Imagine o presidente da República Jair Bolsonaro se abofelando com o líder da oposição

Pequeno, em Carnaíba (PE), no sertão do Pajeú, eu costumava juntar dinheiro para nos fins de semana ir ao cinema. Quase sempre era um faroeste carregado de poeira e trotes de elegantes cavalos - Uma Bala para Ringo, Os Brutos Também Amam, O Dólar Furado.

Mas o que me animava, mesmo, era pegar a cadeira em casa [sim porque tinha que levar cadeira ao cinema], comprar o ingresso e assistir à Santo, o Mascarado de Prata, personagem do mexicano Rodolfo Guzmán Huerta (1917 — 1984).

O Cine São Miguel literalmente ia abaixo. A plateia já tinha escolhido o lado, por quem torcer. Os adversário de Santo não tinham vez. Era como se fosse jogo de torcida única. Milton Pereira adora ver a casa lotada.

Eu me lembrei de Santo, El Enmascarado de la Plata, quando escutei o áudio da conversa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO). “Mas se você não participa [da CPI da Pandemia], daí a canalhada lá do [senador] Randolfe Rodrigues [Rede-AP] vai participar. E vai começar a encher o saco. Daí, vou ter que sair na porrada com um bosta desse”, esbravejou o presidente

Imagine o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) se abofelando com o líder da oposição. Assim, ali mesmo no plenário do Senado. Aqueles carpetes azuis. Metade dos senadores de um lado, a outra metade do outro. Toca a campainha e os dois trocando sopapos. Randolfe me disse que não é no tapa que se resolvem as pendências de enfrentamento da pandemia. Bolsonaro é do tipo que não leva desaforo para casa. Façam suas apostas.

Eu prefiro estar na tribuna reservada aos jornalistas fazendo a cobertura da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). Vai ser animada.

Pense nisso!