Depois da peste negra, estamos diante de outra praga: a do negacionismo
A praga que ignora a ciência e que quer impor uma fé cega diante de um quadro que coloca o país entre as primeiras nações do mundo na quantidade de infectados e batendo, dia após dia, o recorde da morte. Leia a opinião de Romoaldo de Souza
A peste e a praga!
A peste dominava Roma, quando o papa Alexandre 7º (1599 — 1667) determinou um dos primeiros lockdown que a história registra. O historiado italiano Luca Topi, professor da Universidade La Sapienza conta que a peste negra matou mais 8% da população romana e que se não fosse o que hoje chamamos de isolamento social a catástrofe poderia ter sido tão ou mais letal como foi no sul da Itália, onde 60% dos habitantes foram vítimas fatais.
"Conforme o tempo foi passando, o papa foi adotando novas proibições. Congregações da Igreja Católica foram suspensas, todas as visitas diplomáticas também, encontros religiosos e reuniões públicas (…) Estradas foram vigiadas. As aglomerações civis acabaram suspensas." O papa foi tão rigoroso no enfrentamento da peste que determinou que os fieis não precisavam se confessar para evitar qualquer tipo de contato com padres e outros integrantes da igreja. “A fé e a ciência não podem e não devem trilhar caminhos separados”, advertiu o sumo pontífice em uma das cartas pastorais, em que recomendava ao fieis a ficarem em casa e a acreditarem nos ensinamentos dos médicos.
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400 anos depois e estamos diante da praga. A praga do negacionismo. A praga que ignora a ciência e que quer impor uma fé cega diante de um quadro que coloca o país entre as primeiras nações do mundo na quantidade de infectados e batendo, dia após dia, o recorde da morte.
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Quando o que sobrar do Brasil for ser pesquisado, passada a peste da covid-19 e a praga dos que negam a pandemia, e os historiadores vão se surpreender que a nação que o mundo conheceu como de um povo cordial, pouco ou quase nada fez para que sua população fosse salva, como fez o papa Alexandre 7º, que ajudou a salvar vidas na Roma do século 17.
Pense nisso!