A segunda-feira (20) foi marcada em Brasília por uma declaração do presidente da República Jair Bolsonaro que me fez lembrar a França e o movimento absolutista, entre os séculos 16 e 19. O poder concentrado nas mãos do rei, sob seu comando estavam os exércitos, a palavra final sobre sentenças da Justiça, a criação de impostos e a administração do Estado.
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Uma dos mais duradouros e extravagantes reinados do absolutismo foi comandado por Luís 14 (1638 -1715). Conhecido como “O Grande” e também “Rei Sol”, Luís 14 equipou o exército francês, tornado o mais poderoso da Europa. E agora você me perguntar: “… e por que estamos falando de Luís 14”? Ora, porque nessa segunda, o presidente brasileiro me fez lembrar sua alteza quando costumava dizer: “Je suis la Loi, Je suis l'Etat; l'Etat c'est moi" (Eu sou a Lei, eu sou o Estado; o Estado sou eu!). Pois num rompante absolutista, o presidente do Brasil disse na porta do Palácio da Alvorada: “Eu sou a Constituição”.
» Veja o momento em que Bolsonaro diz "Eu sou a Constituição"
No dia anterior, Bolsonaro tinha estado numa manifestação na porta do Quartel General do Exército, convocada por apoiadores do presidente que pregavam o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, censura, cassação de mandato entre outras barbaridades. No dia seguinte sai-se com essa: “Eu sou a Constituição”. Não é. O presidente jurou respeitar a Carta Magna, mas felizmente o Brasil ainda é uma república e o presidente tem obrigações sobre a lei.
Pode imaginar se Jair Bolsonaro tivesse o poder de manipular a Constituição como manobra seus seguidores? Possivelmente boa parte das garantias ele já tinha deixado para trás. Porque assim ele tem agido quando faz aliança com o vírus e não com o remédio para liquidar a Covid-19
Pense nisso!
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