Meta dos governos populistas, seja de esquerda ou de direita, é dar com uma mão e tirar com a outra
A estratégia de qualquer governo, e na gestão Bolsonaro não é diferente, é e será sempre o fortalecimento de uma política de hegemonia que congrega a perigosa prática de assistencialismo
Na prova oral de sociologia da comunicação, o professor abre o diálogo com os estudantes, à luz das ultimas décadas da política brasileira, enumerando cada momento em que o país se viu diante de líderes populistas, de esquerda e de direita.
- CPI do MEC: em ano de eleição, fica difícil encontrar senadores dispostos a colocar a cara no fogo
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Em meio aos questionamentos do teste, a aluna argumenta que o teórico argentino Ernesto Laclau defende que “a supremacia do populismo na América Latina tem sido positiva para o continente, pois, ao assegurar a participação da população nas decisões políticas, fortalece a democracia e impede que esta seja reduzida a um sistema administrativo tecnocrático influenciado por interesses econômicos”.
Outro estudante ressalta que no caso específico do Brasil, de Getúlio Vargas [1882 — 1954] a Juscelino Kubitschek [1902 —1976], de Lula (PT) a Jair Bolsonaro (PL), o populismo tem sido uma espécie de estratégia para mobilizar parcela da sociedade formada por quem se sente excluído contra os que detém o poder.
Outro levanta o braço e pergunta por que a Proposta de Emenda Constitucional que despeja uma enxurrada de recursos do contribuinte em programas de distribuição de renda é chamada de PEC da Bondade e PEC populista?
A estratégia de qualquer governo, e na gestão Bolsonaro não é diferente, é e será sempre o fortalecimento de uma política de hegemonia que congrega a perigosa prática de assistencialismo - disfarçada em programa de distribuição de renda - com a necessária conversão em votos visando a reeleição ou a perpetuação no poder de determinada corrente político ideológica.
Todos esses argumentos nos levam a crer que o populismo pode não ser essa besta-fera que andam pintando por aí, uma vez que no atual e nos próximos governos, o populismo - de esquerda ou de direita - vai sempre carregar consigo o impulso de conceder a benevolência da ajuda social para que o abismo que separa os que são detentores do poder daqueles que socialmente estão excluídos, à margem da política, seja cada vez mais profundo.
Essa é a meta dos governos populistas. Dar com uma mão, tirar com a outra.
Pense nisso!