Rodovias: começam as obras de restauração da PE-060, no acesso ao Litoral Sul de Pernambuco
Previsão do governo do Estado é que a restauração da PE-060 seja concluída em 18 meses. População deve se preparar para os transtornos
As obras de restauração da PE-060, a terceira rodovia mais movimentada de Pernambuco e principal via de acesso ao Litoral Sul do Estado, começaram a ser executadas. A PE-060 receberá R$ 75 milhões em recursos estaduais, beneficiando, segundo o governo do Estado, mais de 400 mil pessoas que residem nos municípios cortados ou margeados pela rodovia.
A restauração atenderá os 85 quilômetros da PE-060, indo da bifurcação com a BR-101, no município de Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, e seguindo até a divisa com o estado de Alagoas, na altura do município de São José da Coroa Grande.
O início das obras foi informado pelo secretário de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco (Semobi), Diogo Bezerra, durante debate na Rádio Jornal sobre as estradas de Pernambuco, realizado nesta terça-feira (19/11). Também participaram da discussão o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE), Adriano Lucena, e Maurício Pina, engenheiro civil, professor da UFPE e da Unicap.
“Os trabalhos começaram e serão necessários 18 meses para a conclusão das obras. A população terá que enfrentar alguns ‘siga e pare’, mas a intervenção era necessária porque a rodovia não tem, sequer, acostamento”, afirmou Diogo Bezerra. A PE-060 fica atrás apenas das BRs 101 e 232 em volume de veículos.
A obra contempla os serviços de drenagem - que evitarão pontos de alagamento na rodovia -, pavimentação, sinalização horizontal, vertical e turística. Entre os municípios contemplados com a melhoria da PE-060 estão Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, no Grande Recife, Sirinhaém, Rio Formoso, Tamandaré, Barreiros e São José da Coroa Grande, localizados na Zona da Mata Sul do Estado.
PROJETO DA PE-060, ENTRETANTO, NÃO PREVÊ DUPLICAÇÃO
As obras de restauração da PE-060, entretanto, não preveem a duplicação da rodovia, ampliação da capacidade viária fundamental para promover a segurança viária da estrada. A ausência da duplicação, inclusive, foi criticada pelos participantes do debate.
“É imperioso que a duplicação da PE-060 aconteça e lamentável que não seja agora. Isso porque, atualmente, a ocupação indevida do leito da rodovia provocou a redução da velocidade de circulação e a insegurança viária. Nos trechos urbanos, como o de Ipojuca, por exemplo, se trafega a 40 km/h”, criticou Maurício Pina.
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Adriano Oliveira alertou que, se a PE-060 não receber um bom tratamento, Pernambuco corre o risco de perder turistas para o vizinho estado de Alagoas. “Hoje em dia, os turistas descem no Aeroporto Internacional do Recife e seguem para o litoral alagoano pela perigosa e degradada PE-060. Mas está sendo construído um aeroporto em Maragogi, que poderá atrair o turista diretamente para aquele estado. Por isso a urgência em cuidar da PE-060”, afirmou.
PE-060 FAZIA PARTE DE UM PROJETO DE CONCESSÃO RODOVIÁRIA
A decisão do governo de Pernambuco de investir R$ 75 milhões para requalificar a rodovia PE-060 engavetou, pelo menos por enquanto, o projeto de concessão de rodovias que tinha a estrada como carro-chefe. Além dela, estavam no pacote as PEs 090 e 050, no Agreste do Estado.
Sem a PE-060, seria praticamente impossível alcançar a viabilidade técnica e econômica da proposta. Essa leitura, inclusive, foi confirmada por engenheiros e técnicos envolvidos no projeto, elaborado pelo BNDES, sob coordenação da Secretaria de Planejamento de Pernambuco (Seplag).
POSSÍVEL CONCESSÃO DA BR-101 E INVIABILIDADE TÉCNICA
Segundo explicou o secretário Diogo Bezerra, duas razões pesaram para que a proposta de concessão não tivesse avançado até agora: uma possível concessão pública da BR-101 pelo governo federal e a inviabilidade técnica e financeira do projeto. “O fato de o Ministério dos Transportes estar estudando, via BNDES, uma possível concessão da BR-101 em Pernambuco e em Alagoas, inviabilizaria a concessão da PE-060. São duas rodovias que fazem conexão e, por isso, ficaria muito ruim para a população contar com as duas com pedágio. O entendimento é de que ou vai uma ou vai a outra”, explicou.
A proposta de concessão da BR-101 faz parte do chamado lote Nordeste, em estudo pelo mesmo BNDES que projetou a proposta de concessão pública da PE-60. O lote proposto teria 2.471 km e abrangeria a 101 desde Feira de Santana (BA) até Fortaleza (CE). Neste total, estariam incluídas as duplicações das BRs 101 e 235 em Sergipe.
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Além da relação direta com uma possível concessão da BR-101, Diogo Bezerra argumentou que a PE-060 encontra-se numa situação de extrema precariedade, necessitando urgentemente de melhorias. E que a ideia é deixá-la pronta para futuros projetos e investimentos.
“Nós vamos fazer a reabilitação funcional da PE-60 e deixá-la pronta para uso e para outros investimentos, até que se tenha uma decisão sobre os estudos de concessão feitos pelo BNDES. Mas a rodovia não poderia esperar. E, mesmo sem a duplicação, será um projeto de muita qualidade, principalmente na questão da segurança viária. Vamos refazer, além do pavimento, toda a sinalização e os acostamentos da rodovia, que em muitos trechos deixou de existir. A população vai ver a diferença”, afirmou.
ENTENDA A PROPOSTA DE CONCESSÃO DE RODOVIAS QUE ESTÁ PRONTA
A proposta de concessão rodoviária, elaborada pelo BNDES sob coordenação da Seplag, previa a cobrança de pedágio em três rodovias estaduais: PE-060, a mais famosa por ser o principal acesso ao Litoral Sul do Estado e que faz divisa com Alagoas; a PE-090, que liga Toritama, no Agreste, ao município de Carpina, na Zona da Mata Norte; e a PE-050, que conecta Limoeiro à BR-232, em Vitória de Santo Antão, também no Agreste pernambucano.
A licitação pública seria para as três rodovias que seriam concedidas juntas. Ou seja, a futura concessionária assumiria a operação e manutenção das três. O pacote de concessões seria um investimento privado de R$ 2,2 bilhões a ser aplicado no período de 30 anos.
O sistema rodoviário que seria concedido pelo governo de Pernambuco atravessa 21 municípios, que totalizam uma população de aproximadamente um milhão de pessoas. O maior trecho é o da PE-090, com 107,6 km. Já o trecho da PE-060 tem 86,5 km e o da PE-050 tem 40,5 km.
Do total de recursos previstos para o projeto, R$ 1,13 bilhão seriam investimentos nas rodovias e R$ 1,12 bilhão seriam serviços prestados aos condutores que usarem as PEs. No pacote de intervenções, a construção de 80,7km de implantação de multivias (duas pistas com duas faixas de tráfego por sentido com separador físico), e 8,1 km de terceiras faixas.
Também seriam construídas 14 pontes e 2 viadutos, alargadas mais 37, e instaladas 53,4 km de novas defensas metálicas. E ainda haverá a implantação de acostamento em mais de 50% do trecho (118 km), 38 dispositivos em interseção (5 retornos em “X”, 11 rotatórias, 20 rotatórias alongadas e 2 trombetas), 18 km de passeios em perímetros urbanos e 86 pontos de ônibus.
PROJETO PREVIA DUPLICAÇÃO PARCIAL
As rodovias não seriam totalmente duplicadas - é fundamental informar esse detalhe, já que sempre que se fala em estradas pedagiadas, a população associa imediatamente à duplicação.
Pela proposta, a PE-060, por exemplo, teria praticamente metade da extensão em pista dupla - dos 86,5 km, 44,70 km seriam duplicados. Além disso, teria o acostamento implantado em 25 km e a terceira faixa em outros 3,6 km. Já a PE-090, a segunda mais importante do pacote de concessões, teria 36,10 km em pista dupla dos 107,6 km que compõem sua extensão.
Também teria acostamento implantado em 53 km e a terceira faixa em outros 4,4 km. A PE-050, por outro lado, não será duplicada nos 40,5 km de extensão. Mas ganharia acostamento em 39 km.