Greve de ônibus e metrô: sem investimentos, transporte público enfrentará paralisações de motoristas e metroviários no Grande Recife
Em campanha salarial, motoristas de ônibus soltaram nota afirmando que o Recife vai parar. E metroviários planejam paralisações de 24h ou 48h
Lá vamos nós novamente. Como acontece todos os anos nessa época de dissídios coletivos, o transporte público da Região Metropolitana do Recife vai enfrentar paralisações em breve. Pelo menos é o que estão ameaçando os motoristas de ônibus e os metroviários.
Sem avanço nas negociações da campanha salarial de 2024, os rodoviários divulgaram uma nota em que prometem realizar movimentos de paralisação parcial dos ônibus no Grande Recife. A princípio, o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco diz que se as negociações salariais com os operadores do sistema não avançarem, a cidade vai parar. A nota foi divulgada depois de a quarta reunião com os empresários de ônibus fracassar.
“Apesar das insistentes tentativas de negociação por parte do Sindicato dos Rodoviários, após a quarta reunião de negociação realizada neste dia 24/07/2024, nenhum avanço ocorreu em relação à proposta anteriormente apresentada pela Urbana-PE. Insistem numa proposta que não contempla a categoria rodoviária. O reajuste salarial proposto é de 0,5% de aumento acima da Inflação e está bem aquém daquilo que a categoria reivindica (5% de aumento real); apresentaram um valor de R$ 400 para o vale-alimentação, além de um abono no valor de R$180 para quem exerce a dupla função. Informamos à população que se não houver avanço nas negociações Recife vai parar”, diz a entidade.
Os rodoviários pedem, inclusive, o envolvimento nas discussões do governo de Pernambuco - gestor do sistema de transporte público por ônibus do Grande Recife - e das prefeituras da RMR.
METROVIÁRIOS PROMETEM PARALISAÇÕES DO SISTEMA
Ao mesmo tempo, os metroviários realizam assembleia nesta quinta-feira (25) para decidir uma possível paralisação de 24h ou 48h. A reunião vai acontecer na Estação Recife do metrô, no Centro da capital. Segundo afirmou o presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (SindMetro), Luiz Soares, durante debate na Rádio Jornal nesta quinta, que algum movimento paredista será, sim, aprovado pela categoria, que está frustrada com a omissão do governo federal em relação à situação de penúria do Metrô do Recife.
“Apesar das promessas, o governo federal ainda não fez nada pelo metrô nem pelos metroviários. A CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) segue no Plano Nacional de Desestatização (PND), com o orçamento de custeio cortado em 50%, como antes, e sem investimentos. Temos promessas de recursos via Novo PAC, mas não sabemos se chegará. E os metroviários seguem sem nenhuma garantia de estabilidade no caso de uma concessão pública do sistema”, pontuou.
EMPRESÁRIOS DE ÔNIBUS DIZEM QUE NEGOCIAÇÃO CONTINUA
Por nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) afirmou que as negociações continuam e que as propostas apresentadas são as únicas possíveis de serem cumpridas diante da crise do setor de transporte. Confira:
- Privatização Metrô do Recife: governadora Raquel Lyra volta a confirmar concessão do Metrô do Recife, mas com garantia para metroviários
- Metroviários culpam governo federal por sucateamento do Metrô do Recife e sinalizam greve
- Metrô do Recife terá R$ 136 milhões de recursos do Novo PAC, mas precisa de quase R$ 2 bilhões
- Metrô do Recife: quebras constantes poderiam ter fim com menos de R$ 2 bilhões, alerta CBTU Recife
“A Urbana-PE informa que vem tratando sobre a negociação coletiva da categoria dos rodoviários desde o início do mês de julho. Nos quatro encontros realizados até o momento as empresas buscaram entendimento junto ao Sindicato dos Rodoviários e apresentaram propostas concretas, condizentes com a realidade do setor e com as limitações de custeio do sistema de transporte público da Região Metropolitana do Recife. A Urbana-PE informa ainda que continua aberta ao diálogo e espera que seja possível chegar a um acordo com as lideranças rodoviárias”.