Opinião

O Estado é laico, mas Bolsonaro nomeia um pastor para catequizar o Judiciário

André Mendonça é preparado do ponto de vista do conteúdo, aliás, muito mais do que outros ministros que estão no STF, mas contra ele pesam argumentos que terão de ser analisados quando os senadores forem sabatiná-lo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), do Senado Federal.

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Romoaldo de Souza

Publicado em 13/07/2021 às 13:23
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O jurista terrivelmente evangélico, como disse outro dia o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), é o paulista André Mendonça, indicado para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF). “Ele [Mendonça] é, sim, um extremamente evangélico, ele é pastor evangélico, e eu já falei com ele que só faço um pedido: que, uma vez por semana, ele comece a sessão [no Supremo] com uma oração. Isso já está fechado”, afirmou Bolsonaro.

André Mendonça é preparado do ponto de vista do conteúdo, aliás, muito mais do que outros ministros que estão no STF, mas contra ele pesam argumentos que terão de ser analisados quando os senadores forem sabatiná-lo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), do Senado Federal.

André Mendonça não é juiz de carreira e quando foi ministro da Justiça e Segurança Pública (2020-2021), patrocinou episódios de perseguição a opositores do presidente República. Mendonça chegou a ordenar a retirada de um cartaz numa rua de Palmas (TO) com a afirmação de que Bolsonaro era pior do que um “pequi roído”. O STF barrou a sanha autoritária do então ministro da Justiça.

Outra vez, ele determinou a abertura de inquéritos pela Polícia Federal para investigar críticos do presidente nas redes sociais. André Mendonça foi apontado como sendo responsável por aprontar um dossiês com nome de pessoas contrárias ao Palácio do Planalto, incluindo jornalistas.

Pastor da Igreja Presbiteriana, André Mendonça já tem uma importante missão dada por Bolsonaro: “Seria bom que uma vez por semana ele começasse uma sessão do STF com uma oração. Os ministros não vão se opor a isso”, disse o presidente da República.

Ou seja, o Estado é laico, mas o presidente nomeia um pastor para catequizar o Judiciário.

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