.
TRIBUTAÇÃO VERDE – Sistema “bônus-malus” (recompensa/penalização) na cobrança de IPI, a partir de indicadores que levam em conta:
A fonte de energia para propulsão
O consumo energético
A potência do motor
A reciclabilidade
O desempenho estrutural e tecnologias assistivas à direção
Esse sistema não envolve renúncia fiscal – já que uns pagarão abaixo da alíquota normal, mas outros pagarão acima. As alíquotas serão definidas por decreto presidencial.
INVESTIMENTOS EM P&D e BENEFÍCIO FISCAL
Para que as empresas possam cumprir os requisitos obrigatórios do programa, o Mover vai conceder créditos financeiros em proporção aos investimentos em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento).
Os créditos ficarão entre R$ 0,50 e R$ 3,20 para cada real investido, a partir de percentuais mínimos que serão definidos na regulamentação do programa.
PROGRAMAS PRIORITÁRIOS
Redução de Imposto de Importação para fabricantes que importam peças e componentes sem similar nacional, desde que invistam 2% do total importado em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação em “programas prioritários” na cadeia de fornecedores. Os recursos irão para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico (FNDTI), a ser criado por decreto e gerenciado pelo BNDES.
*Com informações do governo federal